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Trump condena o supremacismo branco, mas evita propor reforma do controle de armas

"A doença mental e o ódio puxam o gatilho, não as armas", diz o presidente dos EUA após os tiroteios em El Paso, no Texas, e em Dayton, em Ohio

Trump em pronunciamento por conta dos tiroteios.
Pablo Guimón

Depois de um fim de semana em que dois ataques com armas de fogo causaram um total de 31 mortes, em El Paso (Texas) e Dayton (Ohio), o presidente Donald Trump pediu na manhã desta segunda-feira que os Estados Unidos condenem "o racismo, a intolerância e o supremacismo branco". O republicano não propôs uma reforma para controlar as armas durante a conferência de imprensa na Casa Branca: "A doença mental e o ódio puxam o gatilho, não as armas". Horas antes, em sua conta no Twitter, Trump incentivou que o Congresso aprove uma reforma que imponha processos de verificação e requisitos "fortes" para a compra de armas de fogo. No entanto, vinculou essas mudanças legislativas hipotéticas à reforma migratória, uma questão que é prioridade absoluta de sua gestão e que, até hoje, não conseguiu avançar por causa de suas divergências com os democratas, que controlam desde janeiro deste ano a Câmara dos Representantes.

O presidente vinha sendo duramente criticado por alimentar o clima de ódio por trás da matança racista de El Paso (20 mortos e 26 feridos). "Não podemos permitir que os assassinados em El Paso, Texas, e em Dayton, Ohio, morram em vão. Nem os gravemente feridos. Nunca poderemos esquecê-los, nem daqueles que vieram antes deles. Republicanos e democratas devem unir-se e conseguir fortes verificações de antecedentes [para a compra de armas], talvez unindo esta legislação com a reforma migratória, tão desesperadamente necessária. Precisamos conseguir que algo bom, se não grande, emerja destes dois eventos trágicos", escreveu Trump no Twitter.

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Depois, o presidente atacou a mídia, como é seu costume, e supostas "fake news". "A cobertura das notícias tem que começar a ser justa, equilibrada e imparcial, ou esses problemas terríveis só vão piorar!", disse o presidente. Ele não fez referências, porém, às motivações racistas do assassino de El Paso, que em um manifesto falou em "invasão hispânica", antes de cometer o massacre ao qual Trump se referiu durante o fim de semana como "um problema de saúde mental".

O presidente já prometeu em outras ocasiões endurecer os controles para a aquisição de armas, mas até o momento não agiu. A última vez foi no ano passado, após o massacre que deixou 17 mortos em uma escola em Parkland, na Flórida, mas depois disso ele ameaçou em várias ocasiões vetar projetos de democratas que tinham essa meta.

El Paso, onde Patrick Wood Crusius matou 20 pessoas, no maior crime de ódio contra os hispânicos na história moderna dos EUA, está há meses no centro do debate sobre imigração. Trump fez desta cidade de 680 mil habitantes, binacional e bilíngue, uma das mais seguras do país, na encarnação de uma fronteira em crise. Os democratas denunciaram as condições nos centros de detenção lotados na área.

El Paso registrou o maior aumento nas estatísticas de detenções de imigrantes até junho, em comparação com o mesmo período do ano passado. Particularmente marcantes foram as prisões de famílias, um total de 117.612 em comparação com 6.326 no mesmo período de 2017. A população da cidade é majoritariamente hispânica e a maioria dos residentes é cidadão dos EUA, de acordo com a Data USA. Os moradores de Ciudad Juárez costumam ir com frequência ao shopping center onde ocorreu o massacre no sábado.

O Estado do Texas, do qual El Paso faz parte, relaxou recentemente algumas restrições sobre a posse de armas. Este ano, de acordo com a Associação Estadual do Rifle, o governador Greg Abbott assinou 10 leis aprovadas por legisladores que reduzem os controle em escolas, empresas e locais de culto.

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