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Governo Jair Bolsonaro

Bolsonaro: “Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira, é um discurso populista”

Em resposta ao EL PAÍS, presidente critica transferência de renda e diz que "o que faz tirar o homem da miséria é o conhecimento". Segundo a FAO, menos de 5,2 milhões de brasileiros passaram um dia inteiro sem comer em 2018

O presidente Jair Bolsonaro durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta sexta-feira.
O presidente Jair Bolsonaro durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta sexta-feira.Marcos Corrêa (PR)
C. Jiménez
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Jair Bolsonaro recebeu pela primeira vez, nesta sexta-feira, 19, a imprensa estrangeira desde que assumiu o cargo como presidente do Brasil, em primeiro de janeiro. Não foi uma entrevista coletiva de imprensa tradicional, mas um café da manhã com representantes de 12 veículos convidados, incluindo o EL PAÍS. "A imprensa tem uma imagem distorcida de quem eu sou", disse Bolsonaro, abrindo a conversa, na qual cada jornalista pôde fazer uma única pergunta, sem direito a complementos. "Entendo perfeitamente o tamanho do envenenamento do Brasil lá fora", seguiu ele, ao lado de dois de seus ministros, o general da reserva Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Nacional, e Onyx Lorenzoni, da Casa Civil.

"Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não come bem. Aí eu concordo. Agora, passar fome, não", afirmou o presidente. Bolsonaro respondia a um questionamento do EL PAÍS sobre o aumento da pobreza e da desnutrição no país, tema que preocupa o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, conforme disse em entrevista a este jornal nesta semana. "Você não vê gente, mesmo pobre, pelas ruas com físico esquelético como a gente vê em alguns outros países pelo mundo", completou o mandatário.  Bolsonaro disse ainda que falar de fome é um "discurso populista".

A preocupação com o tema não é só de Rodrigo Maia. Especialistas na matéria apontam a resiliência da crise econômica e do desemprego como fatores que pressionam os índices de fome e miséria. No Brasil, menos de 2,5% da população ainda se encontra em grave situação alimentar, segundo o relatório sobre o Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, apresentado em 2019 pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Os dados, referentes ao biênio 2016-2018, não detalham cifras, mas dele se depreende que menos de 5,2 milhões de brasileiros passaram ao menos um dia inteiro sem comer ao longo do ano.

A FAO elabora anualmente os índices de pessoas que passam fome ou são subnutridas no mundo, com informações fornecidas pelos próprios países. Os dados sobre o Brasil têm se mantido relativamente estáveis desde 2009, em um patamar menor que 2,5% da população. Em 2014, a organização da ONU tirou o Brasil do Mapa da Fome —composto por países em que mais de 5% da população consome menos calorias do que o recomendado. Há o temor, entretanto, de que, com a persistência da crise, o país possa voltar a fazer parte deste grupo de países. Segundo o IBGE, entre 2016 e 2017 a pobreza no Brasil passou de 25,7% para 26,5%. O número de extremamente pobres, aqueles que vivem com menos de 140 reais mensais, saltou de 6,6%, em 2016, para 7,4%, em 2017.

Ao comentar o estado da fome e da miséria no país, Bolsonaro voltou a criticar programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. "Agora adotou-se no Brasil, do Governo de Fernando Henrique para cá, depois o PT, que distribuição de riquezas é criar bolsas. Somos o país das bolsas! E o que faz tirar o homem ou a mulher da miséria é o conhecimento", disse o presidente, sem citar o Bolsa Família, que distribui 28 bilhões de reais aos mais miseráveis e é apontado com um fator que ajudou a combater a insegurança alimentar no país. Apesar das críticas, seu Governo promete um complemento inédito no Bolsa Família neste ano, espécie de décimo terceiro para os beneficiários.

Foi a quarta vez que Bolsonaro se reuniu em café da manhã com jornalistas. O presidente já havia convidado jornalistas brasileiros para os três anteriores. Durante a conversa, que durou uma hora e vinte, ele garantiu que é totalmente favorável à liberdade de imprensa e de redes sociais "mesmo que publiquem mentiras", provocou Bolsonaro, sendo fiel ao seu estilo de lançamento de frases de efeitos que colidem com o mundo inteiro. O presidente falou ainda de meio ambiente ("estou convencido de que os dados de desmatamento são mentira") e sobre relações internacionais e comerciais  ("possíveis acordos comerciais com a China e Japão são bem-vindos").

Leia a reportagem completa nesta sexta-feira no EL PAÍS. Veja o vídeo do café da manhã com os jornalistas na íntegra.

Gepostet von Jair Messias Bolsonaro am Freitag, 19. Juli 2019

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