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Alejandro Toledo, ex-presidente do Peru, é preso nos Estados Unidos

Ex-mandatário tinha uma ordem de extradição depois da investigação do ‘caso Odebrecht’

Alejandro Toledo, durante a campanha eleitoral em 2011.
Alejandro Toledo, durante a campanha eleitoral em 2011.

O ex-presidente peruano Alejandro Toledo foi preso nesta terça-feira na Califórnia (EUA) às 8h30 da manhã (12h30 em Brasília). Sobre ele pesava uma ordem de extradição, segundo o Ministério Público do país sul-americano. Toledo, que fugiu da Justiça de seu país, havia se recusado a cumprir a prisão preventiva de 18 meses que os juízes peruanos lhe impuseram. O ex-presidente está sendo investigado por supostamente participar dos subornos da construtora brasileira Odebrecht. Toledo negou qualquer participação nessa trama.

O ex-presidente peruano prestou depoimento às autoridades norte-americanas, “como parte do processo destinado a conseguir seu retorno ao país”, disse a Procuradoria Geral peruana em uma mensagem no Twitter. Além disso, o Ministério Público informou que nesta sexta-feira às 10h30 (hora local) haverá uma audiência na Califórnia para determinar se o ex-chefe de Estado enfrenta o processo de extradição em liberdade ou preso.

Em fevereiro de 2017, um juiz peruano emitiu um mandado de prisão contra Toledo, diante dos indícios de ter recebido milhões de dólares em subornos da Odebrecht, e em maio do ano passado o Governo do Peru apresentou um pedido de repatriação aos Estados Unidos para que as autoridades o investiguem por conluio, tráfico de influência e lavagem de ativos.

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Os procuradores da equipe especial da Lava Jato assinaram, no final de março em Israel, um acordo de colaboração efetiva — ou de delação premiada — com o principal laranja de Toledo, o empresário peruano israelense Josef Maiman. O laranja e amigo de Toledo disse que — a pedido do ex-político — recebeu depósitos de mais de 21 milhões de dólares (cerca de 79 milhões de reais) das empresas Odebrecht e Camargo Correa em troca da concessão das obras de diversos trechos da Rodovia Interoceânica Sul.

Maiman deu um depoimento adicional aos procuradores no final de junho, no qual indicou que a quantia que recebeu em subornos de ambas as companhias para transferir ao político foi de 35 milhões de dólares. Embora o ex-mandatário conte com defesa nos Estados Unidos, seu advogado no Peru, Heriberto Benites, informou, depois da divulgação da prisão, que seu cliente havia prestado depoimento nesta terça-feira a um juiz. “Algumas medidas foram decretadas, isso não significa que a extradição tenha sido aprovada, isso é parte de um processo”, disse à emissora Radioprogramas.

Em junho, a Procuradoria Geral acusou o ex-político e sua esposa, Eliane Karp, de lavagem de dinheiro na modalidade agravada e pediu 16 anos e oito meses de prisão para cada um. Essa acusação da Procuradoria seria acrescentada do pedido de extradição solicitado em 2018. O Governo peruano contratou em fevereiro deste ano um escritório de advocacia norte-americano para conseguir a extradição de Toledo.

Todos os presidentes peruanos que governaram desde 2001 estão sendo investigados por crimes ligados ao caso Odebrecht. Em maio, a equipe especial da Lava Jato pediu 20 anos de prisão para Ollanta Humala e 26 anos para sua esposa, Nadine Heredia; em abril, quando um procurador e a polícia entraram na casa de Alan García, com uma ordem de prisão preliminar no âmbito da investigação por lavagem de dinheiro, conluio e tráfico de influência, o ex-presidente se suicidou. Por sua parte, o ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski está em prisão domiciliar.

Além disso, a duas vezes candidata presidencial peruana e líder da oposição Keiko Fujimori cumpre prisão preventiva desde outubro, investigada por lavagem de fundos de campanha que recebeu da Odebrecht, e na mesma prisão está a ex-prefeita de Lima Susana Villarán, investigada por associação ilícita para delinquir, suborno e lavagem de dinheiro.

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