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Torcida reverbera grito de Rapinoe e promove coro histórico por igualdade salarial na final da Copa

Milhares de pessoas entoaram 'Equal pay' antes de a seleção dos EUA receber o título de campeã

Megan Rapinoe celebra tetracampeonato dos EUA na Copa do Mundo de futebol feminino, neste domingo, em Lyon.
Megan Rapinoe celebra tetracampeonato dos EUA na Copa do Mundo de futebol feminino, neste domingo, em Lyon. Elsa (Getty Images)

Os Estados Unidos conquistaram a Copa do Mundo de Futebol Feminino em 2019 depois de baterem a Holanda na final de domingo, em Lyon, diante de cerca de 60.000 espectadores. A equipe norte-americana domina amplamente a categoria, já que venceu quatro dos oitos Mundiais realizados.

Como conta EL PAÍS em sua crônica do jogo "antes de Gianni Infantino, presidente da Federação Internacional de Futebol, entregar os prêmios, a multidão no estádio começou a cantar 'Equal Pay' [salários iguais]". Entre as gravações que circulam nas redes sociais, há algumas que acumulam vários milhões de reproduções:

A igualdade salarial é uma reivindicação clássica de muitas atletas, já que costumam receber menos do que os homens que praticam as mesmas modalidades. Esta Copa do Mundo é um bom exemplo, porque a FIFA planejou a distribuição de 30 milhões de dólares (115 milhões de reais) em prêmios enquanto o valor no Mundial masculino disputado no ano passado na Rússia chegou a 400 milhões (1,52 milhão de reais), segundo explica em um artigo The New York Times.

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Gianni Infantino afirmou durante o campeonato que a entidade iria reduzir essa brecha, apesar de algumas jogadoras, como Megan Rapinoe, capitã da equipe dos EUA, exigir mais rapidez do que a prometida pelo dirigente da FIFA. A própria Rapinoe, maior artilheira e melhor jogadora do torneio, segundo a organização, reiterou essa mensagem depois do jogo de domingo: "Temos de avançar para a próxima fase. Todo mundo está pronto para que ganhemos o mesmo."

Os Estados Unidos têm sido o epicentro dessa luta pela igualdade salarial na arena esportiva. Em 8 de março, durante as celebrações do Dia da Mulher, 28 jogadoras denunciaram a Federação de Futebol dos Estados Unidos por discriminação em um tribunal em Los Angeles. Na mesma linha, na semana passada, 50 membros do Congresso, enviaram uma carta à mesma Federação reivindicando que as mulheres recebem o mesmo salário base que os jogadores norte-americanos e os mesmos bônus por vitórias.

Este tipo de pressão social poderia explicar a grande superioridade esportiva da equipe dos EUA, de acordo com um artigo no The Guardian intitulado "A formidável equipe americana de futebol feminino não é um acaso. É resultado de políticas públicas".

Este artigo aborda a aprovação de uma lei em 1972 por pressão feminista, que, entre outras coisas, elimina a discriminação de gênero contra as mulheres quando se trata de esportes nas escolas. Segundo o artigo, em 1972, somente 700 garotas jogavam futebol no nível educacional superior. Em 1991, data da primeira Copa do Mundo de Futebol Feminino, esse número tinha aumentado para 121.722. E em 2018 chegou a 390.482.

A lei, que exigiu que o investimento no esporte feminino se equiparasse ao do esporte masculino, fez com que "o sistema de ensino dos EUA se tornasse a organização de maior sucesso no mundo para o desenvolvimento do esporte feminino" e demonstra como "os grupos marginalizados podem dispor de mais oportunidades por meio de intervenções políticas", explica o artigo.

Além de dobrar as dotações dos prêmios em dinheiro para as mulheres na próxima Copa do Mundo, a ser realizada em 2023 em um local que ainda não divulgado, Gianni Infantino também propôs ampliar o número de equipes participantes, de 24 para 32.

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