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‘Rocketman’, filme sobre Elton John estreia na Rússia sem cenas gays

Distribuidora de 'Rocketman' no país eurasiático censura quase oito minutos de momentos de amor entre homens e cenas com drogas

Taron Egerton interpreta a Elton John em 'Rocketman'. Em vídeo, traíler de 'Rocketman'.
María R. Sahuquillo

A vida de Elton John foi amputada de uma parte significativa na Rússia. Lá, Rocketman, o filme sobre a vida do cantor britânico Elton John, gay e ativista dos direitos LGTBI, teve retiradas as cenas de amor entre homens: de beijos a sexo. A distribuidora do biopic no país eurasiático colocou a tesoura no filme e também cortou os momentos em que aparecem drogas. No total, cerca de oito minutos, segundo vários críticos que já assistiram a Rocketman em Moscou, que estreou na última sexta-feira. A empresa alega “razões legais”. O cantor ficou indignado com os cortes e declarou que só ficou sabendo da censura “cruel” depois da estreia nos cinemas de Moscou.

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Na Rússia, a conhecida lei contra a propaganda homossexual proíbe a “promoção” de “relações não tradicionais” com menores de 18 anos e estabelece multas e sanções administrativas. Isso resulta na ocultação e na censura dos relacionamentos LGBTI + em produtos culturais destinados ao grande público. Mas, embora o filme tenha sido classificado para maiores de idade, a distribuidora Central Partnership decidiu aplicar a autocensura para satisfazer as exigências dos mais conservadores.

“Todas as cenas de beijos, amor ou sexo oral entre homens foram cortadas, Alguns dos cortes são flagrantes”, criticou no Facebook Anton Doline, um conhecido crítico de cinema depois da estreia. “O mais lamentável é que o letreiro final foi eliminado. Sinto muito, Elton”, acrescentou.

Apresentado no Festival de Cannes, Rocketman narra a carreira e a vida de Elton John e a luta contra os vícios do cantor e compositor abertamente gay. Antes dos créditos, na versão original há um letreiro que conta que Elton John mora com o marido e que juntos criam seus filhos. A versão russa eliminou essa referência e colocou no lugar a informação de que Elton John criou uma fundação para lutar contra o HIV e que continua trabalhando com seu parceiro musical.

Elton John, em um comunicado conjunto com os cineastas postado em seu Twitter na sexta-feira à noite, critica os cortes: “Rejeitamos nos termos mais enérgicos a decisão de censurar Rocketman para o mercado russo. O fato de o distribuidor local ter considerado necessário editar algumas cenas, negando ao público a oportunidade de assistir ao filme tal como foi concebido, é um triste reflexo do mundo dividido em que ainda vivemos e como o amor entre duas pessoas pode ser tão cruelmente não aceito”.

Em um comunicado, a ONG Anistia Internacional denuncia esse caso de “censura”. “Desumaniza as relações homossexuais”, critica a organização em defesa dos direitos civis, que exige que a versão original seja exibida.

A distribuidora Central Partnership confirmou à agência estatal TASS que havia modificado o filme, e que o fez para “respeitar as leis russas”. Depois da polêmica, o Ministério da Cultura da Rússia afirmou que não havia recomendado à distribuidora que eliminasse qualquer cena do filme. Disse que a decisão tinha sido exclusivamente da Central Partnership.

Desde a aprovação da lei de propaganda gay, há cinco anos, a Rússia baniu do espaço público qualquer conteúdo cultural suspeito de “criar uma imagem distorcida da equivalência” das relações homossexuais –como diz a lei.

Rocketman não é o primeiro filme censurado. Também houve casos em que filmes para menores foram classificados para maiores de idade porque apareciam algumas referências LGTBI. É o caso de A Bela e a Fera, o grande remake da animação da Disney de 1991, estrelado por Emma Watson e que estreou em 2018. Na Rússia foi classificado para maiores de 18 anos porque mostra um personagem gay. No filme Vingadores: Ultimato, escondeu-se –por meio da dublagem– a orientação do primeiro personagem abertamente gay no universo Marvel. E o mesmo aconteceu com livros, peças de teatro e até campanhas publicitárias.

Os cortes no biopic de Elton John acontecem no momento em que estão sendo censurados –ou diretamente não aprovando– outros filmes porque não são suficientemente patriotas ou porque não dão uma imagem positiva da Rússia.

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