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Banco Mundial pede pressa ao Brasil para aprovar a reforma da Previdência de Bolsonaro

Carlos Vegh, economista responsável pela América Latina e Caribe, apoia as diretrizes econômicas do novo Governo brasileiro

Índios guarani dia 11 de abril de 2019, em una reserva indígena em São Paulo.
Índios guarani dia 11 de abril de 2019, em una reserva indígena em São Paulo.EFE
Antonia Laborde

O ritmo de crescimento “medíocre” da América Latina e Caribe em 2018, como o chamou o Banco Mundial em seu último relatório, foi fortemente influenciado pela contração de 2,5% na Argentina, o crescimento anêmico do México e a lenta recuperação do Brasil após a recessão de 2015 e 2016. Esses três países – que representam quase três quartos da região – desinflaram as previsões do órgão multilateral, que havia estimado um crescimento de 1,8% para o ano passado que acabou sendo de 0,7%.

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Carlos Vegh, economista da entidade responsável pela América Latina e o Caribe, se mostra otimista em relação às medidas econômicas que o Governo de Jair Bolsonaro pretende implementar e defende que realizar a reforma da Previdência enviada ao Congresso “é fundamental” para que o gigante regional se recupere da severa crise econômica em que esteve submerso nos últimos anos.

Vegh assinala dois fatores que prejudicaram o crescimento do Brasil: o déficit fiscal e as aposentadorias. “Em particular, é muito difícil crescer com um déficit fiscal de 7% do PIB”, diz o economista uruguaio, de 60 anos, ao mesmo tempo em que destaca que no ano passado existiram outros fatores internos – como a Lava Jato – e externos – como o aumento dos preços internacionais e o aumento dos juros da Reserva Federal (FED, o Banco Central dos EUA) –. A maior potência latino-americana estancou seu crescimento em 1,1% em 2018, ainda que o Banco Mundial projete que irá dobrá-lo nesse ano.

O banco está esperando o plano de ação de Bolsonaro: “Do ponto de vista exclusivamente econômico, acho que o Brasil está se recuperando sem pausa, mas sem pressa. O ministro da Economia, Paulo Guedes, está pensando as coisas de uma maneira positiva ao país”. O gigante brasileiro é responsável por 40% do PIB regional, de acordo com dados do próprio Banco Mundial com sede em Washington.

O Brasil gasta aproximadamente 12% de seu PIB na Previdência, “quando os países comparáveis desembolsam por volta de 8%”, diz Vegh. O Governo de Bolsonaro enviou ao Congresso um projeto de lei para reformar a Previdência que, segundo estimativas de Guedes, gerará economia próxima a 1 trilhão de reais em 10 anos. Analistas e investidores, entretanto, dizem que as economias finais geradas provavelmente ficarão abaixo disso, com uma estimativa de consenso próxima de 585 a 700 bilhões de reais, segundo a agência Reuters.

“A pergunta é se os políticos irão aprovar a lei como está ou irão ocorrer deliberações, mas desde que possam realizar a reforma, isso será fundamental”, diz Vegh. O Governo anterior fracassou em sua tentativa. Os políticos sabem que estão “encurralados e precisam cortar o gasto em aposentadorias e mudar o sistema a um privado”, disse Guedes na semana passada.

Algo que tranquiliza o economista do Banco Mundial é o manejo da política monetária, onde o país governado por Bolsonaro “está fazendo as coisas muito bem”. “Historicamente, o Brasil tendeu a ter juros altos, mas agora o Banco Central as reduziu muito [ 6,5% desde março do ano passado], um fator de estímulo à economia; a inflação está completamente sob controle. O novo presidente do Banco Central continuará com a política de seu antecessor Ilan Goldfajn, que foi muito acertada”, diz o economista do órgão multilateral.

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