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Secretária de Segurança Doméstica de Trump renuncia em meio a escalada da crise migratória

Kirstjen Nielsen se tornou o rosto visível da ofensiva contra os imigrantes, após liderar algumas das políticas mais polêmicas do Governo

Antonia Laborde
Kirstjen Nielsen como secretária de Segurança Doméstica ao lado do presidente Donald Trump
Kirstjen Nielsen como secretária de Segurança Doméstica ao lado do presidente Donald TrumpREUTERS

O Governo de Donald Trump sofre uma nova baixa. Em plena escalada da crise causada pela chegada de mais famílias indocumentadas à fronteira, e com a declaração de emergência nacional como pano de fundo, a secretária de Segurança Doméstica dos EUA, Kirstjen Nielsen, apresentou seu pedido de demissão neste domingo, 7. Desde que assumiu o cargo, em dezembro de 2017, ela era a encarregada de defender as políticas anti-imigratórias do Executivo, entre elas a separação de famílias migrantes. O mandatário informou pelo Twitter que Kevin McAleenan, comissário da Guarda Fronteiriça, assumirá o cargo interinamente. “Estou confiante de que Kevin fará um grande trabalho!”, exclamou o republicano através da rede social.

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Em sua carta de renúncia, publicada minutos depois de Trump anunciar sua saída, Nielsen disse esperar que “o próximo secretário conte com o apoio do Congresso e dos tribunais para fixar as leis que tolheram nossa capacidade de assegurar totalmente as fronteiras dos EUA”. Nielsen foi responsável por liderar algumas das políticas mais polêmicas desta Administração, como aumentar as forças de segurança na fronteira – incluindo um episódio em que agentes atiraram gases lacrimogêneos nos migrantes –, a separação das famílias sem documentos e os esforços para construir um muro na fronteira com o México. Entretanto, à medida que passava o tempo, o muro que se levantava era entre ela e Trump. Em numerosas ocasiões o presidente a criticou por não ser suficientemente agressiva em seus esforços para deter a onda migratória, exigindo-lhe que tomasse medidas que seu departamento nem sequer podia executar.

Nielsen se incorporou ao Governo Trump desde o princípio, em janeiro de 2017. Primeiro como braço-direito do então secretário de Segurança Doméstica, John Kelly. Quando o general foi nomeado chefe de gabinete da Casa Branca, em julho do mesmo ano, Nielsen deixou o cargo que ocupava, mas meses depois foi levada de volta, desta vez como secretária – a personalidade mais jovem a ocupar a posição nos quase 18 anos de existência do departamento.

Apesar dos atritos internos, essa especialista em segurança cibernética se tornou o rosto visível das políticas de pulso firme impostas pelo Governo norte-americano. No mês passado, defendeu a declaração de emergência nacional feita por Trump para garantir verbas a um de seus projetos-estrela, o muro na fronteira com o México. Nielsen já tinha trabalhado para o Departamento de Segurança Doméstica durante o Governo de George W. Bush e como assessora especial do ex-presidente republicano em assuntos de segurança.

O anúncio chega num momento delicado em matéria de segurança nas fronteiras do país norte-americano. O Departamento de Alfândegas e Proteção de Fronteiras (CBP, na sigla em inglês) anunciou que o sistema está “paralisado” depois de um forte crescimento na chegada de novas famílias sem documentos adequados à fronteira entre o México e os Estados Unidos. Em março, as patrulhas fronteiriças detiveram “pelo menos” 100.000 imigrantes na fronteira. A maioria deles era de famílias provenientes da Guatemala, Honduras e El Salvador em busca de asilo.

O Departamento de Segurança Doméstica é um dos principais bastiões da atual Administração, por ser o encarregado de vigiar as fronteiras dos EUA e detectar ameaças terroristas. Entre seus trabalhos figuram a gestão da política de deportações de imigrantes indocumentados, o veto a visitantes de determinados países e a proteção contra ingerências externas. Foi, aliás, o departamento encarregado de comunicar as tentativas russas de hackear seções eleitorais na eleição de 2016.

A repentina decisão de Nielsen ocorre poucos dias depois de o presidente recuar na nomeação de Ronald Vitello como chefe da polícia de imigração dos EUA (ICE, na sigla em inglês). “Vamos numa direção um pouco diferente. Ron é um bom sujeito. Mas vamos numa direção diferente. Queremos ir numa direção mais forte”, observou o presidente Trump sobre Vitello, que atualmente ocupa o cargo apenas interinamente. Nielsen, mais uma vez, não concordou com a decisão do presidente.

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