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EUA fecham parte da fronteira com México após uma centena de migrantes tentar pular cerca

Polícia jogou gás lacrimogêneo em grupo de centro-americanos que conseguiu alcançar o muro

Parte da caravana de milhares de migrantes da América Central chega à fronteira dos EUA
Parte da caravana de milhares de migrantes da América Central chega à fronteira dos EUA KIM KYUNG-HOON (REUTERS)
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Uma centena de centro-americanos da caravana migrante tentou neste domingo, 25, em Tijuana, pular a cerca que separa o México dos Estados Unidos. Depois de uma marcha organizada pelos migrantes que permanecem instalados em abrigos há duas semanas na cidade fronteiriça, um grupo importante deles – incluindo mulheres e crianças – se separou da multidão e em meio a empurrões conseguiu se esquivar da polícia local e se aproximou do muro. Do outro lado, a patrulha de fronteira norte-americana fez o grupo recuar com gás lacrimogêneo e balas de borracha, segundo o depoimento de uma testemunha a este jornal. E os Estados Unidos ordenaram o fechamento do ponto de passagem mais movimentado da fronteira, San Ysidro.

Na manhã deste domingo, centenas de migrantes participaram da manifestação, que começou por volta das 9h30 (15h30 em Brasília) no albergue Benito Juárez, no qual vivem cerca de 5.000 centro-americanos de diferentes caravanas que foram chegando nas últimas semanas. Na marcha, os migrantes improvisaram cartazes com cobertores em que desenharam bandeiras do México, Honduras e Estados Unidos, outros escreveram slogans como “Somos todos irmãos”, “Obrigado, México, por acolher nossos filhos”, “Trump, não somos seus inimigos”.

Em um momento do protesto, um grupo deles rompeu as fileiras na ponte para pedestres de El Chaparral, localizada a pelo menos três quilômetros de distância dos Estados Unidos, e correu para o canal do rio Tijuana, um ponto muito próximo da guarita de San Ysidro, a mais movimentada na fronteira, pegando os agentes federais de surpresa. “O que fazemos é distrair... Em outro ponto tem outro grupo tentando atravessar”, disse um dos migrantes que tentaram atravessar o muro ao jornal mexicano Milenio.

Alguns helicópteros norte-americanos acompanharam desde cedo os movimentos do abrigo, localizado muito perto de uma cerca que separa Tijuana de San Diego, na Califórnia. E atrás do muro se observou uma ampla mobilização da patrulha de fronteira disposta a impedir que o grupo conseguisse atravessar. O presidente dos Estados Unidos havia avisado que usariam força “letal” contra aqueles que tentassem atravessar ilegalmente e pela força. A estreita vigilância é parte do dispositivo de segurança ordenado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que acusa os centro-americanos de tentar “invadir” os EUA depois de atravessar o México em uma gigantesca caravana.

O secretário de Governança do México, órgão equivalente ao Ministério do Interior, Alfonso Navarrete, declarou que “alguns grupos tentaram de maneira violenta e intempestiva entrar por vários meios e lugares no território norte-americano”. E acrescentou que “vai agir e iniciar a deportação”. “Essas pessoas, longe de ajudar a caravana, a afetam”, concluiu.

A paciência dos centro-americanos, na maioria hondurenhos, chega ao limite com esse fato incomum, ao perceberem que poderiam passar meses até que pudessem atravessar a fronteira para pedir refúgio. A maioria dos migrantes, depois da repressão policial norte-americana, recuou e começou a deixar a área. “As pessoas estavam descontroladas, havia muitas mulheres e crianças”, conta José Hernández, um migrante hondurenho que participou da manifestação.

Cerca de 5.000 migrantes chegaram a Tijuana nas últimas duas semanas e estima-se que possam atingir a 9.000 nos próximos dias, de acordo com a maioria das estimativas. A chegada maciça de centro-americanos dividiu opiniões na cidade fronteiriça. Na semana passada, cerca de 300 pessoas marcharam pelas ruas de Tijuana rejeitando a acolhida aos centro-americanos, com slogans xenófobos, apoiados, em parte por seu prefeito, Juan Manuel Gastélum, que havia qualificado os migrantes “bando de vagabundos e maconheiros”, embora depois tenha nuançado suas declarações.

“Não permitirei que nossa relação bilateral seja quebrada pelas atitudes erradas da caravana migrante, estão fazendo as coisas fora da lei”, disse Gastélum em resposta às imagens do que aconteceu na fronteira. “Seria inteligente se o México detivesse as caravanas antes que chegassem à fronteira ou se os países de onde saem não permitissem sua formação”, afirmou Trump em sua conta no Twitter no domingo.

A Administração de Andrés Manuel López Obrador, que assume o poder no México em 1º de dezembro, negocia um plano migratório com seus colegas norte-americanos para administrar a crise migratória e incentivar investimentos no sul do México e aumentar as ajudas para a América Central.

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