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Guaidó volta à Venezuela e desafia Maduro: “Continuamos, não há medo”

O presidente da Assembleia Nacional desembarca no aeroporto internacional de Caracas, onde foi recebido por embaixadores, após a proibição expressa de deixar o país

Juan Guaidó em sua chegada a Caracas.
Juan Guaidó em sua chegada a Caracas.CARLOS JASSO (REUTERS)

Juan Guaidó, reconhecido por 50 países como presidente interino da Venezuela, aterrissou nesta segunda-feira em Caracas, em meio a um dia de protestos convocados pela oposição em diversas cidades para acompanhar o regresso dele ao país. O líder da Assembleia Nacional da Venezuela, que desafiou Nicolás Maduro ao se autodeclarar presidente, regressa após uma viagem pela América do Sul, em que foi recebido na Colômbia, Brasil, Paraguai, Argentina e Equador. Com isso, ele descumpriu uma ordem judicial que o proibia de sair do território venezuelano e, assim, poderia ser preso ao voltar. A viagem havia começado em 22 de fevereiro na cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a Venezuela, de onde o líder opositor tentou, sem sucesso, fazer com que entrassem caminhões com ajuda humanitária em território venezuelano.

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Nesta segunda-feira, embaixadores europeus de vários países, entre eles Espanha e França, estiveram no principal aeroporto da Venezuela para apoiar Guaidó. O líder oposicionista chegou a Caracas por volta de 13h20 e escreveu em seu Twitter: "Já em nossa terra amada." Estava acompanhado de sua esposa, Fabiana Rosales, e de vários membros de sua equipe e da comunidade diplomática da Venezuela.

A volta de Guaidó colocou a Venezuela em grande expectativa. Maduro e os principais dirigentes chavistas afirmavam que o líder oposicionista deveria ser levado à Justiça, apesar de ninguém ter pedido abertamente sua prisão e de fontes do alto comando chavista terem dito que a intenção era “evitar cair em provocações”. Horas antes de iniciar seu retorno a Caracas, Guaidó já havia avisado sobre as consequências de sua detenção no aeroporto quando desembarcasse: seria, segundo ele, "o último erro que cometeriam". Mike Pence, o vice-presidente dos EUA, país que enviou grande parte da ajuda humanitária, também afirmou que o "retorno seguro" de Guaidó  à Venezuela era da "mais alta importância" para a administração de Donald Trump. "Qualquer ameaça, violência ou intimidação contra ele não será tolerada e terá uma resposta imediata", afirmou.

Os seguidores do opositor respiram aliviados em Caracas, sem qualquer contratempo após a chegada de Guaidó. Mas os protestos convocados para esta segunda seguem, afirmam eles. Ao comparecer diante de seus apoiadores, cerca de uma hora após o desembarque, o líder opositor se dirigiu ao Exército, cuja cúpula se mantêm fiel ao presidente venezuelano. "Maduro não pode deter este povo bravo que se mantêm nas ruas, apesar de todas as ameaças e dos grupos armados (...) Não vai ser por meio de ameaças que vão nos deter.", disse. "A cadeia de mando está rompida." Ele anunciou ainda, sem oferecer muitos detalhes, que convocava para esta terça os sindicatos e empregados públicos para fazer "um importante anúncio". "Não podemos permitir que a burocracia esteja sequestrada. É preciso deixar sem funcionamento este regime que os oprime", declarou. Os próximos passos de Guaidó passam por manter as ruas mobilizadas. Ele também afirmou que no próximo sábado estão programados novos protestos e disse que não renunciará a entrada da ajuda humanitária no país.

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