Alemanha sofre o maior ataque de ‘hackers’ da sua história
Dados pessoais de mais de 400 políticos foram vazados. Só o partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha se salvou da invasão, que afeta também a chanceler Angela Merkel
A Alemanha enfrenta o pior ataque já cometido por hackers contra o país. Um hacker ainda não identificado, que se autoproclama “investigador de segurança e sátiro”, divulgou pelo Twitter na noite de quinta para sexta-feira documentos e dados pessoais de centenas de políticos alemães, segundo informações da emissora regional RBB Inforadio, depois confirmadas por diversos meios de comunicação alemães. O único partido com bancada parlamentar a se salvar do vazamento foi o ultradireitista Alternativa pela Alemanha (AfD). As vítimas são mais de 400 políticos com atuação estadual e federal, de todos os outros partidos relevantes da Alemanha, incluindo a chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel e o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier. O jornal Bild estima em 1.000 o número de políticos afetados e em milhões os dados privados vazados.
#BREAKING
— Julian Röpcke (@JulianRoepcke) January 4, 2019
Germany faces the biggest hacker attack in its history.
Private data of almost 1000 German #Bundestag, #Regional Parliament & #EU delegates was leaked.
I worked through the leaked data all night. It's shocking!
Not affected so far: #AfD.https://t.co/26uaIyeeCS#BTleaks
Sobre Merkel já foram revelados seu número de fax, seu endereço de e-mail e várias cartas, cujo conteúdo, no entanto, ainda se desconhece. Do mesmo modo se viram afetados, segundo um balanço provisório, 294 integrantes do Partido Social-Democrata (SDP), 105 dos Verdes, 82 do A Esquerda e 28 do Partido Liberal Democrata (FDP). Também foram publicados dados de líderes das bancadas da União Democrata Cristã (CDU), liderada por Merkel. Sobre o AfD, não se sabe se as suas informações foram deliberadamente poupadas, ou se os hackers pretendem vazá-las em breve.
Além de deputados federais e estaduais, a divulgação maciça afetou mais de 30 jornalistas das emissoras públicas ARD e ZDF, artistas e representantes de ONGs, segundo o Bild, que descreve o caso como “o maior vazamento de dados da história do país”.
Os casos mais notáveis fora da política são os do jornalista esportivo Hajo Seppelt, que revelou o escândalo de doping sistemático na Rússia, e o do humorista Jan Boehmermann, que no passado causou tensões diplomáticas por uma sátira contra o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.
Entre os documentos publicados, muitos dos quais só podem ser obtidos mediante pagamento prévio, há números de celular, endereços postais, documentos internos dos partidos, transcrições de comunicações pela Internet, cartas, faturas, informação de cartões de crédito, documentos bancários pessoais e informações delicadas sobre o entorno familiar.
O responsável pela publicação é o dono de uma conta do Twitter que se descreve como um “investigador de segurança, artista e sátiro”. A polícia não confirmou se se trata da mesma pessoa que teve acesso à informação dos políticos.
Segundo a RBB, os dados começaram a sair nas redes sociais antes do Natal, mas só chamaram a atenção das forças de segurança alemãs na noite desta quinta. Desde então, as autoridades tentam controlar a divulgação dos dados e verificar a autenticidade das informações reveladas, segundo com as fontes do Bild.
O jornal relata que a rede interna de segurança do Governo alemão não foi afetada, nem as das agências de segurança. Os partidos foram informados do ataque, segundo a imprensa. O Escritório Constitucional Federal assumiu o caso e, de acordo com o Bild, está trocando informações com serviços secretos estrangeiros para tentar determinar a procedência dos ataques.
A ministra alemã da Justiça, Katarina Barley, condenou o vazamento, que qualificou como “grave”. “O autor deste ataque quer abalar a confiança em nossa democracia e em nossas instituições”, afirmou à agência de notícias DPA. “Estes criminosos e quem os respalda não devem sob nenhuma hipótese ditar os termos de qualquer debate em nosso país”, acrescentou.
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