Identificada uma sofisticada técnica para roubar iPhones
Uma modalidade de ‘phishing’ permite driblar sistemas de segurança

O roubo de celulares se tornou uma verdadeira praga e ganha especial relevância justamente durante as férias, quando relaxamos e é mais fácil descuidarmos do aparelho, deixando-o sobre uma mesa ou no bolso da calça enquanto estamos no metrô. E se existe um celular especialmente cobiçado pelos ladrões é o iPhone, que tem um preço muito alto de revenda e, na pior das hipóteses, também pode ser lucrativo com a venda de peças. A Apple sabe disso e parece ter encontrado uma fórmula infalível que já conseguiu reduzir o número de roubos de seus celulares em 50%: um sistema pelo qual a vítima pode inutilizar o iPhone de forma definitiva.
Estamos falando do Find my iPhone (ache meu iPhone); um sistema por meio do qual o usuário pode localizar no mapa todos os equipamentos inscritos na mesma conta do iCloud, mas, que no caso do iPhone, também pode inutilizá-lo para sempre. Sim, o iPhone pode se transformar em peso para segurar papel se a vítima do roubo quiser, e seu destino só poderia ser lucrativo com a venda de peças. O sistema parece ser realmente um sucesso e os números confirmam, mas os ladrões estão sempre um passo à frente e encontraram uma técnica muito sofisticada com a qual podem driblar o sistema antirroubo.
O método foi descoberto pela empresa de segurança on-line Kaspersky, e não precisamente porque havia sido detectado por meio de uma de suas análises sistemáticas, mas porque a vítima do roubo foi uma de suas funcionárias. Nossa protagonista estava indo ver o jogo Rússia x Espanha durante a Copa do Mundo deste ano, quando sentiu falta de seu iPhone X novinho; em pânico, começou a fazer o que qualquer pessoa faria em seu lugar: fazer chamadas para o seu celular com o telefone de um amigo, mas o aparelho tocava e alguém desligava. Parecia que teria de admitir o roubo como única opção, mas nem tudo estava perdido: "Fiquei feliz ao saber que tinha o Find my iPhone e ativei o modo perdido".
Quando o proprietário de um iPhone ativa este modo remotamente, duas coisas acontecem: o iPhone no destino se torna, a partir desse momento, inutilizável (mesmo se os padrões de fábrica forem restaurados) e a tela do celular temporário, usada para resgatar o iPhone roubado, mostra uma mensagem acompanhada de um número de recuperação. Nesse caso, o celular indicado era o de seu parceiro. Tudo parecia estar caminhando como deveria, até que o celular habilitado para o resgate recebeu um SMS com um texto assinado pela Apple informando: "para mostrar a localização do iPhone roubado no mapa acesse sua conta no iCloud, clicando neste link" .
No entanto, nesta mensagem de texto estava a armadilha que uma pessoa em um momento de calma poderia detectar rapidamente: a URL não era da Apple, mas pertencia a outro domínio, a evidente marca dos hackers. Com a pressa, a vítima não hesitou em digitar as credenciais no link acima mencionado e, quando apertou “enter”, sem saber disse adeus ao seu iPhone para sempre. Depois de alguns instantes, acessou o Find my iPhone de outro celular e não havia sinal do iPhone roubado. O que havia falhado?
Depois de acalmar-se, descobriu o problema: introduziu seus dados do iCloud em um link falso, e o hacker acessou sua conta a partir de outro computador, liberando o iPhone para sempre, podendo vendê-lo como novo de segunda mão. Alguma coisa falhou no sistema de segurança da Apple? Na verdade não; como explicado por nossa protagonista, mais uma vez foi a parte humana que escorregou: não havia ativado a verificação em duas etapas, o que teria impedido o roubo. E, claro, também o mea culpa por ter clicado em links recebidos por SMS, mas, como ela mesma reconhece, "ninguém está imune, sou especialista neste tipo de fraude e acabei caindo".