Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, falta novamente a depoimento
É o segundo depoimento que o policial militar, convocado para explicar movimentações atípicas em sua conta bancária, falta
O policial militar Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), não foi novamente ao Ministério Público do Rio de Janeiro onde fora convocado para prestar depoimento. Queiroz era aguardado na quarta-feira, 19, quando faltou pela primeira vez. Chamado para explicar movimentação atípica de 1,2 milhão de reais em sua conta bancária, o depoimento havia sido remarcado para esta sexta-feira, mas, novamente, ele não apareceu.
A Promotoria disse que a defesa de Queiroz afirmou, assim como na quarta-feira, questões ligadas à saúde para justificar a ausência. Segundo o MP-RJ, a defesa afirma que o ex-assessor precisou ser internado nesta sexta, "para a realização de um procedimento invasivo, com anestesia, o que será devidamente comprovado, posteriormente, através dos respectivos laudos médicos". De acordo com a Folha de S. Paulo, o MP afirmou também que vai sugerir ao presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano (PT), o comparecimento de Flávio Bolsonaro no dia 10 de janeiro para prestar esclarecimentos sobre o caso.
Além de Queiroz, seus familiares e outros assessores de Flávio Bolsonaro foram chamados para depor no dia 8. Isso porque um relatório do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) apontou que Queiroz movimentou 1,2 milhão de reais entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. A movimentação foi considerada atípica pelo órgão, tanto pelo montante quanto pela forma - diversos depósitos, saques e transferências.
Os dados estão em um relatório elaborado pelo Coaf no início deste ano, e vieram à tona quando a Operação Furna de Onça - um desdobramento da Lava Jato - foi deflagrada, em novembro. Há coincidências entre algumas datas de pagamento de salários da Alerj, de depósitos em espécie na conta de Queiroz e de saques em dinheiro feitos por ele.
Essas coincidências levantam a suspeita de que a conta do motorista teria sido usada em uma espécie de rateio feito com funcionários do gabinete de Flávio Bolsanaro. Ao menos nove servidores da Alerj fizeram depósitos na conta de Queiroz em datas próximas aos pagamentos de seus salários, o que pode ser apontado como pedágio pago pelos servidores a políticos. Uma prática ilegal, mas comum nos legislativos e até prefeituras.
Desde que o documento foi divulgado, o ex-assessor ainda não deu nenhuma declaração. A família Bolsonaro, que até o momento não é investigada neste caso, nega qualquer irregularidade, e tanto Flávio, quanto o presidente eleito afirmaram que cabe a Queiroz dar as devidas explicações sobre a origem do dinheiro e, mais importante, seu destino.
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