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Escândalo sexista atinge a Islândia, o país com a maior igualdade de gênero

Políticos da oposição foram gravados fazendo chacota do #MeToo

 Katrín Jakobsdóttir, primera ministra da Islândia.
Katrín Jakobsdóttir, primera ministra da Islândia. Governo da Islândia
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A Islândia é o país com a maior igualdade de gênero do mundo. Esta semana, porém, a nação foi palco de um sórdido escândalo político que sugere que o sexismo é moeda corrente no interior do Parlamento. Um ex-premiê e vários outros legisladores foram captados numa gravação usando linguagem chula, grosseira e carregada sexualmente para descrever suas companheiras.

Sigmundur David Gunnlaugsson, um congressista da oposição que foi primeiro-ministro até ser expulso, supostamente por esconder a riqueza de sua família das autoridades fiscais, destacava-se entre as pessoas gravadas num bar, em frente ao Parlamento de Reykjavik, na tarde de 20 de novembro. Ele estava na companhia do ex-ministro das Relações Exteriores Gunnar Bragi Sveinsson, entre outros.

A gravação, realizada por um frequentador do bar, inclui legisladores do recentemente formado Partido do Centro e do Partido do Povo. Pode-se escutar como o grupo zomba do movimento #MeToo e compara um ex-parlamentar deficiente com um “animal”.

Os vídeos, que rapidamente viralizaram na Islândia, provocaram uma condenação generalizada em todo o país. Durante a comemoração dos 100 anos de independência da Dinamarca, neste sábado, foi realizada uma marcha de protesto contra os legisladores que protagonizaram o escândalo.

O episódio é um golpe que traz lições a uma nação que trabalhou duro para erradicar o sexismo. Mas Stefania Óskarsdottír, professora de política da Universidade da Islândia, diz que o nível de indignação em todo o país também mostra que “o poder das mulheres aumentou na sociedade, sem falar da política”. Os políticos captados na gravação – todos eles opositores – foram pressionados a renunciar.

A Islândia teve uma longa história de liderança mundial em igualdade de gênero. Foi o primeiro país a eleger uma chefa de Estado e, recentemente, aprovou uma das leis mais ambiciosas do mundo para a eliminação da desigualdade salarial de gênero. A atual primeira-ministra islandesa, Katrín Jakobsdottír, participou de um protesto recente contra a desigualdade nos salários e o assédio sexual.

Gunnlaugsson vinha trabalhando para restaurar sua reputação após renunciar como consequência dos chamados Panama Papers em 2016 (os jornais revelaram que ele havia ocultado bens de sua família numa conta offshore). Sveinsson, por sua vez, defendeu a igualdade de gênero quando esteve no cargo.

A gravação proporciona certo “entendimento sobre a mentalidade de certas pessoas”, disse Óskarsdottír. Mas agora há “menos tolerância” para ataques desse tipo, completou.

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