Nicolás Maduro pede ao FBI que investigue o atentado contra ele
Presidente da Venezuela solicita a ajuda dos EUA para “desarticular” grupos “terroristas” na Flórida
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que aceitaria a colaboração do FBI nas investigações do atentado com drones cometido há uma semana num desfile da Guarda Nacional Bolivariana em Caracas. O mandatário pediu ao procurador-geral, Tarek William Saab, que “ratifique” a proposta de “cooperação” com a Embaixada dos Estados Unidos na Venezuela. “Eu estaria de acordo que o FBI viesse [...] e ajudasse a desarticular as células terroristas que estão na Flórida”, afirmou Maduro no sábado, durante um ato militar.
Maduro acusa Osman Delgado Tabosky, que segundo ele reside na Flórida, de financiar o atentado com drones e um ataque ao forte militar Paramacay, no estado de Carabobo, em 2017. “É da Flórida que se ativa a explosão do drone que explode na frente da tribuna presidencial”, afirmou. Com insistência, ele pediu ao Governo de Donald Trump que extradite o suposto conspirador.
O mandatário também repreendeu o jornalista peruano Jaime Bayly por afirmar que conhecia o plano de ataque. “Imaginem um jornalista na TV venezuelana falando, por exemplo, do assassinato, que Deus o proteja, do presidente Donald Trump. O que faríamos aqui? A primeira coisa seria capturá-lo. Iria à prisão. E, se fosse estrangeiro, nós o extraditaríamos”, disse.
A perseguição contra os opositores se intensificou após o ataque com drones de sábado passado. O Governo exigiu que a Interpol capture Julio Borges, ex-presidente do Congresso, radicado na Colômbia. Maduro voltou a acusar o opositor de ter recebido “a ordem, os recursos logísticos e o apoio” para assassiná-lo. Também prendeu o deputado Juan Requesens por suposta participação no complô. Antes, a chavista Assembleia Nacional Constituinte tirou a imunidade parlamentar de Requesens, outorgada pela Constituição por ser congressista, um ato rejeitado pelo Legislativo, eleito em 2015 e de maioria opositora. Segundo Bayly, o deputado preso não sabia nada da conspiração. “Direi o que minhas fontes me contaram, e estou bem informado, acreditem. Os conspiradores fizeram treinamento na Colômbia? Sim. Tiveram dificuldade para trazer os drones para a Venezuela? Sim. A primeira tentativa falhou, por isso Requesens os ajudou sem saber que tentavam ingressar drones com explosivos”, afirmou o jornalista em seu programa de TV.
Os agentes do Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional) vazaram um vídeo em que o deputado declara que ajudou um dos supostos culpados do atentado, o ex-militar Juan Carlos Monasterios Venegas, a entrar com explosivos na Venezuela. A polícia política também difundiu outra gravação mostrando o opositor semidesnudo e notoriamente perturbado.
Nos EUA, o secretário de Estado adjunto interino para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Francisco Palmieri, condenou a detenção do parlamentar. “Maduro e sua polícia secreta continuam ignorando o Estado de Direito com a prisão e a retenção ilegal do membro da Assembleia Nacional, constitucionalmente eleito, Juan Requesens. O último exemplo de uma longa série de abusos [aos] direitos humanos”, escreveu Palmieri no Twitter.
Até o momento, o Governo Trump não respondeu à proposta do sucessor de Hugo Chávez. O chanceler, Jorge Arreaza, reuniu-se na última quarta-feira com o encarregado de negócios dos EUA na capital venezuelana, James Story. Segundo o Governo da Venezuela, Story tinha se mostrado preocupado e manifestou a possibilidade de “cooperar com Caracas”. Mas a informação não foi confirmada pelo diplomata norte-americano.
Os laços entre ambos os países não são tão estreitos. Há uma semana, John Bolton, assessor de segurança nacional da Casa Branca, precisou esclarecer que o Governo dos EUA não participou do ataque com drones. “Poderia haver muitas coisas [por trás do incidente]: de um pretexto estabelecido pelo próprio regime de Maduro até outra coisa”, disse ele em entrevista à Fox News.
O chavismo considera os EUA como um de seus lendários rivais políticos. As relações bilaterais atravessaram momentos de tensão durante quase duas décadas, mas com o Governo de Maduro a fratura chegou ao limite. Por isso, uma aliança entre os dois países parece distante.
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