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Um chiclete e um site de genealogia delatam o DJ que assassinou uma jovem professora há 26 anos

Investigadores utilizam a nova tecnologia para descobrir o criminoso que estuprou e estrangulou Christy Mirack na Pensilvânia

Antonia Laborde
Raymond Charles Rowe, DJ acusado de assassinar a professora Christy Mirack em 1992.
Raymond Charles Rowe, DJ acusado de assassinar a professora Christy Mirack em 1992.AP

A professora primária Christy Mirack morreu estuprada e estrangulada em 1992, quando tinha 25 anos. A polícia levou quase o mesmo tempo de vida dela para encontrar o responsável. Com o DNA do sêmen do criminoso, um site de genealogia —dedicado a encontrar parentes distantes—deu com o nome do DJ Raymond Charles Rowe, de 52 amos. Mas não era suficiente, precisavam ter uma prova atual sem que ele soubesse. A escola de Lancaster, Pensilvânia, cidadezinha rural da tragédia, organizou um festival para contratar os serviços do suspeito. A polícia vigiou-o durante toda a noite e recolheu o chiclete e a garrafa de água que ele consumiu. As análises confirmaram os fatos. O DJ da cidade matou a professora. Nesta segunda-feira, ele foi detido sem possibilidade de fiança.

Na manhã em que Mirack foi assassinada ela vestia uma jaqueta de couro e luvas de cor bordô. Dedicou suas últimas horas a embrulhar livros de presente para seus alunos do sexto ano. Faltavam três dias para o Natal de 1992. “Desejo-lhes um Natal muito feliz e um grande ano de 1993! Com carinho, senhorita Mirack”, dizia o cartão em cada exemplar de Miracles on Mapple Hill, segundo descreve um artigo de The Washington Post. A campainha da Escola Primária de Rohrerstown tocou às 9 horas, mas a professora não apareceu. O diretor da instituição telefonou para ela e, ao não receber resposta, foi até sua casa. A porta estava aberta. A jovem jazia na sala de estar, rodeada de pacotes de presentes de Natal.

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O esforço da polícia para encontrar o autor do assassinato não deu resultados. Entrevistaram 1.500 pessoas. As provas forenses só serviam para descartar suspeitos. A família de Mirack ofereceu uma recompensa de 10.000 dólares (38.000 reais) pela prisão do criminoso. Antes de morrer, em 2002, a mãe pediu que, por favor, as pessoas compartilhassem qualquer tipo de informação. O irmão, 15 anos depois, comprou um anúncio publicitário onde pedia conselhos do que fazer. Mas não havia pistas sólidas. Finalmente, os investigadores recorreram a um site da Parabon nanolabs onde os usuários postam material de DNA para conhecer sua árvore genealógica. A polícia colocou o material do suspeito, sem possibilidade de que o público pudesse ver de quem era, e se deparou com vários nomes de parentes do "DJ Freez".

O promotor do distrito do condado de Lancaster, Craig Stedman, reconheceu na segunda-feira que nas suas investigações não aparecia nenhuma pista que conduzisse ao acusado. Acrescentou que acreditava que era a primeira vez que se utilizava essa tecnologia para resolver um caso de homicídio na Pensilvânia. Seu uso é uma tendência em alta nas investigações criminais e colocou na mesa o debate sobre se isso é uma violação da privacidade. Steven Armentrout, fundador e CEO da Parabon NanoLabs, argumentou: "Temos de tomar nossas próprias decisões sobre assuntos de privacidade”. Ele disse que postou o material genético do criminoso consciente de que a polícia poderia utilizá-lo no caso de que seu DNA ou o de algum parente seu aparecesse em uma cena de um crime

Rowe está detido na prisão do condado de Lancaster, acusado de homicídio. "Este assassino esteve em liberdade depois desse crime brutal por mais tempo do que Christy Mirack viveu”, refletiu Stedman. “(Parabon) nos guiou no caminho de finalmente torná-lo responsável.”

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