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Lúcio: “O primeiro jogo é o mais difícil. Contra a Costa Rica será diferente”

Último pentacampeão em atividade hoje é zagueiro do Brasiliense e crê em uma melhora da seleção de Tite na Copa

O zagueiro Lúcio no CT do Brasiliense.
O zagueiro Lúcio no CT do Brasiliense.Andressa Anholete

Último pentacampeão mundial em atividade, ex-capitão da seleção brasileira e dono da camisa número três canarinho em três Copas seguidas (2002, 2006 e 2010). O zagueiro Lúcio hoje tem uma vida bem diferente da que levava quando estava no auge, quando disputava a Champions League ora pelo Bayern de Munique ora pela Inter de Milão. Aos 40 anos de idade, ostenta a braçadeira de capitão do modesto Brasiliense Futebol Clube, time da capital federal que disputa a quarta divisão brasileira. Ainda assim, 18 anos após sua primeira convocação, algo se mantém: a seriedade no trabalho, o espírito de liderança e o otimismo em analisar a seleção que defendeu.

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“O primeiro jogo do Brasil nessa Copa foi tenso. Os jogadores ainda não estavam à vontade, não conseguiam render o que vinham rendendo nos últimos jogos. Por isso, não veio o resultado esperado”, disse o atleta analisando o empate de 1 a 1 do Brasil contra Suíça no domingo passado. “Acho que a próxima partida será diferente. O importante é o Brasil crescer durante a competição. Não adianta começar com 100% nos primeiros jogos e cair”. E o primeiro passo seria já nesta sexta contra a Costa Rica.

Nos três mundiais que esteve no miolo de zaga, Lúcio iniciou a Copa vencendo. Mas diz que todas as partidas foram tensas. “O primeiro jogo costuma ser o mais difícil mesmo”. Depois de tropeços no início da competição de diversos dos favoritos (como Argentina, Alemanha e Espanha), ele mantém a seleção canarinho como uma das favoritas ao título. No mesmo patamar estariam a Bélgica e a França.

Na conversa que teve com o EL PAÍS, no centro de treinamento do Brasiliense na última quarta-feira, o ex-zagueiro da seleção diz que vê o revezamento da faixa de capitão instituído pelo técnico Tite como uma novidade usada apenas para valorizar os líderes do time, mas não acredita que ela influencie no desempenho da equipe. “A faixa de capitão só existe porque tem de colocar em alguém, mas não é o ponto principal. Às vezes vemos equipes em que o líder não é o capitão. O maior exemplo é o Real Madrid, que o líder é o Cristiano Ronaldo e o capitão é o Sérgio Ramos”.

Na estreia na Rússia, o capitão de Tite foi o lateral esquerdo Marcelo. No jogo desta sexta-feira, a braçadeira estará com Thiago Silva, o zagueiro que na malfadada Copa de 2014 ocupava essa função. Sobre a atuação de Thiago naquela ocasião, em que ficou marcado por, no jogo de quartas-de-final contra o Chile, sentar-se na bola ao invés de liderar a equipe na disputa por pênaltis, Lúcio diz que a situação pesou contra a imagem dele, mas, agora está tendo uma nova chance.

“Eu o admiro muito. Não sabemos o que passava na cabeça e no coração dele no momento daquele jogo. É claro que passou uma imagem ruim para o Brasil. Mas agora, está recebendo uma nova oportunidade e espero que possa dar a volta por cima”. Lúcio, aliás, concorda com a escalação da zaga brasileira. “O Miranda e o Thiago estão entre os melhores, mesmo. Mas o Marquinhos e o Geromel também têm condições de jogar”.

Desafios pessoais

Na zaga da seleção, Lúcio viveu parte dos melhores momentos de sua carreira. Mas foi nela, na Copa de 2002, que ele passou por um dos momentos mais difíceis. O jogo era contra a Inglaterra, nas quartas-de-final. O xerife falhou no gol da Inglaterra. Ele dominou mal uma bola, que sobrou para Owen abrir o placar para os ingleses. Poderia ser o fim do sonho do pentacampeonato. Mas a partida acabou 2 a 1 para o Brasil graças a uma atuação brilhante de Ronaldinho Gaúcho que deu uma assistência para um golaço de Rivaldo e por ter feito um gol antológico de falta. No restante do torneio, Lúcio seguiu com sua habitual segurança em campo.

E por que, na reta final de sua carreira, decidiu jogar em sua cidade natal, em um clube com estrutura enxuta? “Aqui vejo a oportunidade de poder ajudar o esporte de Brasília. Poder ensinar alguns caminhos para jogadores mais novos alcançarem o sucesso. E sobre vir para um clube pequeno, vejo que essa é uma forma de trabalhar meu caráter, meu ego, minha humildade, de manter os pés no chão. Não quero ser um cara arrogante, de nariz empinado, que só quer o que for de excelência”.

Depois de rodar três continentes (América, Europa e Ásia) e passar por onze equipes, o zagueiro ainda espera poder atuar por mais dois ou três anos antes de se tornar dirigente ou treinador. Seu contrato com o Brasiliense encerra-se em maio do ano que vem. Mas o campeonato que disputa termina em agosto, caso chegue até a final. O que ele não quer para si, nem para a seleção brasileira, é uma eliminação precoce.

Lúcio no treino do Brasiliense.
Lúcio no treino do Brasiliense.Andressa Anholete

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