_
_
_
_
_

Jornalista mexicano é assassinado a golpes em Tamaulipas

Corpo do repórter Héctor González Antonio foi achado em uma estrada de terra perto da fronteira com os EUA

Karina Suárez
O corpo do repórter Héctor González Antonio.
O corpo do repórter Héctor González Antonio.AFP
Mais informações
México exige um “basta” à violência contra jornalistas
México, um inferno para a imprensa
Novo ataque a jornalista em Rondônia expõe violência crescente contra a imprensa no Brasil

O jornalista Héctor González Antonio foi assassinado a golpes, confirmou o Ministério Público do Estado de Tamaulipas (norte do México), há anos assolado pelo crime organizado e o narcotráfico. O corpo do correspondente do jornal Excélsior nessa região foi achado nesta terça-feira em uma remota estrada de terra. Estava seminu, ensanguentado e com múltiplos golpes. González Antonio, que também escrevia para veículos locais, foi o sexto jornalista assassinado desde o começo de 2018 no México.

Até o momento se desconhecem as causas do homicídio, que será investigado pelo Ministério Público. González Antonio também era colaborador de rádios e da TV Monterrey, afiliada da rede mais importante do México no vizinho Estado de Nuevo León. O jornalista era casado e tinha dois filhos. O governador de Tamaulipas, Francisco Cabeza de Vaca, externou suas condolências através de sua conta do Twitter, prometendo que "sua morte não ficará impune".

A violência contra comunicadores é especialmente grave no norte do México. Há apenas quatro dias foi noticiado o assassinato de Alicia Díaz González, de 52 anos, repórter colaboradora dos jornais El Financiero e Reforma na cidade de Monterrey, vitimada por um golpe na cabeça. Agora, a 284 quilômetros, em Ciudad Victoria, Tamaulipas, este novo assassinato engrossa as cifras de violência em um Estado há anos marcado pelo conflito entre o crime organizado e as autoridades federais. Só em 2017 foram registrados 1.053 homicídios dolosos nesse Estado, um aumento de 23% em relação a 2016, segundo a Secretaria do Governo.

Correspondentes, apresentadores de televisão, fotojornalistas – todos eles já foram vítimas da violência no país. Ela afeta a categoria em todo o México, mas especialmente os repórteres que trabalham no interior. Dos nove assassinados neste ano, nenhum vivia na capital. De acordo com a organização Artigo 19, durante a administração do presidente Enrique Peña Nieto 43 jornalistas perderam a vida. A ONG Repórteres Sem Fronteiras considerou a Síria e o México como os países mais perigosos do mundo para o exercício do jornalismo.

"O México se tornou um dos países mais perigosos para exercer o jornalismo, não hoje, não ontem, há pelo menos 10 anos. O risco para o exercício do jornalismo não ocorre hoje com o assassinato de Héctor, vem ocorrendo há uma década, e apesar de todos estes anos não foram suficientes as medidas de proteção e de prevenção que se deram aos jornalistas. Não foram suficientes as investigações", afirma Balbina Flores, representante da Repórteres Sem Fronteiras no México. Ela exigiu que os assassinatos de jornalistas sejam esclarecidos.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_