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O Brasil sem Neymar: Tite usa amistosos para testar variações no ataque

Treinador tem a chance de prever um possível desfalque na Copa nos jogos contra Rússia e Alemanha; para o primeiro, confirmou Willian, Coutinho e Douglas Costa titulares

Willian treina sob o olhar de Tite; meia do Chelsea deve ganhar mais chances sem Neymar
Willian treina sob o olhar de Tite; meia do Chelsea deve ganhar mais chances sem NeymarKirill Kudryavtsev (AFP)
Diogo Magri
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Com uma lesão no quinto metatarso do pé direito, Neymar não está garantido na Copa do Mundo da Rússia 2018. Tudo indica que o camisa 10 da seleção deve se recuperar da lesão a tempo de estrear, no dia 17 de junho, contra a Suíça, em Rostov, pela primeira rodada do grupo E, mas sua participação só será confirmada em meados de maio, quando sai a convocação de Tite para o Mundial. Até lá, o Brasil tem dois amistosos: contra a Rússia, em Moscou, nesta sexta-feira (23), e contra a Alemanha, em Berlim, no dia 27 de março. Os dois jogos serão, além de tudo, a última chance de Tite testar variações do ataque sem Neymar e se resguardar de que uma possível ausência do craque, por lesão ou suspensão – o atacante levou seis cartões em 14 jogos nas Eliminatórias, e apenas dois são o suficiente para deixá-lo fora da partida seguinte na Copa –, não seja determinante para a eliminação brasileira.

Como disse em entrevista ao jornal O Globo, Tite tem como característica em seus trabalhos prever as diversas possibilidades de um jogo. “Não faça na Copa do Mundo uma experiência que você não tenha usado antes. Gera uma insegurança muito grande”, disse ter ouvido de alguns ex-jogadores na sua preparação para o Mundial. Por isso, esses dois amistosos são fundamentais para os testes do treinador. No primeiro deles, a novidade foi antecipada pelo próprio treinador: no lugar de Neymar, estará Willian. Philippe Coutinho continua no time titular, mas foi da ponta para o meio; Douglas Costa ganhou o lugar de Renato Augusto.

O esquema usado para enfrentar a Rússia se assemelha mais ao 4-2-3-1, mas também busca explorar a qualidade dos dois meias do Barcelona, Coutinho e Paulinho, pelo meio, com o time ainda se comportando no 4-1-4-1, formação favorita de Tite. A substituição de Renato por um meia ofensivo parece ser a mudança que mais frequentemente o treinador usará na Copa, com ou sem Neymar – tanto o camisa 10 quanto Coutinho, Willian, Douglas Costa, Firmino e Giuliano podem jogar nessa posição. Afinal, foi a única variação que o treinador utilizou durante as três partidas que jogou sem Neymar (2 a 0 na Venezuela, em 2016, 0 a 1 para a Argentina e 4 a 0 na Austrália, ambas em 2017) feita no segundo tempo da partida contra a Argentina, quando Douglas Costa entrou exatamente no lugar de Renato Augusto.

Nos dois outros jogos e no primeiro tempo contra a equipe de Sampaoli, o técnico manteve o esquema padrão e substituiu Neymar por um jogador de características parecidas. Willian foi titular nos dois primeiros jogos, enquanto Douglas Costa foi no último. Fernandinho, Paulinho, Renato Augusto, Philippe Coutinho, Taison, Giuliano, Rodriguinho, Gabriel Jesus e Diego Souza se revezaram nas outras posições, mas sempre com a ideia do 4-1-4-1: um volante à frente da zaga, dois meias interiores, dois meia-atacantes abertos e um atacante de área.

Olhando para a lista de convocados dos jogos contra Rússia e Alemanha, um nome chama atenção como substituto do camisa 10 no ataque: Willian José, da Real Sociedad. Willian começou no Grêmio Barueri, teve passagens por São Paulo, Grêmio e Santos no Brasil, além de Real Madrid e Las Palmas na Espanha. Em 2016/17, o atacante marcou 14 gols em 34 jogos pelo time que terminou a elite espanhola em sexto lugar. Na atual temporada, ele já soma 17 gols em 30 jogos, mesmo com a Sociedad em 15º na La Liga. Willian José não tem as mesmas características de Neymar, mas oferece uma interessante opção como centroavante alto, forte e cabeceador. Naturalmente, o ex-Real Madrid competiria com Roberto Firmino e Gabriel Jesus pela camisa 9, mas o fato de Tite ter chamado os três atacantes mostra que, sem o 10 do PSG, o treinador considera Firmino e Jesus jogando juntos no ataque. Taison é outro que foi chamado e desempenha a mesma função que Neymar, mas o jogador do Shakhtar Donetsk não marca há seis meses. A última novidade no sistema ofensivo foi Anderson Talisca, atualmente no Besiktas, que tem a versatilidade como uma de suas características e atua mais recuado.

Se Tite não quer abrir mão de Jesus no ataque, a atual temporada serve como justificativa para que Firmino seja o companheiro do ex-palmeirense na ausência de Neymar. O atacante do Liverpool vive o melhor momento da carreira, com 23 gols e 13 assistências em 43 jogos em 2017/18. Apesar de vestir a camisa 9, ele se destaca pela mobilidade, inteligência e posicionamento no ataque inglês. Pode jogar em uma função de mais movimentação, à frente de um meio-campo com Casemiro, Paulinho, Renato Augusto e Coutinho, ou mais próximo de Gabriel Jesus em um esquema com dois meias mais abertos – neste caso, Willian entraria no lugar de Renato Augusto, por exemplo. Em março do ano passado, durante entrevista coletiva antes do jogo contra o Uruguai em Montevidéu, Tite comentou a convocação do atacante: “Ele vive grande fase. A escolha dele [no lugar de Diego Souza, que então competia pela vaga] foi tática. O Firmino dá mais oportunidade de apoio pelas laterais do campo e mais chance de triangulação”. Entretanto, a opção Firmino e Jesus ainda não foi testada pelo treinador brasileiro.

Fernandinho, que vive ótima temporada no Manchester City, pode ganhar o lugar de Paulinho ou Renato para eventualmente equilibrar o time, e até Marcelo, que sempre se destacou pelas funções ofensivas, pode aparecer como meia aberto pela esquerda. Com muitas opções em boa forma à disposição, Tite se esforça para diminuir a ‘Neymardependência’ e provar nos amistosos que, caso tenha que lidar com imprevistos durante a Copa, a seleção estará bem preparada.

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