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Os diferentes caminhos dos filhos de Fidel Castro

O mais velho, 'Fidelito', morto nesta semana, tinha cinco meios-irmãos e uma meia-irmã reconhecidos

O primogênito de Fidel Castro em uma foto de 2010
O primogênito de Fidel Castro em uma foto de 2010STR (AFP)

A surpreendente morte de Fidel Castro Díaz-Balart, ‘Fidelito’, filho mais velho de Fidel Castro, que se suicidou após meses de tratamento de uma depressão, traz à tona os destinos díspares dos filhos do pai da Revolução Cubana – morto em 2016 –, que ao longo de sua vida se casou duas vezes e teve pelo menos outros seis filhos, mas são numerosas as conquistas e descendências atribuídas a ele.

Fidel Ángel Castro Díaz-Balart, primogênito e físico nuclear

Castro Díaz-Balart, nascido em 1 de setembro de 1949, em Havana, foi o único filho de Fidel Castro com sua primeira esposa, Mirta Díaz-Balart, uma jovem de uma família abastada de Havana, de quem se divorciou em 1955. Foi quando começou a disputa pela custódia do pequeno Fidel. Mirta levou o menino aos Estados Unidos, mas Castro não queria que seu filho tivesse contato com a família materna. Seu cunhado Rafael Díaz-Balart era funcionário do Governo de Fulgencio Batista (derrubado pelos Castro em 1959), cujos filhos Mario e Lincoln chegaram a ser congressistas e representaram a dissidência cubana.

"Não posso amá-lo; há muita gente maltratada por ele. E, além disso, o carinho é hábito e eu quase não tive contato com ele”, disse Alina Fernández

Por fim, Castro obteve a custódia do pequeno Fidel e sua mãe refez sua vida na Espanha. A relação entre pai e filho, entretanto, nem sempre foi boa. Fidelito, doutor em Ciências, ocupou o cargo de executivo-chefe da Comissão de Assuntos Nucleares de 1983 a 1992, quando foi destituído por seu pai que o acusou de não ter sido eficiente no exercício de suas funções. Durante sua vida publicou vários livros e, mesmo sem ter tanta presença como alguns dos filhos de Raúl Castro, era atualmente assessor científico do Conselho de Estado e vice-presidente da Academia de Ciências de Cuba.

Alina Fernández, a filha rebelde

Das numerosas relações extraconjugais atribuídas a Fidel Castro, a mais conhecida é a que manteve com Natalia Revuelta, uma mulher casada que defendeu a Revolução. Alina Fernández, fruto dessa relação, nasceu em 1956 e, segundo suas palavras, nunca considerou Castro um parente, mas alguém que ocupava um cargo político.

Casada com Francisco Salgado, um bailarino do Ballet Nacional de Cuba discípulo de Alicia Alonso, com quem teve uma filha, Fernández fugiu de Cuba em 1993 utilizando um passaporte espanhol e disfarçada para não ser reconhecida. Tinha à época 37 anos e viajou a Madri para voar depois aos Estados Unidos, onde lhe concederam asilo político. “Não posso amá-lo; há muita gente maltratada por ele. E, além disso, o carinho é hábito e eu quase não tive contato com ele”, disse em entrevistas posteriores.

Alexis Castro Soto del Valle, engenheiro

Do segundo casamento de Fidel Castro com a professora Dalia Soto del Valle, a quem conheceu na década de 60, nasceram cinco filhos que receberam nomes que começavam com a letra A (por sua admiração a Alexandre Magno): Alexis, Alexander, Alejandro, Antonio e Ángel.

O primeiro desse casamento, nascido em 1962, é engenheiro de telecomunicações, mas nenhum seguiu o caminho político de seu pai. Alguns ocuparam cargos em instituições públicas.

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Alexander Castro Soto del Valle, engenheiro e fotógrafo de seu pai

É provavelmente o filho mais multifacetado. Nascido em 1963 em Havana, se formou em Tecnologia da Indústria Eletroquímica em Moscou, mas a partir de 1998 trabalhou como operador de câmera na televisão estatal e foi fotógrafo para a imprensa oficial. Alexis documentou alguns dos encontros de Fidel Castro nos últimos anos de sua vida e recentemente realizou uma exposição em homenagem a seu pai em Santiago de Cuba.

Antonio Castro Soto del Valle, médico da seleção de beisebol

Ele está associado especialmente ao esporte nacional. Formado em medicina com especialidade em ortopedia, prestou serviços à seleção nacional de beisebol e ocupou cargos de direção nas confederações nacionais e na internacional de Beisebol (IBAF).

Nascido em 1969, foi criticado por seu empenho em promover o golfe em Cuba, um esporte que foi desprezado por seu pai que o considerava um símbolo da burguesia e que ridicularizou parodiando uma partida com Ernesto Che Guevara, ambos vestidos de uniforme militar, que ficou imortalizada em uma fotografia de Alberto Korda em 1961.

Seus irmãos Alejandro (1971), programador de computadores, e Ángel (1974), o caçula, cuja profissão não é conhecida, tiveram um perfil público menos notável.

Filhos não reconhecidos

Além de Alina Fernández, também foram atribuídos a Fidel Castro outros filhos que nunca reconheceu. De acordo com a biografia de Claudia Furiati, o líder da Revolução Cubana teve uma relação extraconjugal com María Laborde, uma admiradora que conheceu quando saiu da prisão, da qual nasceu Jorge Ángel (1956). E a jornalista Ann Louise Bardach em seu livro Without Fidel (Sem Fidel, 2009) menciona outra filha secreta: Francisca Pupo.

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