Os trens da ‘morte’ de Mumbai
Cerca de 3.400 pessoas perderam a vida nos vagões de subúrbio da cidade indiana entre 2012 e 2016
Arriscar a vida para ir ao trabalho de trem tornou-se algo habitual para os habitantes da capital financeira da Índia. No coração de Mumbai, estações como a de Chhatrapati Shivaji recebem continuamente trens lotados de milhares de pessoas que chegam dos subúrbios mais periféricos da cidade. Cerca de 3.400 pessoas perderam a vida enquanto viajavam de trem em Mumbai entre 2012 e 2016.
Ver passageiros pularem para dentro de um trem em movimento ou grupos de pessoas agarradas ao teto de uma composição não é algo incomum em uma cidade como Mumbai. Homens e mulheres se amontoam às portas do trem de subúrbio que lhes garante a condução ao trabalho para “ganhar o pão de cada dia”. 89% dos habitantes moram a mais de 15 quilômetros de distância de seus empregos e mais de 50% usam o trem como principal transporte para se deslocar pela cidade.
Durante as horas do rush da manhã e da tarde, os trens da linha oeste da cidade, cujo percurso compreende a distância entre o centro e a cidade litorânea de Dahanu, ao norte de Mumbai, podem transportar 4.500 pessoas. Em setembro do ano passado, 23 pessoas perderam a vida em uma correria que aconteceu na estação de Elphinstone Road, situada no centro da cidade, quando saíram do trem para se protegerem das fortes chuvas.
“Não vale a pena morrer para ganhar a vida”, diz um painel publicitário na estação de Dadar, em um dos subúrbios mais populosos da cidade. É um sinal claro da falta de políticas trabalhistas que ajudem a flexibilizar os turnos de trabalho para acabar com a saturação de pessoas nas estações mais movimentadas.
Há algumas semanas, a Associação Internacional de Publicidade (IAA na sigla em inglês) lançou uma campanha com o lema “WorkToLiveToWork”, motivada por uma mudança na organização dos horários de trabalho. A iniciativa sugere que os empregados possam escolher seu turno de entrada no trabalho das 8 às 11 horas da manhã e o de saída das 16 às 19 horas. “Embora a infraestrutura esteja em desenvolvimento, é necessário que as empresas pensem não apenas em seus empregados, mas em todos os cidadãos de Mumbai”, disse Nandini Dias, CEO e membro do comitê da IAA ao jornal local The Times of India.
Os milhões de pessoas que têm de tomar um trem todos os dias em Mumbai ainda não enxergam uma solução próxima e as mortes estão se acumulando, atingindo números recorde. Quedas nas vias do trem, asfixia nas aglomerações por falta de ventilação ou tumultos nas imediações são uma realidade diária na capital financeira da Índia e um sinal de que ainda há muito a ser feito.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.