Diretores contra a ditadura do ‘blockbuster’ de Hollywood em 2018
Este ano está saturado de grandes franquias e refilmagens, como 'Tomb Raider'. Mas Steven Spielberg, Wes Anderson, Alfonso Cuarón e Steve McQueen apostam em alternativas
Em 2017 menos gente em todo o mundo foi ao cinema, mas a bilheteria não se ressentiu demais graças ao aumento do preço das entradas. Este ano Hollywood preparou uma ração ainda maior de sagas de histórias em quadrinhos e super-heróis e de versões de videogames que tentam atrair de novos os adolescentes. Enquanto isso, a HBO e a Netflix continuam aumentando seu tamanho, especialmente a segunda plataforma, da qual há rumores nos bastidores da indústria de que poderia se tornar proprietária de algum estúdio de tamanho médio (em Hollywood há vários com interesse em ser adquiridos). Da Netflix chegarão duas alegrias — produzidas pela empresa — para o cinéfilo: Martin Scorsese terminou The Irishman, sobre o assassinato de Jimmy Hoffa, com Joe Pesci, Al Pacino e Robert De Niro, e estão arrematando a restauração de The Other Side of The Wind (O Outro Lado do Vento, em tradução livre), de Orson Welles, que estreará — ainda não anunciaram quando — junto com um documentário de Morgan Neville sobre os últimos 15 anos de vida do gênio.
Os grandes autores. Steven Spielberg chega a esta temporada com dois filmes. Primeiro estreia The Post – A Guerra Secreta (1 de fevereiro), com Meryl Streep e Tom Hanks, sobre a luta dos dois grandes jornais dos EUA, The Washington Post e The New York Times, contra a censura da Casa Branca de Nixon em junho de 1971, e depois chegará Jogador Nº 1, que se passa entre realidades virtuais e jogadores de videogames: o filme precisou de tanta pós-produção que o diretor teve tempo de acabar antes The Post – A Guerra Secreta. Ridley Scott chega ao Oscar com Todo o Dinheiro do Mundo (18 de janeiro), de cuja filmagem foi eliminado Kevin Spacey, acusado de assédio sexual e em pleno olho do furacão substituído por Christopher Plummer. O filme descreve o sequestro de um neto do bilionário Jean Paul Getty. Clint Eastwood também se baseia em fatos reais em 15:17 – Trem para Paris (22 de fevereiro), sobre o atentado frustrado nesse trem em agosto de 2015. Há muitos outros cineastas de prestígio que se deixaram encantar pela História: Damien Chazelle retrata Neil Armstrong, o primeiro ser humano a pisar na Lua, em First Man; Joe Wright descreve a chegada ao poder de Winston Churchill e a retirada de Dunquerque em O Destino de uma Nação (11 de janeiro) e o cantor Freddie Mercury ressuscitará em Bohemian Rhapsody, que será dirigido por Dexter Fletcher depois de a Fox ter demitido Bryan Singer. Finalmente dois Anderson marcarão o primeiro trimestre: Wes Anderson inaugura a Berlinale Isle of Dogs, e Paul Thomas Anderson dirigiu Daniel Day-Lewis em sua despedida da interpretação em Trama Fantasma, ambientada no mundo dos anos cinquenta.
O cinema que deixará marca. Dois filmes arrasaram em sua passagem por festivais em 2017, e ambos chegam bem posicionados para o Oscar. O italiano Luca Guadagnino fala de amores e compreensão paternal em Me Chame Pelo Seu Nome (18 de janeiro), e o norte-ameircano Sean Baker enfoca a infância e a alegria de viver (apesar da miséria ao redor) em Projeto Flórida (1 de março). São duas obras-primas para a história do cinema. Aliás, Guadagnino estreará este ano sua homenagem a Dario Argento com o remake de Suspiria. Com esses filmes também se destacaram em bom percurso por festivais Loveless (26 de enero), do russo Andrey Zvyagintsev; a francesa Custódia, de Xavier Legrand; a extraordinária A Forma da Água (1 de fevereiro), de Guillermo del Toro; o debut na direção de Greta Gerwig com Lady Bird – A Hora de Voar; a divertida Eu, Tonya (15 de fevereiro), de Craig Gillespie; Três Anúncios para um Crime (8 de fevereiro), de Martin McDonagh; o filme de animação Com Amor, Van Gogh, que ilustra a obra de Vincent Van Gogh; o israelense Foxtrot, de Samuel Maoz; o libanês O Insulto, de Ziad Doueiri, e O Meu Belo Sol Interior, da veterana Claire Denis.
Muito se espera dos novos filmes de László Nemes (Sunset, ambientado na Budapeste de antes da I Guerra Mundial, depois de sua memorável obra-prima O Filho de Saúl), Jacques Audiard (Os Irmãos Sister, um western crepuscular com algo do humor dos Coen), Alfonso Cuarón (Roma, que se passa nesse bairro mexicano nos anos setenta), Sebastián Lelio (Disobedience), Alex Garland (Annihilation) e Steve McQueen (Widows, com viúvas que planejam levar adiante um assalto preparado por seus defuntos maridos).
Sagas, super-heróis e imperadores da bilheteria. Pela primeira vez um espanhol comanda um filme pensado para liderar a bilheteria mundial. Juan Antonio Bayona estreia Jurassic World: Reino Ameaçado (22 de junho). Há muitas esperanças em um filme que tem como rivais duas produções do universo de A Patrulha X — aí estão X-Men: Dark Phoenix (2 de novembro) e Os Novos Mutantes (13 de abril) —; além do regresso de Deadpool, o super-herói baderneiro que surpreendeu na bilheteria em seu primeiro filme: outros dois do mundo Marvel —Vingadores Guerra Infinita (26 de abril) e Pantera Negra (15 de fevereiro); um novo Pixar: Os Incríveis 2 (14 de junho); outro novo da saga de Star Wars, à margem do filão principal: neste caso Solo – Uma História Star Wars (25 de maio), sobre a juventude de Han Solo; revisitações de sucessos de bilheteria como O Retorno de Mary Poppins (25 de dezembro), com Emily Blunt no papel que foi de Julie Andrews; Tomb Raider – A Origem (15 de março), onde Alicia Vikander substitui Angelina Jolie para relançar a franquia, e Oito Mulheres e um Segredo (8 de junho), agora com ladras como Sandra Bullock, Cate Blanchett, Rihanna e Anne Hathaway. E fiquem atentos a Uma Dobra no Tempo (29 de março), cinema familiar da renomada cineasta Ava DuVernay.
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