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Coluna
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A Globo, do outro lado do paraíso

Chamada por uma parte da sociedade brasileira de “golpista”, por outra parte de “comunista”, o momento vivido pela maior e mais influente rede de comunicação do país é revelador do Brasil atual

As atrizes Bianca Bin e Nathalia Timberg em cena da novela 'O outro lado do Paraíso'
As atrizes Bianca Bin e Nathalia Timberg em cena da novela 'O outro lado do Paraíso'Divulgação/Globo
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Nenhuma rede de comunicação foi – e ainda é – tão influente na história recente do Brasil como a Globo. Na época da ditadura civil-militar, o grupo Globo se consolidou como o maior do país e um dos maiores do mundo. A redemocratização chegou, e as Organizações Globo seguiram fortes. Nos protestos de junho de 2013, a cobertura da TV Globo e da Globo News foram decisivas para consolidar a narrativa de que os manifestantes eram “vândalos”. A Globo influenciou a opinião nacional na forma como cobriu a Lava Jato, os movimentos pelo impeachment de Dilma Rousseff e contra o PT, assim como na divulgação dos grampos ilegais da conversa gravada entre Lula e a então presidente do país. E, finalmente, foi em O Globo, principal jornal do grupo, que foi denunciada uma conversa altamente comprometedora entre o presidente Michel Temer (PMDB) e Joesley Batista, dono da JBS, à noite, no palácio residencial e fora da agenda, e que culminou com um editorial defendendo a renúncia de Temer – mas não eleições diretas. Como todos sabem, Temer não caiu até hoje.

Até bem pouco tempo atrás seria difícil alguém acreditar que viveria para ver a Globo ser chamada de “comunista”

Há algo novo no horizonte da Globo neste momento. Para parte daqueles identificados com a esquerda, a Globo é “golpista”. Essa parcela aponta a rede, em especial a TV Globo e a Globo News, como protagonista do “golpe parlamentar” que tirou Dilma Rousseff, uma presidente ruim, mas legitimamente eleita, do poder. Essa narrativa é alimentada não só pelos fatos atuais, mas pelo passado da emissora: em especial a edição do último debate entre Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições de 1989. Era o primeiro pleito presidencial após o fim de uma ditadura que durou 21 anos, detonada por um golpe civil-militar que a Globo apoiou, fato pelo qual pediu desculpas em 2013. A desconfiança contra a Globo, disseminada em uma parcela considerável dos que pertencem ao campo progressista, é permanente. E vem se acirrando desde 2013, amplificada pela facilidade de difusão das redes sociais. Essa ligação com o “golpismo”, mais incisiva neste momento, está intimamente ligada ao passado da Globo, mas também a algumas escolhas do presente.

A novidade, porém, está em outro campo, na parcela da sociedade que chama a Globo de “comunista”. Essa é a parte surpreendente mesmo para aqueles que sempre consideraram a Globo responsável por todos os problemas do Brasil. De comunista, virou também “pró-Lula” e “pró-PT” e até mesmo “pró-Cuba”. Até bem pouco tempo atrás seria difícil alguém acreditar que viveria para ver a Globo ser chamada de “comunista”. Mas, no atual momento do país, o impossível é um conceito desidratado pelo sem limites da realidade política.

A esse clamor tem se juntado parte do fundamentalismo evangélico, concentrado numa parcela das igrejas pentecostais e neopentecostais, que tem dado novos sentidos ao que chamam de comunismo. Desde que essa parcela do evangelismo começou a crescer no país, a se articular como força política no Congresso e a ter na TV um de seus principais meios de proselitismo religioso (e também político), as escaramuças com a Globo, por um lado, e as tentativas de aproximação da rede com lideranças evangélicas, por outro, têm sido uma constante especialmente desde 2010. É fundamental lembrar que a principal concorrente da Globo é, já há algum tempo, a Record, ligada à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), do Bispo Edir Macedo.

A forma como é vista a maior rede de comunicação do país por grupos muito diferentes entre si é crucial para compreender o atual fundo do poço sem fundo

Como tudo, no Brasil atual, nada é simples. Muito menos previsível. Na tarde do sábado (25/11), a hashtag #GloboLixo viralizou nas redes. Durante uma transmissão ao vivo, em que o repórter informava sobre o estado de saúde de Michel Temer, que passava por uma angioplastia no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, um homem parou bem atrás do repórter e começou a gritar: “Globo Lixo!”. A transmissão teve de ser interrompida, e as redes sociais foram tomadas por todo o tipo de comentário com #GloboLixo.

O curioso no episódio é que a hashtag foi usada por pessoas que em todo o resto discordam de forma visceral. Embora a maioria claramente pareça pertencer ao campo conservador, havia muitos ligados ao campo progressista. A Globo era “#GloboLixo” por motivos muito diversos e até mesmo opostos, unindo campos que têm se mostrado inconciliáveis no cotidiano do país. Hoje, a Globo (assim como outros veículos de comunicação) tem sido chamada de “lixo” também por grupos que até bem pouco tempo atrás eram tratados por ela como a face nova e arejada da democracia numa “cruzada contra a corrupção” ou como os jovens rostos do liberalismo, o que não deixa de ser uma ironia.

Isso não significa que a Globo atingiu uma unanimidade negativa, mas que este momento do Brasil se torna mais e mais complexo. E a forma como é vista a maior rede de comunicação do país por diferentes grupos é crucial para tentar compreender o atual fundo do poço sem fundo.

A pecha de “comunista”, relacionada à Globo, é a mais desafiadora, porque tão delirante quanto calculada. Até o Santander, um dos maiores bancos privados do mundo, foi chamado de “comunista” durante o ataque à exposição QueerMuseu, em Porto Alegre, no qual a direção do centro cultural capitulou diante dos manifestantes. Chamar tanto o Santander quanto a Globo de “comunistas” pode ser compreendido como uma falha cognitiva desses acusadores. Mas este é um caminho fácil demais.

“Comunismo”, hoje, no Brasil, aparece associado aos costumes e aos temas morais

Uma pista importante é a ligação entre comunismo e temas morais neste momento em que grupos estridentes, mas não necessariamente representativos do pensamento da maioria dos brasileiros, como pesquisas já mostraram, têm produzido ataques contra a arte, artistas e museus, assim como episódios como a queima como “bruxa” de uma boneca com a cara da pensadora americana Judith Butler.

Comunismo, hoje, no Brasil, para alguns grupos, está muito mais associado aos costumes. A tudo que, para estes grupos, representa “aquilo que não presta”, categoria em que costumam colocar no mesmo patamar a reivindicação de um direito civil, como o casamento gay, e um crime, como a pedofilia. Neste mesmo sentido, algumas lideranças no campo da política, movidas pelo oportunismo, popularizaram a frase “querem transformar o Brasil numa Cuba”, como se essa fosse uma ideia real em circulação. Sem contar que a Cuba de Fidel Castro promoveu a perseguição e o encarceramento de gays e de lésbicas, uma face que a tornou mais parecida com aqueles que repetem essa frase sem noção.

O mais interessante desse processo é que a famosa ameaça do passado, que se tornou um tanto anedótica, a do “comunista comedor de criancinhas”, ganha uma literalidade de acepção sexual com o recente fenômeno nacional de enxergar pedófilos em quadros, performances e museus e acusar os autores das obras e os responsáveis pelas exposições como propagadores não só da pedofilia, mas também do comunismo. Nessas decodificações recentes que despontaram na sociedade brasileira, ser comunista seria, em resumo: “Corromper nossas crianças, acabar com a família brasileira, estimular a pedofilia e fazer todo mundo virar gay”.

Essas ligações não são novas, basta lembrar das marchas Da Família, com Deus e pela Liberdade, marcadamente católicas, que precederam a ditadura civil-militar, em 1964, contrapondo-se à suposta “ameaça comunista”. Mas, no Brasil atual – e na era da internet – isso aparece com nova roupagem e com novos atores e com muito mais virulência, o que torna tudo mais complicado.

Se a Globo é conservadora na linha editorial do seu jornalismo, em seus produtos culturais aborda temas caros ao campo progressista

Assim, não é apenas uma falha cognitiva ou uma deficiência educacional ou ainda uma ignorância, já que nada mais distante do comunismo do que a Globo ou o Santander. (E sem esquecer que tampouco o comunismo é um conceito teórico fechado ou acabado nem suas experiências reais foram menos do que controversas.) Mas, neste caso, trata-se também de uma nova construção de sentidos, com pouca ou nenhuma conexão com o conceito original de comunismo. Em vez de ser ridicularizada, essa apropriação deve ser escutada, estudada e compreendida. Inclusive porque cresce e porque tem influenciado o cotidiano do país.

Se a Globo historicamente é ligada a grupos políticos conservadores na linha editorial do seu jornalismo, capitaneado pelo Jornal Nacional, em seus produtos culturais, especialmente nas novelas e minisséries, a emissora traz temas importantes e caros ao campo progressista na área dos costumes e da crítica social. Basta lembrar de novelas como O Bem-Amado, de Dias Gomes, ou séries como Malu Mulher, ambas em plena ditadura.

Após a redemocratização do Brasil, temas relevantes para o debate progressista foram tratados pelas novelas, especialmente nos últimos anos. Não apenas por vocação de seus criadores, é importante sublinhar, mas também por pressão de grupos da sociedade cada vez mais articulados. Sempre muito atenta aos sinais do país, a emissora contabiliza alguns marcos, como a exibição integral no Fantástico do documentário Falcão: meninos do tráfico, feito por MV Bill e Celso Athayde, em 2006, assim como a aproximação com as periferias em programas como o Esquenta!, de Regina Casé. Mesmo no jornalismo, há programas de grande relevância, entre eles o Profissão Repórter, do excelente Caco Barcellos.

Nos últimos anos, a situação se complicou. Não apenas plataformas de streaming como a Netflix passaram a disputar o público, fazendo com que muita gente substituísse as novelas pelas séries, como também a Record, grupo ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, uma das mais poderosas evangélicas neopentecostais do país, descobriu o filão das novelas bíblicas para disputar a audiência em horário nobre.

Para ganhar o mercado é preciso capturar as almas. O cálculo é simples: por que os evangélicos assistem às novelas da Globo quando deveriam assistir às novelas da Record, uma TV que pertence a uma Igreja Evangélica? Ou por que dar dinheiro à Globo, via audiência e publicidade, se pode dar esse dinheiro para a Record e colaborar com o enriquecimento da Igreja e de seus bispos?

Pastores ligados ao fundamentalismo evangélico têm feito as novelas da Globo sangrarem aos poucos

A questão é como convencer os fiéis. Como a maioria dos brasileiros, os evangélicos também se criaram assistindo às novelas da Globo. Sem esquecer que as novelas da Globo atingiram o status de produto de exportação no final do século 20 e marca cultural do Brasil. O filão bíblico, com o marco de Os dez mandamentos, novela da Record que ameaçou a audiência da Globo no mesmo horário, ajudada pela ampla propaganda dos pastores, foi a forma encontrada. Mas isso ainda não era suficiente, porque é difícil mudar velhos hábitos.

Nos últimos anos, o conteúdo das novelas da Globo vem sendo atacado. Como as hienas, pastores ligados ao fundamentalismo evangélico foram mordendo pelos flancos, fazendo as novelas da Globo sangrarem aos poucos. Há pelo menos dois efeitos nesses ataques sistemáticos que se iniciaram anos atrás: 1) para a Igreja Universal é positivo, porque atrapalha a líder de audiência e faz com que aumentem as chances de crescimento da audiência da Record, e especialmente a de suas novelas, como a recentemente lançada com um nome sugestivo e personagens que poderiam sugerir uma trama sórdida no Vaticano: Apocalipse; 2) para outras denominações, com destaque para setores da Assembleia de Deus, é um instrumento de pressão para conseguir mais espaço para os evangélicos e seus produtos na própria Globo, especialmente as lideranças evangélicas inimigas do Bispo Edir Macedo, que não querem ver a Record mais poderosa. Nem sempre (ou mesmo raramente) o que se diz em público é o que se negocia nos bastidores. Com frequência os ataques podem ser uma demonstração de força para sentar à mesa de negociações com mais cartas altas para botar no centro.

A ofensiva culminante aconteceu semanas atrás, no lançamento da nova novela das 21h, a principal da Globo, que estreou em outubro. O outro lado do paraíso, folhetim que trata temas como violência doméstica, racismo e homofobia, vem sofrendo uma ampla campanha de difamação que a torna, em grupos evangélicos, uma “obra do demônio”. Mensagens delirantes com o título de “Globo Demoníaca” pipocaram em grupos de WhatsApp os mais diversos:

“Não deixe sua família assistir à nova novela da Globo. Rede Globo anunciou guerra contra os cristãos e estreou a novela que afronta a família brasileira. Traições, pedofilia, sexo com animais, ritual satânico, destruição da família, e muito mais na nova novela da Globo. Escrita por um gay, a novela O outro lado do paraíso, da TV Globo, está no ar de segunda à sexta. A novela gay promete atacar os cristãos. A trama da nova novela das 9 vai mostrar um caso em que um homem casado deixa sua família para ter um caso secreto entre dois homens e um gay ‘que tem relação sexual com um bode’. A novela vai trazer ainda o caso onde dois meninos de 8 começam a namorar na escola e mostrará cenas de sexo entre duas crianças, incentivando nossos filhos a fazerem o mesmo. Como se não bastasse, a novela deverá apresentar rituais de magia negra, fazendo oferenda para demônios e quem assistir vai estar automaticamente fazendo pacto com demônios e sua casa passará a ser perturbada por entidades malignas. Avise para toda sua família, não deixe seus parentes assistirem a essa novela!”.

Ou um vídeo com um pastor, supostamente da Assembleia de Deus, gritando e fazendo associações entre nomes de novelas e de programas da Globo com “Satanás” ou o “Capeta”. Termina vociferando: “Mas ainda existe uma igreja na Terra que desliga a TV na hora da novela e já está com o passaporte carimbado para a Nova Jerusalém. Deixa eu ver quem vai, deixa eu ver quem vai... Não troque os versículos da Bíblia pelos capítulos da novela!”.

É interessante perceber, neste vídeo, que a orientação é desligar na hora da novela. Assim, na hora do noticiário, pressupõem-se que a TV esteja ligada na Globo, o que é uma mensagem sutil. Em diferentes regiões do país, vereadores e deputados que se apresentam como evangélicos têm pregado contra a Globo em pronunciamentos nos espaços legislativos, assim como pastores de algumas denominações em seus cultos.

Os temas morais passaram a ser bandeiras de ataques de outros grupos não identificados como religiosos, ampliando o alcance da ofensiva moralista com fins políticos e de ocupação do poder

Também há ataques virulentos de lideranças evangélicas fundamentalistas em vídeos disseminados no YouTube e replicados em redes sociais. Nestes vídeos, as lideranças conectam-se com o discurso de milícias como o Movimento Brasil Livre (MBL), ligando pedofilia e política. Ou talvez seja mais preciso dizer que as milícias de ódio da internet é que aprenderam com tais lideranças evangélicas. Em frases supostamente em defesa das crianças, infiltram termos como “esquerdopata”, assim como o nome do PT, fazendo uma ligação com o olhar cravado nas barganhas de hoje, mas principalmente no que podem conseguir em 2018. Terminam profetizando o fim da Globo. Não o boicote apenas, mas o “apagamento”.

Se os ataques de grupos evangélicos fundamentalistas a novelas da Globo já se repetem há alguns anos, o momento hoje é muito mais delicado. Por várias razões: 1) temas morais passaram a ser bandeiras de ataques oportunistas por outros grupos não identificados como religiosos, bastante barulhentos e com poder de disseminação nas redes; 2) lideranças evangélicas igualmente estridentes e que já atuavam nesta frequência se associaram a essa campanha, ampliando uma atuação que já exercem há muito, com fins políticos e de ocupação de poder; 3) com um governo e um presidente acossados pela Lava Jato fazendo qualquer barganha para se manter no Planalto e fora da cadeia, deputados identificados com o que chamam de “bancada evangélica” têm ganhado cada vez mais força no balcão de negócios que se tornou Brasília; 4) há uma eleição complicadíssima e imprevisível em 2018.

Quando a Globo defendeu a renúncia de Temer em editorial, uma parcela dos brasileiros descobriu que a Globo pode muito, mas não pode tudo

Havia uma crença um tanto generalizada de que a Globo era tão poderosa que poderia fazer e derrubar presidentes. Não há dúvida de que sua influência é enorme. Mas, quando o jornal O Globo denunciou a conversa comprometedora entre o presidente e Joesley Batista, e todo o jornalismo da rede concentrou seu noticiário neste episódio, ficou comprovado o óbvio: há forças igualmente poderosas no país e o pensamento destes jogadores nem sempre está coeso. Há rachas no topo da pirâmide. A Globo fez um editorial defendendo a renúncia de Temer, e ele nem renunciou nem caiu. Uma parcela dos brasileiros só descobriu ali que a Globo pode muito, mas não pode tudo. E esse fato não passou despercebido em setores da sociedade muito diversos.

No início do mês, a Globo afastou rapidamente um de seus principais âncoras, William Waack, após a divulgação de um vídeo em que o jornalista fazia um comentário racista antes de entrar no ar. Meses atrás, demorou bem mais para afastar um de seus principais galãs de novelas, José Mayer, acusado de assédio sexual por uma funcionária. Mas o afastou. No campo das questões raciais, um tema cada vez mais presente no Brasil, a rede sofre ainda com o livro Não somos racistas – uma reação aos que querem nos transformar numa nação bicolor (Nova Fronteira, 2006), de Ali Kamel, diretor geral de Jornalismo e Esportes da TV Globo.

O revés mais pesado para a maior rede de comunicação do país, porém, talvez ainda esteja por vir, com a delação do empresário argentino Alejandro Burzaco, ex-diretor da empresa de eventos esportivos Torneos y Competencias. Em depoimento à Justiça dos Estados Unidos, ele afirmou que a TV Globo pagou propinas para conseguir direitos de transmissão de campeonatos de futebol. Em nota lida em seus telejornais, a emissora afirmou que “não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina”.

No sábado (25/11), o site de notícias UOL publicou que a procuradora geral da República, Raquel Dodge, encaminhou para o Ministério Público Federal no Rio a representação, com base nesta delação, feita por três partidos – PT, PDT e PSOL – de que a Globo pode ter pagado propina na compra de direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2026 e 2030, além de jogos da Libertadores e da Copa Sul-América. Depende da decisão da procuradoria do Rio abrir um processo de investigação sobre o caso – ou não.

A Globo e os principais episódios da história recente do Brasil estão entrelaçados de várias maneiras. Não há como entender o Brasil desde a ditadura civil-militar até hoje sem compreender a atuação da rede em suas múltiplas dimensões, em especial o telejornalismo, as novelas e a cobertura esportiva. Nesse momento tão complexo e sujeito à aceleração, é preciso prestar muita atenção em para onde vai aquela que ainda é a mais poderosa rede de comunicação do país, assim como prestar muita atenção em como a Globo lidará com os novos desafios, tudo isso expressado em sua grade de programação e em seu conteúdo.

Com tantos sentidos em disputa, o anúncio feito por Luciano Huck afirmando que não pretende concorrer à presidência em 2018 deve ser uma notícia que a Globo estava ansiosa para dar.

Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes - o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos, e do romance Uma Duas. Site: desacontecimentos.com Email: elianebrum.coluna@gmail.com Twitter: @brumelianebrum/ Facebook: @brumelianebrum

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