Encontrada morta Mara Castilla, jovem desaparecida após pedir um carro pelo Cabify
A estudante de 19 anos foi assassinada num motel. O motorista, único suspeito, está preso
A notícia fez o México estremecer. Mara Fernanda Castilla, a estudante que tinha desaparecido depois de pedir um carro pelo Cabify na semana passada, foi encontrada morta, confirmou nesta sexta-feira o governador de Puebla, Tony Gali. O motorista, que a deveria ter levado para casa, é o único suspeito e está preso. A Promotoria assegura que o chofer a matou num motel.
O corpo foi encontrado na manhã de sexta-feira em Santa María Xonacatepec, povoado a 15 quilômetros da capital de Puebla. As autoridades também revistaram uma casa em Fraccionamiento Malintzi, no Estado vizinho de Tlaxcala, na qual encontraram roupas e objetos da estudante universitária. “Todo o peso da lei sobre os responsáveis pelo crime de Mara Castilla, revisaremos com rigor os padrões de segurança do Cabify”, escreveu o governador no Twitter.
À indignação nas redes e nas ruas se soma a macabra forma de sua morte, detalhada pela Promotoria.
Con profundo dolor envío mi pésame a los familiares de #MaraCastilla. QDEP. El presunto responsable está detenido y pagará por este crimen. pic.twitter.com/88k05Z1ryl
— Tony Gali (@TonyGali) September 15, 2017
Depois de sair para dançar com seus amigos, Mara pediu um táxi pelo aplicativo do Cabify para voltar para casa. Eram cinco da manhã de 8 de setembro, sexta-feira. Meia hora depois o carro chegou a sua casa e ficou parado em frente à residência familiar por mais de 20 minutos, como registraram câmeras de segurança. A jovem estava então no carro, e o suposto assassino fumou um cigarro dentro do veículo, segundo a Promotoria.
O condutor, Ricardo Alexis "N" — as autoridades omitiram o sobrenome —, foi depor voluntariamente um dia depois. Segundo sua versão, ela pediu para descer alguns metros antes de chegar em casa. A partir disso, as autoridades seguiram três linhas de investigação: que o que ele disse era verdade; que ele a entregara a um terceiro no caminho entre o bar e a casa, ou que ela estivesse no interior do veículo quando as câmeras fizeram a gravação, que foi o que concluíram.
Lamentamos profundamente el fallecimiento de Mara Fernanda. Todo nuestro equipo se solidariza con su familia y los acompañamos este momento pic.twitter.com/s3CIDQXrNr
— Cabify México (@Cabify_Mexico) September 15, 2017
Ao averiguar o que Ricardo Alexis testemunhara, os promotores determinaram que Mara e ele haviam estado nos mesmos locais no dia do desaparecimento. O telefone da estudante, em poder do suposto assassino, permitiu rastrear, via GPS, os lugares. Alexis supostamente levou Mara ao motel Del Sur, que a polícia revistou na sexta-feira. Ao vasculhar o quarto, descobriu que faltavam um lençol e uma toalha. Mara foi encontrada às 13h num lençol do mesmo motel. Mara foi assassinada no motel, segundo as autoridades.
O motorista está na prisão, acusado de privação de liberdade e assassinato. Durante a angustiante semana de busca, a família não recebeu pedidos de resgate, mas recebeu uma chamada anônima em que disseram que ela estava bem, sem dar outros detalhes. A principal linha de investigação era o tráfico de pessoas, mas as autoridades afirmam que a jovem morreu no dia 8 de setembro mesmo. As autoridades não revelaram as causas da morte, mas disseram que todos os elementos indicam que o autor não teve cúmplices.
A Promotoria classificou o assassinato como “feminicídio”, e a morte pôs o dedo na ferida do machismo no México. Na mesma semana um coletivo de atrizes publicou um vídeo para denunciar a impunidade e a insegurança em que vivem as mulheres no país.
“Mara, não peça perdão por ser mulher”, escreve Vivien Vázquez, uma jovem de Puebla que responde por carta à revitimização de Mara: “Quando voltar para casa não peça perdão por ter saído com seus amigos para se divertir nem por ter ficado linda”. Vázquez não conhecia Mara Castilla, mas isso não importa. O desaparecimento e o assassinato da jovem evidenciam uma crise sistêmica.
O Cabify manifestou lamentar “profundamente” a morte de Mara Fernanda. A empresa foi duramente criticada pelas supostas falhas em seus filtros de segurança. A empresa se gaba de oferecer um serviço mais seguro que outros; seus motoristas precisam passar por exames de condução, psicométricos e de antecedentes. Em sua declaração de termos e condições, o Cabify se isenta de “qualquer obrigação, reclamação ou prejuízos surgidos” na relação entre o usuário e o “terceiro transportador”. O Governo de Puebla anunciou que vai investigar a empresa.
Horas depois da divulgação da notícia, o governador anunciou que cancelará o coquetel para comemorar o Dia da Independência, “devido à dolorosa perda de Mara”. O mandatário disse que tomou a decisão também em solidariedade às famílias de Chiapas e Oaxaca afetadas pelo terremoto do dia 7 de setembro.
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