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Mãe de menino com Asperger expulso de sala: “Ele tenta, gosta de ter amigos”

Colégio na Argentina tentou proteger o menino, mas pais de alunos fizeram greve por expulsão

Carlos E. Cué

A mãe do menino com Asperger que foi retirado de sua classe em um colégio argentino após a pressão dos outros pais, que demonstraram sua alegria em uma conversa por rede social pela decisão de afastá-lo, conta desolada que tanto o garoto como o colégio fizeram diversos esforços para que continuasse com seus amigos, mas a pressão dos pais foi mais forte. “O garoto gosta de ter amigos, ele tenta, apesar de às vezes não entender a brincadeira de seus amigos. Ele gosta, por exemplo, dos Pokémon porque todos falam disso, ele sente que está perdendo esse vínculo, que está sendo afastado”, explicou no canal de televisão TN.

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Paola, a mãe do garoto, defende a escola, um centro religioso particular chamado San Antonio de Padua localizado em Merlo, um município de classe média trabalhadora perto de Buenos Aires. Em uma reunião combinaram que o menino dividirá seu período escolar entre várias classes para não perder totalmente o contato com seus amigos. “Eu tiro o chapéu para a solução encontrada pelo colégio, estavam de mãos atadas pela pressão dos pais”, conta.

Paola coloca toda a culpa nos outros pais, que segundo ela tornaram impossível a vida dos responsáveis pela escola até que fossem obrigados a ceder. De acordo com sua versão, fizeram até mesmo uma greve para exigir que mudassem o menino de classe. Isso é, não mandaram seus filhos ao colégio em forma de protesto. “Foi em julho. Das 35 crianças só 11 foram estudar nesse dia. Eu o mandei como todos os dias. Ele me disse que poucas crianças foram, e eu pensei que era pela chuva. Fui uma ingênua. Outra mãe me contou depois o que havia acontecido. Era assim que os pais pediam para que meu filho fosse afastado”.

Ela explica que já na creche foram detectados comportamentos especiais de seu filho, e por isso procurou especialistas que lhe diagnosticaram com síndrome de Asperger. Mas insiste que para o menino é muito importante não perder o contato com seus amigos, por isso o colégio está procurando agora uma solução intermediária após a polêmica criada.

“A maioria das escolas na Argentina é inclusiva”, defende Paola. “Mas isso são questões sociais. Eu me coloquei no lugar dessas mães, mas elas não se colocaram em nosso lugar. Agora combinamos com a escola que ele pode ter a agenda flexível. Não ficará fixo em uma série, irá dividir seu tempo entre os três ou quatro níveis que existem”.

O que mais a chateia é comprovar que as outras mães não parecem arrependidas após a publicação da conversa em que mostravam sua alegria pela mudança do menino. Uma dessas mães, Cristina Peduzzi, também falou à imprensa argentina para justificar-se. Afirma que “nunca discriminaram o garoto”, e conta que desde a publicação da conversa do grupo de WhatsApp nas redes sociais, reproduzida pela tia do menino, Rosaura Gómez, recebeu mais de 5.000 mensagens com insultos.

Claudia, que no grupo dizia que a notícia da mudança de classe era “um alívio para nós”, afirma que garoto foi recebido “amavelmente” quando chegou à classe dois anos atrás, mas após vários episódios violentos os pais começaram a protestar e pediram para que ele tivesse um acompanhante. “Pedíamos que mudasse até estar um pouco melhor, pensando nele e em nossos filhos. Nesse ano agrediu outros garotos gravemente”, se defende essa mãe, que explica que as agressões consistem em objetos jogados pelo garoto nos outros. A polêmica cresce na Argentina e a escola se viu obrigada a procurar essa solução intermediária para que o menino possa estudar em várias classes de maneira flexível.

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