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Após sanções impostas por Trump, Maduro pede “julgamento histórico” a líderes da oposição

Os EUA proibiram novas compras de títulos de dívida emitidos pelo governo venezuelano e pela PDVSA

Nicolás Maduro, em uma entrevista coletiva
Nicolás Maduro, em uma entrevista coletivaEFE
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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebeu com evidente irritação as sanções impostas nesta sexta-feira, dia 25, pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para estrangular as finanças de seu regime. Por meio de um decreto, Trump proibiu o sistema financeiro norte-americano de comprar títulos da dívida do Governo da Venezuela e da petrolífera estatal PDVSA. As sanções, destinadas a criar um forte bloqueio econômico ao governo de Maduro, representam uma mudança em relação a medidas anteriores, que eram direcionadas contra representantes do regime e não contra a máquina pública.

Durante pouco mais de uma hora, o mandatário caribenho se alternou entre a angústia pelo fechamento dos mercados de capitais e o discurso voluntarista. “Começa uma etapa pós hegemonia norte-americana. A Venezuela será mais livre e independente”, afirmou, sob os aplausos de seus ministros.

A presidenta da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), Delcy Rodríguez, falou a mesma coisa pouco antes do pronunciamento, em uma reação que resume a postura de quase todo o chavismo governante. “Os Estados Unidos acham que o povo irá se entregar se asfixiarem a economia venezuelana. Não sabem que somos feitos de amor e firmeza quando se trata de defender um país”.

Essa emotiva oscilação deixou uma grande certeza. A oposição pagará pela decisão de Washington. O governante solicitou aos seus aliados do Supremo Tribunal de Justiça e da ANC que iniciem “um julgamento histórico pela traição à pátria” a todos os opositores que, em seu entendimento, levaram Trump a ampliar as medidas tomadas por Barack Obama em março de 2015.

Em pronunciamento de transmissão obrigatória por rádio e televisão, Maduro mencionou diretamente o presidente do Parlamento, o oposicionista Julio Borges, a quem criticou pelas intrigas feitas nos meses anteriores para que “fossem impostas decisões” que causam ao país caribenho “um grande prejuízo financeiro, econômico e energético”. “As medidas fazem parte de um golpe contra o esforço de recuperação da economia”, acrescentou. E vaticinou: “Os que se alegram pelas sanções estão cavando sua sepultura política”.

Declarada em desacato pelo Supremo, a administração de Borges, que assumiu a direção do Legislativo em janeiro, pediu aos órgãos multilaterais e a diversos governos que não financiem o regime chavista se os acordos não forem aprovados pelo Parlamento.

O regime quer agora transformar o presidente da Assembleia Nacional no alvo de sua represália, mas também quer estendê-las a todos os seus adversários políticos radicados no exterior. Maduro se referiu concretamente à reunião que o número dois da Casa Branca, Mike Pence, teve em Miami nessa semana com os políticos venezuelanos que vivem no exílio. “É preciso pedir à Interpol que os tragam e os julguem aqui, mesmo que sejam protegidos pelo Governo dos EUA”.

Maduro afirmou que as medidas “violam a legalidade internacional e ratificam um caminho de agressão imperial e racial”. Fez em seu discurso alusões pontuais “ao caráter racista” das autoridades norte-americanas e invocou a solidariedade dos outros países. “A supremacia racial governa esse país”.

O mandatário venezuelano afirmou que os principais afetados pela ampliação das sanções são os portadores de bônus norte-americanos. O regime afirma que 62% dos papéis emitidos estão em poder de investidores do país do norte, enquanto 12% pertencem a investidores ingleses. A ordem de Trump “queimou as mãos de todos eles”, disse. Aproveitou o comentário para pedir ao vice-presidente Tareck El Aissami que reunisse todos os “afetados pela medida” para procurar uma solução. A Venezuela, disse, está disposta a trabalhar com as empresas que ainda permanecem no país e convidou outras a trazerem seu dinheiro.

Maduro surpreendeu a audiência porque, apesar do cenário quase apocalíptico que colocou, não fez represálias concretas contra os Estados Unidos. Apesar do decreto de Trump excluir de sua alçada de proibições o comércio do petróleo venezuelano, o governante sugeriu que a Venezuela enfrenta um bloqueio financeiro total que poderá até mesmo afetar o envio de petróleo entre os dois países. Depois de colocar essa possibilidade, quis enviar uma mensagem de tranquilidade. “A Venezuela tem mercado seguro a todo o petróleo que vendemos aos Estados Unidos. Não diremos onde”.

 

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