Venezuela cancela turnê de Dudamel com orquestra juvenil pelos EUA
Maduro criticou o maestro por “se meter em política”


O maestro venezuelano Gustavo Dudamel lamentou nesta terça-feira o cancelamento de uma turnê que o levaria, junto com a Orquestra Nacional Juvenil da Venezuela, a se apresentar em quatro cidades dos Estados Unidos, uma decisão anunciada depois que o músico se distanciou do Governo de Nicolás Maduro. “Me corta o coração o cancelamento da turnê da Orquestra Nacional Juvenil da Venezuela por quatro cidades norte-americanas”, escreveu Dudamel na rede social Twitter sobre a série de concertos prevista para a segunda semana de setembro. O músico venezuelano não detalhou os motivos do cancelamento
A turnê reuniria quase 200 integrantes da orquestra juvenil do reconhecido Sistema Nacional de Orquestras.
“Meu sonho de tocar com esses maravilhosos jovens músicos não poderá se tornar realidade – desta vez”, escreveu Dudamel em uma segunda mensagem.
Me rompe el corazón la cancelación de la gira por cuatro ciudades estadounidenses de la Orquesta Nacional Juvenil de Venezuela. (1/4)
— Gustavo Dudamel (@GustavoDudamel) August 21, 2017
Mi sueño de tocar junto a estos maravillosos jóvenes músicos no se podrá hacer realidad – esta vez. (2/4)
— Gustavo Dudamel (@GustavoDudamel) August 21, 2017
Gracias a nuestros amigos en Wolftrap, Ravinia, Berkeley y el Hollywood Bowl por todo su apoyo. (3/4)
— Gustavo Dudamel (@GustavoDudamel) August 21, 2017
Seguiremos tocando y luchando por una Venezuela y un mundo mejor. (4/4) #LaMusicaUne #TocarYLuchar #ContinuaTocando #Venezuela
— Gustavo Dudamel (@GustavoDudamel) August 21, 2017
O jovem músico, que atualmente rege a Filarmônica de Los Angeles, agradeceu às equipes de Wolftrap, Ravinia, Berkeley e Hollywood Bowl, os lugares onde seriam realizados os concertos.
Dudamel continuará “tocando e lutando por uma Venezuela e um mundo melhor”, escreveu em uma última mensagem com as hashtags #LaMusicaUne #TocarYLuchar #ContinuaTocando a Venezuela.
O cancelamento dos espetáculos ocorreu dias depois de o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, mencionar Dudamel em um discurso, a quem criticou por não compreender seu Governo e insistiu que atue “com ética” quando se meter em política.
Em maio, Dudamel pediu para Maduro escutar “a voz do povo” frente à onda de protestos contra o Governo que começou em abril e deixou mais de 120 mortos.
Em artigo publicado no EL PAÍS em julho, o músico expressou sua oposição à Assembleia Constituinte promovida por Maduro.
Durante muitos anos, o maestro manteve relações cordiais com o Governo de seu país e pertenceu ao programa público de música conhecido como o Sistema, que recebeu um forte financiamento estatal.
Entretanto, no início de maio, Dudamel tornou públicas suas diferenças com o Governo depois do assassinato de Armando Cañizales, um violinista de 18 anos que fazia parte do Sistema e participava de um dos grandes protestos contra o Governo nos últimos meses.
O Sistema, um programa social estatal criado para sistematizar a instrução e a prática coletiva e individual da música para todo tipo de pessoas, é diretamente subordinado ao Ministério do Gabinete da Presidência da Venezuela.