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Visita do presidente paraguaio atenua isolamento diplomático de Temer

Os dois países prometem fortalecer a segurança na fronteira, mas não detalham atos

Os presidentes Cartes e Temer, no Palácio do Planalto.
Os presidentes Cartes e Temer, no Palácio do Planalto.Joédson Alves (EFE)

Um encontro formal, com trocas de condecorações e pouco a ser anunciado. Assim foi a visita oficial que o presidente paraguaio, Horacio Cartes, fez ao seu homólogo brasileiro, Michel Temer, nesta segunda-feira, em Brasília. Os dois mandatários se reuniram por quase três horas no Palácio do Planalto e participaram de um almoço no qual cada um concedeu a maior honraria de seu país ao outro. Temer recebeu uma condecoração que foi batizada com o nome do presidente paraguaio que declarou guerra ao Brasil entre 1864 e 1870, Marechal Francisco Solano López – a mesma honraria já foi dada aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.

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Cartes é apenas o quarto chefe de Governo recebido por Temer em visitas de Estado desde que ele assumiu a presidência, em maio do ano passado. Os representantes da Argentina, Mauricio Macri, da Espanha, Mariano Rajoy, e de Portugal, Antonio Costa, já se reuniram com o mandatário brasileiro.

Na semana passada, no entanto, duas ausências foram mais notadas do que as presenças. O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, fez um tour pela América Latina, e ignorou o Brasil. O número dois de Donald Trump teve reuniões com chefes de Estado de Panamá, Colômbia, Chile e Argentina. Já o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, esteve no México e na Argentina. Previa visitar o Brasil, mas cancelou o encontro em decorrência da crise política, conforme o embaixador israelense Yossi Shelley relatou ao jornal Folha de S. Paulo. Também a primeira ministra alemã, Angela Merkel, poupou o Brasil em uma visita a América Latina em junho passado quando visitou a Argentina e o México – onde se reuniu com os presidentes desses países.

Sem muito a dizer, Temer e Cartes se comprometeram a estimular a elaboração de quatro acordos nos próximos meses: um para a construção de uma ponte rodoviária entre os municípios de Porto Murtinho e San Lázaro, outro para integrar a área de telecomunicação na fronteira e os mais dois para cooperação jurídica nas áreas civil e penal. Disseram também que é necessário avançar na cooperação na área de segurança e defesa, mas não detalharam como o farão.

Em seu discurso, o presidente brasileiro ressaltou a retomada do “espírito original” do Mercosul (o mercado comum que une Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina e Venezuela – essa suspensa). “Num mundo marcado por tendências isolacionistas, nossa resposta é cada vez mais integração”. Cartes ressaltou que o encontro poderia significar o aumento dos negócios bilaterais – hoje na casa de 3,4 bilhões de dólares por ano. Também tratou da solução que o bloco encontrou para a crise venezuelana.

Em sua fala oficial, Temer também cometeu mais uma gafe diplomática. Ele chamou o Paraguai de Portugal. “Sabe que na nossa Constituição existe um dispositivo especial que determina que toda e qualquer política pública do país se volte para a integração latino-americana de nações. Quando fazemos isso, fazemos pelo apreço que temos na relação Brasil-Portugal, mas também fazemos por fruto de uma determinação constitucional. As pessoas aqui muitas vezes não dão atenção à institucionalidade”, afirmou.

Foi a terceira vez que o presidente brasileiro errou em discursos a estrangeiros. Em junho, durante uma visita a Noruega, ele chamou o monarca daquele país, Harald V, de rei da Suécia. E, numa reunião com empresários russos, os chamou de soviéticos.

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