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Trump ameaça a Coreia do Norte “com fogo e fúria jamais vistos no mundo”

O presidente de EUA responde às ameaças de Pyongyang com uma declaração incendiária

Amanda Mars
Donald Trump nesta terça-feira.
Donald Trump nesta terça-feira.Evan Vucci (AP)

A escalada verbal entre Estados Unidos e Coreia do Norte subiu na terça-feira. O presidente, Donald Trump, respondeu às últimas ameaças do regime de Pyongyang com uma declaração violenta e alarmante: “Será melhor que a Coreia do Norte pare de ameaçar os Estados Unidos”, disse ele a repórteres de suas férias em Bedminster, Nova Jersey, ou “vai se encontrar com uma fúria e um fogo jamais visto no mundo”. Trump é sempre excessivo, febril, na política interna e na externa, só que agora seu interlocutor é Kim Jong-un e o assunto tratado, as armas nucleares.

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A Coreia do Norte disse palavras fortes nos últimos meses. O embaixador de Pyongyang na ONU, Kim In Ryong afirmou em abril passado que a “guerra termonuclear” poderia começar “a qualquer momento”. E no final de julho, o ministro de Defesa, Pak Yong-sik, alertou para um “ataque nuclear preventivo no coração da América”.

Trump, entretanto, tinha até agora usado um tom acima do de Barack Obama contra o regime, às vezes desafiador, como quando se gabava do poder de seu exército e advertiu a Kim Jong-un que ele estava “procurando problemas”. Mas na terça-feira agarrou o lança-chamas ao sugerir a possibilidade de uma ação militar contra o regime norte-coreano. “Ele esteve fazendo muitas ameaças, mais do que o normal”, disse referindo-se ao líder norte-coreano e “se encontrará com fogo e fúria e, francamente, um poder de uma magnitude que nunca foi visto antes neste mundo”, enfatizou.

A escalada verbal ocorre como resultado das duras sanções econômicas que o Conselho de Segurança das Nações Unidas impôs contra o regime norte-coreano, com a bênção da China, graças à pressão de Washington. A penalização vai cortar em 1 bilhão de dólares as receitas por exportações do já isolado país. Um editorial do jornal estatal norte-coreano Rodong Sinmun, publicado no domingo, mas escrito antes dessa resolução da ONU, ligava o alarme ao prometer transformar os Estados Unidos “em um mar de fogo inimaginável” caso as sanções fossem aprovadas e Washington optasse pela via militar.

A troca de ameaças preocupa os aliados dos EUA. O novo Governo Trump questionou várias vezes a política de “paciência estratégica” com a Coreia que foi uma característica da era Obama, levando em conta a proliferação de testes balísticos que o hermético país empreendeu no último ano. As sanções da ONU ocorreram depois que Pyongyang anunciou em 4 de julho que tinha testado com sucesso um míssil balístico intercontinental e no dia 28 do mesmo mês lançou outro míssil que atingiu águas japonesas

Trump fez as declarações depois de se reunir com o secretário de Saúde e Serviços Humanos, Tom Price, para analisar a epidemia de heroína que mata milhares de pessoas a cada ano nos Estados Unidos. No breve momento em que os meios tiveram acesso ao encontro, realizado no marco das férias do presidente, a mensagem foi enviada. Poucos minutos antes, o The Washington Post tinha publicado que a Coreia do Norte desenvolveu uma cabeça nuclear em miniatura que pode ser colocada em seus mísseis, o que representa um salto qualitativo na corrida armamentista que preocupa cada vez mais a comunidade internacional.

O Post citou um relatório da Agência de Inteligência de Defesa, concluído em julho. “A comunidade de inteligência avalia que a Coreia do Norte produziu armas nucleares para envio através de mísseis balísticos, incluindo a categoria de mísseis intercontinentais”, diz o documento. As trocas de “fogo” entre os dois países podem ter consequências desastrosas se forem além da metáfora.

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