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Brasil, Espanha, EUA e outros países condenam eleições na Venezuela

Decisão de convocar Assembleia Constituinte foi vista por parte da comunidade internacional como ruptura da ordem democrática. Comunicado do Itamaraty pede diálogo

Explosão na Praça Altamira, zona rica de Caracas.
Explosão na Praça Altamira, zona rica de Caracas.MIGUEL GUTIERREZ (EFE)
El País

Os venezuelanos foram convocados pelo presidente Nicolás Maduro para escolher, neste domingo, os integrantes de uma Assembleia Constituinte, com regras de jogo que favorecem ao chavismo. Os 545 membros que formarão a Assembleia irão redigir uma nova Constituição para substituir a promulgada em 1999 na gestão de Hugo Chávez. Nem os partidos da oposição, agrupados na Mesa da Unidade Democrática (MUD), nem a pressão dos Estados Unidos, da União Europeia e de muitos países da região foram suficientes para impedir os planos de Maduro. Radicalmente contra a medida, a oposição voltou às ruas neste domingo para protestar e foi duramente reprimida pelas forças de segurança. Desde a noite de sábado, cerca de 15 pessoas morreram no dia mais sangrento da história eleitoral do país. Segundo líderes da oposição, a abstenção foi superior a 90%, o que contradiz declaração de Maduro que classificou o pleito deste domingo como "uma jornada de sucesso". Veja abaixo como o EL PAÍS relatou os principais acontecimentos do dia.

O governo espanhol também anunciou não vai reconhecer, na Venezuela, "uma Assembleia Constituinte que não seja resultado de um amplo consenso nacional, eleita de acordo com regras democráticas, o sufrágio universal igual livre, direto e secreto", segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores
Ainda que na última reunião do Mercosul, o tom mais ameno com Maduro tenha sido tomado por influência do Uruguai, neste domingo, tanto Argentina como o Brasil voltaram a se manifestar duramente. Em nota, o Itamaraty disse que a votação deste domingo " viola o direito ao sufrágio universal, desrespeita o princípio da soberania popular e confirma a ruptura da ordem constitucional na Venezuela". A nota termina pedindo diálogo, mas um papel relevante do Brasil na crise é considerado improvável, em especial pelos problemas de legitimidade atribuídos ao Planalto após o impeachment e pelas duras críticas já feitas ao chavismo no passado.
Manifestante ateia fogo nas roupas de um policial. Foto: Reuters
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, também se manifestou: “Esta Assembleia Constituinte tem uma origem ilegítima e por isso não reconheceremos os resultados. Na mesma linha se manifestou o Governo do Peru.
Os EUA se une aos países que não reconhecerão os resultados da eleição deste domingo: "A eleição falsa de Maduro é mais um passo para a ditadura. Nós não vamos aceitar um governo ilegítimo ", twittou sua representante na ONU, Nikki Haley
A coalizão de oposição Mesa da Unidade Democrática (MUD), diz que pelo menos 14 pessoas foram mortas em protestos neste domingo. A versão oficial, do Ministério Público, indica que foram oito mortes ]
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o presidente da Venezuela Nicolás Maduro conclama os venezuelanos a irem às urnas para participar do que chamou de “momento histórico”. Segundo ele, o pleito de hoje foi “uma jornada exitosa, de grande participação popular"
A oposição da Venezuela, reunida na Mesa da Unidade Democrática (MUD), disse que a eleição realizada hoje teve "apoio zero" e que, quando restavam poucas horas para o encerramento da votação, só 7% dos eleitores haviam votado. O porta-voz da MUD e presidente do parlamento, Julio Borges, estimou que "não mais de um milhão e meio de pessoas" votaram hoje
O líder da oposição Henrique Capriles afirmou em seu Twitter que o número de mortos hoje na Venezuela chega a 13
Na cidade de La Grita, Estado de Táchira, o oficial da Guarda Nacional Ronald Ramirez Rosales foi morto com um tiro no rosto. O Ministério Público diz que hoje sete pessoas morreram em toda a Venezuela. Trata-se do dia de votação mais sangrento na história eleitoral do país
Sete policiais venezuelanos ficaram feridos após a explosão de motocicletas da Polícia Nacional e de civis nas proximidades de um protesto em Caracas
Começa a chover em Caracas e os protestos se esvaziam nas ruas.
Morre outro homem durante os protestos na Venezuela, segundo a agência France Presse. Já foram registradas seis mortes durante a jornada eleitoral. Foto: Reuters
O opositor venezuelano Henrique Capriles sobe no Twitter fotos de centros de votação vazios.
Venezuelano que mora no Brasil protesta contra a Constituinte na Avenida Paulista, em São Paulo. Foto: Nelson Almeida/AFP
Neste domingo, o Ministério Publico confirmou o falecimento de Angelo Méndez, de 28 anos, e de Eduardo Olave, de 39, em um suposto ataque da oposição a um colégio eleitoral na província andina de Mérida.
Policiais ficaram feridos após explosão durante protesto da oposição em Caracas, segundo a agência Reuters.
A presidenta do Conselho Nacional Eleitoral destacou que 99,5% dos centros de votação paras as eleições da Assembleia Nacional Constituinte estão abertos. "As pessoas estão participando, saindo de casa para expressar sua soberania através do voto", afirmou.
O Ministério Público confirma que Ricardo Campos, de 30 anos, morreu em circunstâncias que estão sob investigação, enquanto o deputado da oposição Henry Ramos Allup informou que era secretário juvenil de seu partido, o Ação Democrática, que morreu em um disparo
A oposição venezuela começa a levantar barricadas nas avenidas da capital, Caracas, enquanto o Governo de Nicolás Maduro convoca os venezuelanos à votação da Constituinte.

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