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CRÍTICA
Género de opinião que descreve, elogia ou censura, totalmente ou em parte, uma obra cultural ou de entretenimento. Deve sempre ser escrita por um expert na matéria

‘Planeta dos Macacos’: mensagem política em meio à narrativa de guerra

Um dos grandes subtextos do filme, atrás da atitude selvagem dos humanos, é a construção de um muro

Trailer do filme
Javier Ocaña

PLANETA DOS MACACOS: A GUERRA

Direção: Matt Reeves.

Elenco: Andy Serkis, Woody Harrelson, Karin Konoval, Steve Zahn.

Gênero: guerra. EUA, 2017.

Duração: 140 minutos.

Apesar do êxito, neste ano, de Kong: A Ilha da Caveira, superprodução leve, aguerrida e efervescente, de ritmo soberbo e refrescante senso de humor autoparódico, a última década do cinema mundial ficou marcada por blockbusters sombrios com enormes – certamente demasiados – desejos de transcendência, onde a grandiloquência não só mostrava a pata, mas também acabava, em muitos casos, rachando o produto com suas garras enfiadas fora de tempo.

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O controle entre o que está sendo contado e como está sendo contado não poucas vezes é fundamental em tempos de impostura dramática e angústia juvenil, e exatamente por isso é tão admirável o que Matt Reeves conseguiu em Planeta dos Macacos: A Guerra, terceira parte do excelente renascimento da saga original dos anos sessenta e setenta, que estreou nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 3 de agosto.

Planeta dos Macacos: A Guerra é um intenso filme de guerra (não de ação, muito menos de aventura, embora tenha certos elementos de ambos os gêneros), que se impõe a partir da gravidade sem cair no pomposo. Há ênfase, e muita, mas, com exceção de alguns lampejos em que a música constante de Michael Giacchino goza de desmesurada presença, levando o espectador pela mão até uma emoção um pouco maçante, o filme de Reeves é um prodígio da técnica e uma notável narrativa de guerra.

Inovador no tom (não é John McTiernan ou George Lucas, num extremo, e muito menos Christopher Nolan, no outro), o relato seria impensável sem o espetacular avanço tecnológico da motion capture, as imagens geradas digitalmente a partir do movimento e a extraordinária expressividade de seus intérpretes. Porque aqui o experiente Andy Serkis se junta ao desempenho memorável de Steve Zahn, com um personagem que é um canhão: um maravilhoso náufrago clássico, herdeiro do Ben Gunn de A Ilha do Tesouro e do Sexta-feira de Robinson Crusoé.

E o fato de que um dos grandes subtextos do filme, escondido atrás da atitude selvagem dos seres humanos, seja a construção de um grande muro, acaba modulando um filme de fatura impecável e arriscada gama dramática, tendo em conta suas ambições comerciais, e inquestionável mensagem política.

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