Merkel desafia as políticas protecionistas de Trump antes da cúpula do G20
Chanceler alemã se reúne com líderes europeus para preparar uma frente comum pelo Acordo de Paris

A apenas uma semana da cúpula do G20 em Hamburgo, a chanceler Angela Merkel utilizou a tribuna do Bundestag nesta quinta-feira para lançar um inédito ataque velado contra a política protecionista de Donald Trump e sua decisão de abandonar o Acordo de Paris. “Aqueles que acreditam que o protecionismo e o isolacionismo são a solução para os problemas do mundo estão cometendo um grave erro”, disse a chanceler, antes de uma reunião crucial com vários mandatários europeus para preparar a cúpula. Em uma declaração de Governo lida diante do plenário do Parlamento, para delinear os objetivos que ela defenderá na cúpula que ocorre em Hamburgo, a chanceler evitou mencionar o presidente norte-americano, mas não deixou dúvidas sobre a pessoa contra a qual dirigiu suas críticas.
Em um discurso combativo, Merkel ressaltou que o principal objetivo do encontro em Hamburgo será conseguir que os chefes de Estado do G20 demonstrem e admitam sua responsabilidade em relação aos desafios representados pelas mudanças climáticas. “Queremos e devemos superar esse desafio existencial e não podemos nem devemos esperar até que a última pessoa se convença das evidências científicas sobre as mudanças climáticas. O Acordo de Paris não é negociável nem reversível”, enfatizou a chanceler. No início de junho, o presidente dos Estados Unidos decidiu retirar seu país do pacto, que considera “enfraquecedor, desvantajoso e injusto” para seu país. Sua saída do acordo, assinado por 195 países e bastante impulsionado por seu predecessor, Barack Obama, marca uma divisão histórica.
Merkel insistiu que a União Europeia deve implementar de forma “rápida” e “decidida” o que foi acordado no fim de 2015 na capital francesa. E, além disso, também assumir um papel de liderança. “Desde a decisão dos Estados Unidos de abandonar o Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, estamos mais determinados do que nunca a torná-lo realidade”, afirmou a chanceler, que advertiu que as mudanças climáticas representam “um desafio existencial para a humanidade”.
Mas Merkel admitiu que as discussões sobre o aquecimento global, centrais no encontro do G20 em 7 e 8 de julho, não serão fáceis por causa da oposição dos Estados Unidos. Junto com a China, o país é considerado essencial para levar o acordo adiante. A chanceler convocou para esta quinta-feira uma reunião preparatória para tentar formar uma frente unida para enfrentar Trump em Hamburgo.
Merkel convidou o presidente francês, Emmanuel Macron, e os primeiros-ministros Mariano Rajoy, da Espanha, Theresa May, do Reino Unido, Paolo Gentiloni, da Itália, Mark Rutte, da Holanda, e Ema Solberg, da Noruega. Também participam do encontro os presidentes do Conselho Europeu, Donald Tusk, e da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
A chanceler afirmou que a União Europeia, longe de estar enfraquecida por causa da futura saída do Reino Unido, está unida e espera que seu trabalho, ao lado do recém-chegado Macron, represente um novo impulso.