Dilma e Cristina Kirchner reivindicam legado social na América do Sul
Ex-presidentas de Brasil e Argentina criticam neoliberalismo e afinam discurso em uma conferência em São Paulo
Cristina Kirchner não conseguiu eleger seu sucessor para a Casa Rosada em novembro de 2015. Meses depois, em agosto deste ano, Dilma Rousseff perdia seu mandato em um processo de impeachment. Nesta sexta-feira, as duas se encontraram em São Paulo para a conferência A luta política na América Latina hoje, promovida pela Fundação Perseu Abramo, para discutir o futuro do continente. As duas falaram ao público reunido na Casa de Portugal para defender os legados sociais de seus governos e a necessidade de mobilização para que as conquistas enumeradas por elas — a queda da desigualdade como a principal — não se percam. Ambas também criticaram o neoliberalismo e a "grande mídia".
Em sua intervenção, a ex-presidenta argentina Cristina Kirchner se esquivou de assumir qualquer equívoco em seu governo, apesar de não ter conseguido convencer a população de seu país a eleger seu sucessor, Daniel Scioli. Falando sobre a necessidade de "reagrupar" as forças de esquerda do continente, Cristina defendeu a promoção desses "espaços de discussão, que não devem ser autoindulgentes". "É necessário interpelar a sociedade", defendeu. "Depois de ter podido demonstrar ao mundo e também de nos havermos convencido de que era possível ter um pais governado por essas políticas, vale a pena seguir trabalhando".
"Estes 15 anos de governos democráticos e populares marcaram profundamente a vida da região", defendeu a argentina. Segundo Cristina Kirchner, durante seu Governo os argentinos tinham esperança em relação ao futuro e conseguiam se planejar para viajar, por exemplo. Hoje, em suas palavras, o Governo de Maurício Macri tenta convencer a população de que não estão sentido calor enquanto as pessoas não têm energia para ligar seus aparelhos de ar-condicionado.
A ex-presidenta brasileira, que perdeu o cargo sob a acusação de ter maquiado contas — as famosas pedaladas fiscais —, criticou "a desregulamentação da atividade financeira, a intensificação da privatização, a redução da presença do Estado na economia", todas políticas atribuídas por ela aos governos que antecederam as gestões do PT no Brasil. Repetindo o que dizia quando ainda era presidenta, Dilma atribuiu a desaceleração da economia brasileira a fatores externos, como a queda no preço das commodities, e internos, como a seca e a crise política, "que começou no dia seguinte da eleição, quando eles [opositores de seu Governo] pediram recontagem dos votos".
Ao falar do Governo Temer, Dilma chamou o impeachment de golpe, criticou a PEC do teto de gastos e condenou a "reforma ultraconservadora da Previdência". A ex-presidenta disse que "toda a América Latina passa de forma similar por uma tentativa de volta do neoliberalismo e, ao mesmo tempo, por uma restrição e pelo surgimento dessas medidas de exceção". Segundo a petista, está sendo planejado no Brasil um "golpe do golpe", com uma eleição indireta em 2017 — se Michel Temer deixar o Governo a partir do próximo ano, seu sucessor será escolhido pelo Congresso Nacional. A ex-presidenta finalizou falando em "salvar o futuro do país" por meio de aumento da receita, com "tributo de fortunas", o que só passaria no Congresso, segundo ela, após uma reforma política.
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