Quem são as mulheres que Trump usa para atacar os Clinton?
Candidato republicano se cerca de mulheres que acusam os Clinton de abusos sexuais e assédio
Consciente de que o vazamento de seus comentários impudicos e sexistas de uma década atrás está prejudicando sua carreira política como nenhum outro escândalo até agora, Donald Trump tentou no domingo contra-atacar com um golpe de efeito: cercando-se de mulheres que durante anos acusaram o ex-presidente Bill Clinton de abuso sexual e responsabilizando sua mulher e hoje candidata presidencial, Hillary Clinton, de encobri-lo e assedia-las.
A estratégia foi um aumento gradual que começou com publicações no Twitter e culminou na noite de domingo com uma entrevista coletiva de Trump com as quatro mulheres. Posteriormente, assistiram ao segundo debate presidencial entre o público, sentando-se perto de Bill Clinton, que estava com sua filha Chelsea, como convidado.
“Essas quatro mulheres supercorajosas me pediram para estar aqui”, disse Trump ao apresentar as mulheres em um ato não agendado, que realizaram uma curta declaração lembrando seus casos e manifestando seu apoio ao candidato republicano.
As mulheres são Paula Jones, Juanita Broaddrick e Kathleen Willey, que acusaram Clinton de assédio sexual, apesar de nenhum dos casos ter chegado aos tribunais. O de Paula Jones é o mais conhecido, uma vez que seu processo, que as duas partes acabaram solucionando em acordo extrajudicial que implicou no pagamento de 850.000 dólares (2,7 milhões de reais), trouxe à luz o escândalo mais grave da presidência de Clinton: o da estagiária Monica Lewinsky – que notoriamente não participou da encenação de Trump – que quase custou a presidência ao democrata.
“Estou aqui para apoiar Trump porque fará a América grande novamente, é uma boa pessoa, não como Hillary”, afirmou Jones na entrevista coletiva à imprensa uma hora e meia antes do debate, e na qual Trump não respondeu às perguntas sobre a gravação divulgada na sexta-feira e que afundou sua candidatura durante todo o final de semana.
“As ações falam mais alto do que as palavras. Pode ser que Trump tenha dito algumas palavras, mas Bill Clinton me estuprou, e Hillary Clinton me ameaçou”, disse Juanita Broaddrick, que afirma que Bill Clinton a estuprou em 1978 no Arkansas.
A quarta participante da encenação de Trump, a advogada Kathy Shelton, foi estuprada quando tinha 12 anos. Clinton defendeu seu agressor como advogada e conseguiu com que as acusações fossem sensivelmente diminuídas. Segundo Shelton, isso demonstra que Clinton não dedicou sua vida, como afirma, a defender mulheres e crianças, mas ao longo dos anos a hoje candidata lembrou que não defendeu o agressor voluntariamente, e sim como um caso no qual o juiz a obrigou a assumir a função.
Broaddrick, Willey e Jones gravaram previamente uma entrevista com o Breitbart News, o conglomerado de mídia ultraconservador cujo diretor, Stephen Bannon, é diretor da campanha de Trump.
“Hillary Clinton é uma falsa feminista. Nenhuma mulher que defenda mulheres ataca as vítimas de agressão sexual, seja seu marido ou não. Por que deveria perdoar sua atitude? Ela nos chamou de tudo”, afirma no vídeo Willey, uma antiga funcionária da Casa Branca cujo caso também surgiu na esteira da denúncia de Paula Jones e que afirmou que Clinton a assediou sexualmente no Salão Oval.
Tal como ameaçou no primeiro debate, Trump trouxe à tona no segundo e penúltimo duelo com Hillary Clinton o passado “de abuso de mulheres” de seu marido, em uma tentativa de minimizar seu próprio escândalo – chamando-o de “brincadeira de vestiário” – que lhe custou a retirada do apoio de republicanos importantes e até pedidos para que abandonasse a disputa presidencial.
A campanha democrata minimizou a estratégia de Trump como um “último ataque desesperado” do republicano. Mas tendo em vista a tensão de Hillary quando seu rival mencionou o assunto, e o aplausos que recebeu nesse momento, o tiro pode não ter sido tão errado.
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