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Jornalistas são agredidos em protesto contra Temer em Brasília

Equipe do UOL foi atingida por manifestantes que discutiam com defensores da ditadura militar

Protesto em Brasília, neste 7 de setembro.
Protesto em Brasília, neste 7 de setembro.Eraldo Peres (AP)

Os repórteres Leandro Prazeres e Kleyton Amorim, do portal UOL, foram agredidos no entorno do desfile do 7 de Setembro nesta quarta-feira, em Brasília, em meio ao acirramento de ânimos entre dois grupos, um maior que se manifestava contra o Governo Michel Temer e um pequeno que defendia uma intervenção militar no Brasil. Prazeres começou a ser agredido verbalmente pelo grupo anti-Temer quando entrevistava uma mulher pró-intervenção militar. Em um dado momento, um homem atirou uma garrafa contra o rosto do repórter e o atingiu. Outro dos presentes, um adolescente de 14 anos, tentou retirar de Amorim sua câmera. 

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Prazeres ficou com um hematoma e um pequeno corte no rosto, enquanto Amorim foi ferido no braço direito. O agressor foi identificado como Francisco Assis Batista, um produtor rural de 49 anos que acabou detido em flagrante ao lado do adolescente, que é seu sobrinho. Os repórteres registraram o caso na polícia e fizeram exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal. Como se trata de lesão corporal de natureza leve, nem Batista nem o sobrinho dele ficaram detidos. Se constatada a culpa dos investigados, eles ficarão sujeitos ao pagamento de multas.

Provocação e clima de animosidade

Antes do ataque aos jornalistas, havia provocações dos dois lados. Várias pessoas chamavam os favoráveis aos militares de "golpistas" e aos gritos diziam para eles irem embora do ato. Porém, o pequeno grupo de simpatizantes da ditadura se negava a sair e os repórteres foram até eles para entrevistá-los. Os policiais militares que faziam a segurança do evento, que naquele momento protegiam os pró-militares dos demais participantes, presenciaram a agressão.

Exaltado na delegacia, o investigado Batista afirmou que se irritou ao ver o repórter entrevistar uma pessoa que defendia a volta da ditadura militar. Em sua defesa, contudo, o produtor rural disse que não foi ele quem agrediu os jornalistas e acusou um dos repórteres de ferir o seu sobrinho. “Ele [Prazeres] veio no meio da multidão e agrediu a criança aqui. Podia ser linchado”, disse. Imagens feitas por um fotógrafo do jornal Correio Braziliense mostram que o jovem agrediu o cinegrafista Amorim. Testemunhas relataram ao EL PAÍS que nenhum dos dois repórteres revidou a agressão.

O portal UOL divulgou uma nota de repúdio por causa do episódio: "Qualquer violência contra jornalistas é uma agressão contra a Constituição e contra a liberdade de expressão", diz o texto.

Agressões verbais e, em alguns casos, físicas têm sido registradas em manifestações de todos os matizes políticos na crise política brasileira e jornalistas também são alvo delas. Até a segunda-feira, a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) contabilizava oito casos de ataques a jornalistas em atos de rua desde a posse definitiva de Temer, em 31 de agosto. Segundo a entidade, a polícia é a principal agente das agressões no levantamento que fazem desde 2013. 

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