Plantações ilícitas na Colômbia cresceram 39%, segundo a ONU
Número de hectares semeados passou de 69.000 a 96.000, uma das cifras mais altas dos últimos anos


A Colômbia registra novamente um aumento no número de cultivos ilegais. Nos últimos três anos as cifras mostraram crescimento constante. Entre 2014 e 2015, de acordo com o Sistema Integrado de Monitoramento de Cultivos Ilícitos das Nações Unidas (Simci), houve um incremento de 39% em hectares semeados. A quantidade passou de 69.000 para 96.000. Um número comparável com o registrado no ano de 2007, quando chegou a 99.000 hectares. Um dos mais altos na história recente do país.
Para o ministro da Defesa, Luis Carlos Villegas, o crescimento dos cultivos de coca se deve principalmente à suspensão da fumigação aérea e fatores climáticos. Segundo Villegas, a nova política antidrogas terá como missão a diminuição e erradicação dessas plantações, por meio da criação de novos comandos contra o narcotráfico e o aumento dos grupos de erradicação manual (de 16 para 60), sobre a qual disse estarem sendo testados novos métodos. De acordo com o Ministério da Defesa, no primeiro semestre deste ano foram apreendidas mais de 160 toneladas de cocaína, destruídos 3.000 laboratórios e suprimidos 10.178 hectares, dos 16.000 previstas para antes do encerramento de 2016.
As cifras, que confirmam a Colômbia como o primeiro produtor de coca no mundo, são divulgadas alguns meses depois de o Conselho Nacional de Entorpecentes (CNE), um órgão integrado por ministros e outros funcionários do Estado, autorizar o uso do glifosato para fumigar cultivos ilícitos, mas somente por via terrestre. Um ano antes, a mesma instância havia determinado que o produto não poderia ser usado, de modo algum, mas diante do aumento do plantio teve de reverter a decisão. A fumigação caiu de 50.554 hectares em 2014 para 28.075 no ano seguinte.
O relatório afirma que cinco departamentos, dos 23 afetados pelo cultivo da coca, têm 81% da área semeada e em apenas um município desses (Tumaco, em Nariño) há pelo menos 16.000, que representam 17% do que se produz em todo o país, onde de 2013 para 2014 a cifra passou de 48.189 hectares para 64.132. “Isso indica que, apesar do forte incremento da área semeada, as comunidades afetadas devem continuar sendo as mesmas”, assinala a ONU, que também registra que três departamentos estão livres de Coca. Caldas, La Guaíra e Cundinamarca completam quatro anos sem esses cultivos.
“Ao assinar o acordo final com as FARC, os temas relacionados com narcotráfico deverão registrar progressivamente um melhor desempenho”, disse Villegas, ao referir-se a um dos compromissos que a guerrilha assumiu no âmbito dos diálogos de paz, o da erradicação de cultivos em zonas de sua influência. Em Briceño (Antioquia) um plano piloto está sendo feito para isso.