_
_
_
_

“Negar o referendo o transforma em um ditadorzinho”, diz chefe da OEA a Maduro

Luis Almagro acusa o Governo de Maduro de corrupto e de trair a democracia

Silvia Ayuso

A guerra entre Nicolás Maduro e Luis Almagro já é aberta. Um dia depois de o presidente venezuelano ter chamado o Secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) de “traidor” a serviço da CIA, na terça-feira Almagro acusou Maduro de mentir e instou-o a pôr um freio na corrupção em seu Governo, a libertar os presos políticos, a devolver à Assembleia Nacional seu “legítimo poder” e a acabar de uma vez com a “miséria, a intimidação e a angústia” do povo que governa.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusa Almagro de “traidor”.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusa Almagro de “traidor”.FEDERICO PARRA (AFP)
Mais informações
Secretário-geral da OEA: “Preocupa o processo contra Dilma, que não é acusada de nada”
Parlamento aprova anistia a presos políticos da Venezuela
Venezuela pede para falar à OEA
Maduro ordena mobilização militar frente à escalada da crise na Venezuela
Maduro decreta estado de exceção na Venezuela contra um suposto “golpe”

Além disso, Almagro advertiu seriamente Maduro contra brincar com a ideia de um golpe de Estado e de se atrever a impedir o referendo revogatório promovido pela oposição, sob pena de se tornar um “ditadorzinho”.

“Não sou traidor. Não sou traidor de ideias, nem de princípios, e isso significa que não sou traidor do meu povo, que se sente representado pelos princípios da liberdade, honestidade, decência, probidade pública (sim, dos que entram e saem pobres do exercício do poder), democracia e direitos humanos” respondeu Almagro numa “mensagem ao presidente da Venezuela”.

“Mas você o é, presidente, você trai o seu povo e sua suposta ideologia com suas diatribes sem conteúdo, você é traidor da ética da política com suas mentiras e você trai o princípio mais sagrado da política, que é submeter-se ao exame do seu povo”, afirma.

A “mensagem” de Almagro a Maduro tem 380 palavras, uma mais dura do que a outra, e deixa claro que o secretário-geral da OEA não acredita mais que a diplomacia e os bons ofícios possam ajudar a resolver a crise no país sul-americano. É, também, uma lista de ofensas que, na opinião dele, o Governo de Maduro perpetrou contra o povo venezuelano nos últimos anos e que considera necessário emendar o presidente se ele quer permanecer no poder com legitimidade.

“Você deve devolver a riqueza daqueles que governaram contigo o seu país”, pede a Maduro. Da mesma forma, exorta-o a “devolver (a) justiça ao seu povo em toda a dimensão da palavra”. Algo que significa, esclarece se não ficou claro, “encontrar os verdadeiros assassinos dos 43 e não os que estão presos por suas ideias, mesmo que não sejam as suas nem as minhas”. E implica também em “devolver os prisioneiros políticos às suas famílias”.

Não param por aí as tarefas pendentes de Caracas, ressalta. “Você deve devolver à Assembleia Nacional o seu legítimo poder, porque ele emana do povo, você deve devolver ao povo a decisão sobre o seu futuro”, disse Almagro. E isso inclui o “imperativo de decência pública de fazer o referendo revogatório neste ano de 2016”.

“Negar a consulta ao povo, negar a possibilidade de decidir, o transforma num ditadorzinho mais, como muitos que teve o continente”, adverte.

A mensagem de Almagro, que ele mesmo se encarregou de enfatizar em uma dezena de tuítes, é uma resposta contundente à longa diatribe de Maduro contra a OEA, contra seu secretário-geral e contra países como a Espanha ou os Estados Unidos, que responsabilizou por estar por trás de uma “conspiração internacional” para derrubá-lo.

O tom de Caracas em relação a Almagro vem endurecendo praticamente desde que o uruguaio assumiu a chefia da OEA, faz agora um ano, em vista de seus pedidos para visitar a Venezuela, negados assim como seus pedidos que Maduro aceitasse que a OEA fosse observadora das eleições. A crispação atingiu um novo clímax nas últimas semanas, depois que Almagro aceitou analisar, a pedido de um grupo de deputados da oposição, se tem justificação aplicar a Carta Democrática Interamericana à Venezuela, possibilidade que Caracas questiona. Desde então, intensificaram-se as acusações venezuelanas contra Almagro, que culminaram com a diatribe de terça-feira do próprio Maduro, que alegou ter roupa suja do ex-chanceler uruguaia.

“Sua mentira, embora repetida mil vezes, nunca será verdade”, respondeu Almagro, que adiantou estar preparando um relatório sobre a situação da Venezuela e a possibilidade de aplicar a Carta Democrática ao país.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_