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Meirelles, o novo homem forte da economia do Brasil

Ministro da Fazenda do presidente interino Michel Temer é elogiado pelo mercado financeiro

Carla Jiménez
Brazil's Finance Minister Henrique Meirelles attends a news conference in Brasilia, Brazil, May 13, 2016.  REUTERS/Paulo Whitaker
Brazil's Finance Minister Henrique Meirelles attends a news conference in Brasilia, Brazil, May 13, 2016. REUTERS/Paulo Whitaker PAULO WHITAKER (REUTERS)

Henrique Meirelles, (Anápolis, Goiás, 1945), o novo ministro da Fazenda do Brasil, foi o primeiro nome definido pelo presidente interino, Michel Temer, para sua equipe. Isso quando o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff já havia passado pela Câmara dos Deputados, em 17 de abril. Faltava o Senado. Mas Temer e Meirelles sabiam que não havia tempo a perder. Já se encontravam à época para falar sobre quais planos deveriam executar.

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É curioso saber que Meirelles, formado em Engenharia, quase foi vice-presidente de Dilma Rousseff em 2011. Esse era o desejo do ex-presidente Lula, de quem foi presidente do Banco Central em seus dois Governos (2003-2006 e 2006-2010). Mas Dilma o recusou, preferiu Guido Mantega, apontado como o responsável por uma política econômica de subvenções exageradas, que Meirelles precisa desarmar.

Em seu segundo Governo, Dilma considerou seu nome duas vezes, quando viu que a economia estava mal. Demorou em tomar a decisão e agora coube a Temer resgatá-lo. Meirelles trabalhava no Grupo JBS desde 2012, e dirigia o Banco Original do mesmo grupo.

O novo ministro da Fazenda é um homem um pouco insosso, que tropeça em palavras chatas como solvências e reformas microeconômicas. De fato, como são quase todos os que ocupam o cargo de comandante da economia de um país. O que Meirelles tem de diferente de seus pares é que o mundo econômico lhe joga flores sempre que pode. Confiam em suas palavras, e isso vale ouro quando se trata de dinheiro. Escolhe bem o que dizer porque não gosta de criar expectativas falsas. “Esse Governo recém-começa hoje”, respondeu aos ávidos jornalistas que queriam saber quais eram os seus diagnósticos para a situação da economia.

Sua compreensão sobre como funciona a cabeça – e como toma decisões – do mercado financeiro foi moldada em sua passagem pelo antigo BankBoston, onde trabalhou por trinta anos. Foi seu primeiro emprego no setor privado, chegando a ser presidente internacional do grupo. Seu perfil na Wikipédia conta que era um membro popular da corte do ex-presidente Bill Clinton. O topo para qualquer profissional.

O que Meirelles tem de diferente de seus pares é que o mundo econômico lhe joga flores sempre que pode

Ao completar 58 anos, entretanto, Meirelles se viu sem aspirações. Já havia cumprido todas as etapas de um profissional bem-sucedido, e passou então a nutrir ambições de trabalhar em outros cenários. Como gosta da política, decidiu investir no antigo sonho de tornar-se político. Concorreu à vaga de deputado federal por seu Estado em 2002, e foi eleito. Mas seu destino cruzou com o do ex-presidente Lula, que no mesmo ano foi eleito presidente. E o convidou a ser seu presidente do Banco Central. Aceitou, e a dupla foi bem-sucedida. Meirelles ajudou a colocar ordem na casa quando Lula tinha a missão de convencer o mercado financeiro que não faria loucuras na economia. Lula era um presidente popular, mas sem a confiança dos investidores. Meirelles foi seu aval ao mundo do capital. Conseguiu controlar a inflação, que em 2003 era de 12,53%. Ao sair, era de 5,9%.

Com Temer, volta como aval em um momento de incerteza do país. Mas o novo presidente não é popular, e a política de austeridade que Meirelles deverá implementar também não é bem-vinda para os brasileiros. Cortes de gastos e mudança do tempo de aposentadoria. Outros tempos, e outro Meirelles, agora com 70 anos. “Tenho pressa”, avisou em entrevista na sexta-feira. “E por isso vou rápido”, avisou, pedindo calma para não dar passos em falso.

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