_
_
_
_
_

EUA avaliam 14 novos casos de possível transmissão sexual do zika

Até o momento, só um caso havia sido confirmado nos EUA desde o surgimento do foco na região

Imagem de arquivo que mostra mosquitos Aedes aegypti.Arquivo
Imagem de arquivo que mostra mosquitos Aedes aegypti.ArquivoEFE
Mais informações
“O importante é averiguar quando estamos mais vulneráveis ao zika”
Microcefalia e zika vírus: correlação marcada por números incertos

O Centro de Controle de Enfermidades (CDC) dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira que está pesquisando 14 novos casos de possível transmissão do zika vírus por via sexual. Até agora, só se havia registrado um caso, em Dallas (Texas), de transmissão sexual do vírus, que se suspeita estar na origem do crescimento alarmante de casos de microcefalia e de síndrome Guillain-Barré em vários países da América Latina. Se esses novos casos se confirmam, isso poderia indicar que a transmissão sexual do vírus é mais frequente do que se acreditava até agora.

Segundo o CDC, entre os casos suspeitos de transmissão por via sexual há várias mulheres grávidas. Não foi revelado em quais locais dos Estados Unidos esses casos apareceram.

Somente em dois desses 14 novos possíveis casos de suposta transmissão sexual foi confirmada a presença do zika vírus, em mulheres cujo único fator de risco de infecção era o contato sexual com um parceiro enfermo que havia viajado recentemente para uma região onde o vírus está se propagando. Mas ainda não são conhecidos os resultados das análises realizadas nos homens que, presumivelmente, teria transmitido o vírus, afirmou o CDC.

Em outros quatro casos suspeitos, os testes preliminares de laboratório sugerem a presença do vírus nas mulheres, mas ainda faltam alguns exames para que se confirmem ou não esses resultados iniciais. Os outros oito casos registrados ainda estão sendo investigados, acrescentou o CDC.

Até agora, a literatura científica só tinha documentado três casos, sendo dois deles antigos e o terceiro o do Texas, no começo deste mês. O primeiro é de um norte-americano que em 2008 se mostrou ter sido infectado pelo vírus no Senegal mas que só sentiu seus sintomas ao retornar aos Estados Unidos. Sua mulher, que não havia viajado com ele e com quem havia mantido relações sexuais assim que voltou de viagem, também registrou os sintomas, razão pela qual os cientistas consideraram possível que fosse um caso de transmissão sexual, embora não se tenha chegado a investigar a presença do vírus no esperma do paciente. Por outro lado, vestígios do zika foram encontrados, sim, no esperma de um outro paciente que havia transmitido a doença duas semanas antes da realização dos testes, em um caso registrado em 2013 no Tahiti.

Segundo o CDC informou nesta terça-feira, desde então também houve o registro de um outro caso de detecção do vírus do zika no esperma de um homem. Esse caso data de 2014 e foi descoberto por um hospital da Inglaterra em um homem de 68 anos que havia apresentado sintomas do zika uma semana depois de ter retornado das ilhas Cook.

Embora os novos casos suspeitos de possível transmissão sexual ainda necessitem de confirmação, trata-se de uma tendência preocupante, já que “sugerem que a transmissão sexual poderia ser uma forma de transmissão do vírus do zika mais provável do que se acreditava até o momento”, assinala o CDC.

A vice-diretora do CDC, Anne Schuchat, admitiu, em entrevista ao The New York Times, que o alto índice de casos “surpreendeu” a instituição. “Se muitos deles forem confirmados, isso será muito mais do que esperávamos”, afirmou. Até 17 de fevereiro, o CDC havia confirmado 82 casos do vírus do zika nos Estados Unidos, todos eles importados.

Da mesma forma que as autoridades internacionais, o CDC continua considerando que a picada do mosquito infectado ainda é a forma mais frequente de transmissão do vírus. No entanto, depois do caso de transmissão sexual de Dallas, o CDC emitiu novas recomendações para mulheres grávidas cujos parceiros tenham viajado para áreas onde têm sido registrados casos do zika. Diante das várias interrogações ainda em aberto, como a permanência do vírus no esperma e a dúvida se um homem que não apresente os sintomas pode infectar sua parceira ou não, o CDC recomenda, desde fevereiro, que os casais sob risco ou se abstenham de manter relações sexuais durante a gravidez ou utilizem preservativo.

Até agora, não há evidências que indiquem que as mulheres possam transmitir o vírus a seus parceiros sexuais, segundo o CDC.

Na semana passada, ao retornar de sua visita ao México, o papa Francisco abriu a porta para a possibilidade de que a igreja católica admita o uso de anticoncepcionais para evitar o contágio do zika vírus, do qual foram registrados focos em pelo menos 26 países do continente americano.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_