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Três ingredientes que não deveríamos colocar no café

Intenso, saboroso e… saudável? Tudo depende de você e do quão flexível você seja aos acréscimos

Os brasileiros adoram café e isso não é nenhum segredo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 8 em cada 10 brasileiros consomem a bebida, sendo que a média nacional de consumo é de 3 a 4 xícaras por dia, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC). Este hábito, longe de ser prejudicial, se enquadra nos limites recomendados (2 ou 3 xícaras no máximo, segundo o The New England Journal of Medicine), e pode ser benéfico para a saúde.

A mesma publicação científica vincula a ingestão prudente de café a uma redução de 10% no risco de morte por doenças cardíacas, respiratórias, derrames e diabetes e infecções. Há exceções, é claro, como no caso dos hipertensos. Em geral, ainda que as orientações clínicas não sejam contundentes a respeito, recomenda-se moderar o consumo de café nas pessoas muito tensas. Apesar de alguns estudos não terem revelado que o consumo moderado aumente a tensão em longo prazo, realmente parece que altas concentrações podem elevá-la, assim como provocar um aumento momentâneo depois de sua ingestão. Por isso os médicos aconselham uma redução do consumo nestes casos.

“A presença de cafeína e antioxidantes pode melhorar o funcionamento cognitivo, o sentido da sensibilidade, assim como o processo de digestão”, afirma Alícia Aguilar, professora de Estudos da Ciência da Saúde e diretora do Mestrado em Nutrição e Saúde da UOC, que acrescenta que “até pode ser eficaz contra alguns problemas coronários, diabetes mellitus, Mal de Parkinson e Alzheimer e alguns tipos de câncer”. Os dados ainda não são conclusivos, pois se baseiam na observação e os estudos controlados apenas começaram.

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Muito bem, realmente há efeitos positivos atribuídos ao consumo de café puro, sem ter sido adulterado por outros alimentos como leite e açúcar. Mas não é a mesma coisa tomar uma xícara de café puro do que fazê-lo com um pouquinho de leite e duas colheres de açúcar, e repetir esse gesto três, seis ou dez vezes ao dia. Nesse sentido, Aguilar afirma que “o ideal não tem de ser necessariamente tomá-lo puro, mas tudo depende do tipo de alimentação que temos no restante do dia”.

Açúcar: pouco pode ser muito

O critério a seguir em relação ao que se adiciona ao café tem de ser a moderação. Então, se você é dos que tenta encobrir o amargor do café com um saquinho de açúcar, lembre-se de que, ao fazê-lo, “você está aumentando o valor energético que o café sozinho não tem”, adverte Aguilar, que afirma que “ao acrescentar apenas açúcares simples, os benefícios mencionados e associados ao café ficarão subordinados à quantidade de açúcar que consumamos no restante do dia”.

Com esta premissa, e para não excedermos os 25 gramas diários de açúcar (5% da energia total necessária por dia) que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda atualmente, a especialista aconselha ter em mente que “os açúcares simples fazem parte de muitos dos alimentos que consumimos habitualmente, especialmente os processados, e portanto é fácil reduzir essa quantidade, ainda que só se tome uma colher por dia”. Conclusão: aprenda a saboreá-lo sem açúcar. “Tanto o mascavo quanto o refinado ou o mel são nutricionalmente equiparáveis”, afirma Aguilar.

Leite integral: quanto mais branco, mais gorduroso

De novo, para desfrutar dos benefícios do café, a prudência deve imperar. Neste caso, se você tem o costume de batizar o café com um pinguinho de leite, é melhor que não passe disso. O líquido branco não traz problemas de saúde, “mas é preciso considerar a quantidade de lácteos que vamos consumir ao longo de um dia e quantos cafés com leite e macchiato tomaremos”, acrescenta a especialista. O café, fonte benéfica de polifenóis que agem como antioxidantes, adquire, ao acrescentar-se leite integral, outro significado nutricional, pois entram em jogo as gorduras saturadas, para as quais realmente existe uma recomendação de consumo diária (10% da energia da dieta, segundo a OMS).

Os nutricionistas não desaconselham o leite integral em pessoas sadias, mas suas versões desnatada e semidesnatada têm menos calorias “e são aptas para pessoas com obesidade, patologias cardiovasculares e fatores de risco associados”, como relembra o nutricionista Giuseppe Russolillo, presidente da Fundação Espanhola de Dietistas-Nutricionistas (FEDN).

Aguilar concorda e aconselha o semidesnatado para pingar no café, “exceto para pessoas com intolerância a lactose, que deveriam preferir bebidas vegetais”.

Álcool: passaporte para a doença

A combinação mais hard core do café, o carajillo (mistura de café com brandy ou outra bebida destilada, como rum ou aguardente), popular em países como a Espanha, tem uma certa dificuldades para ser aceita no clube das bebidas saudáveis. “É preciso pensar que as bebidas alcoólicas dão energia (7 kcal/g), mas sem qualquer outro nutriente adicional que nos beneficie”, adverte Aguilar. A OMS arremata com as seguintes considerações sobre seu consumo:“A ingestão de álcool é fator causal de mais de 200 doenças e transtornos. Está associada ao risco do desenvolvimento de problemas de saúde tais como transtornos mentais e comportamentais, incluindo o alcoolismo, doenças importantes não transmissíveis tais como a cirrose hepática, alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares, assim como traumatismos causados pela violência e os acidentes de trânsito”. Não parece o mais indicado para um plácido café da manhã...

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