“Chego ao fim de 2015 preocupado com a economia”, diz Levy em carta
Ministro demissionário disse que seria injustiça culpá-lo por recessão brasileira
Antes de se demitir do cargo de ministro da Fazenda, Joaquim Levy divulgou uma carta, publicada pelo site de notícias do Governo Agência Brasil, em que se diz preocupado com a economia brasileira. “Chego ao fim de 2015 preocupado com a situação do país, particularmente com a da economia. Atento, sobretudo, após o rebaixamento por mais uma agência de risco, o que nos tira da lista de países com grau de investimento. Mas mantenho uma grande confiança na capacidade de recuperação de nossa economia e do potencial de seu crescimento”.
Levy, que perdeu uma batalha após a outra dentro do Governo, disse que fez tudo o que foi planejado desde o início de janeiro, quando ele assumiu a função. O culpado da crise, segundo o ex-ministro não seria o ajuste fiscal proposto pelo Governo Dilma Rousseff e aprovado, em partes no Congresso Nacional.
“Seria uma injustiça comigo, com minha equipe e com a presidenta Dilma Rousseff achar que o país enfrenta uma recessão pelo fato de termos proposto e, em alguma medida, já implementado um ajuste fiscal. Um ajuste pelo qual ela tem se empenhado. Boa parte da queda do PIB decorre de processos políticos, que tiveram importante impacto na economia, criando incerteza e multiplicidade de cenários que levaram à retração da atividade de empresas e indivíduos”.
A última derrota de Levy foi não conseguir manter um superávit de 0,7% do produto interno bruto (PIB) para 2016. No Orçamento aprovado no Legislativo, a meta foi de 0,5%. Sobre esse assunto, ele também reclamou na sua carta. “Em alguma medida, a falta de maior sinalização de disposição mais imediata de esforço fiscal por parte do Estado brasileiro também piorou as expectativas dos agentes econômicos, inibindo decisões de investimento e consumo, com reflexos negativos no nível da atividade econômica e na geração de empregos, que poderão se estender por 2016”.
Levy ressaltou ainda que dificilmente o Governo conseguirá atingir o superávit primário no próximo ano, já que as duas medidas provisórias que renderiam mais recursos à União – uma que trata do imposto de renda progressivo sobre ganhos de capital e outra que tributa juros sobre capital próprio – não foram aprovadas pelos deputados e senadores.
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