A eleição argentina explicada para os não argentinos
Pela primeira vez em mais de uma década o sobrenome Kirchner não participa do pleito
![Mauricio Macri e Daniel Scioli na sexta-feira, em Buenos Aires.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/55CALC5KJMXOCMCYS4LRUMFQA4.jpg?auth=f310e01b1bd190ec68a1685e295352f7d633a8de134c9d211ca31cef1ee81c97&width=414)
As eleições presidenciais deste domingo na Argentina, para as quais foram convocados em caráter obrigatório 32 milhões de argentinos, tiveram um primeiro fator essencial muito evidente: pela primeira vez em mais de uma década o sobrenome Kirchner não esteve nas cédulas. Na presidência desde 2003 com Néstor e em seguida com sua esposa e sucessora, Cristina Kirchner, os dois formaram o governo mais longo da história argentina.
Junto com o primeiro turno da eleição presidencial, os eleitores renovaram com seus votos 130 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados, 24 das 72 do Senado e 43 do Parlamento do Mercosul. A seguir, informações básicas sobre a votação:
Candidatos
Concorriam seis candidatos saídos das PASO (primárias abertas simultâneas e obrigatórias), realizadas em 9 de agosto. Essa eleição primária serve para reduzir um universo maior de candidatos, reflexo de um sistema partidário crescentemente fragmentado. Dos seis candidatos que superaram as primárias, três concentraram 92% dos votos válidos.
O debate eleitoral girou em torno da “continuidade com mudanças” do situacionista Daniel Scioli (que teve 36,6% dos votos), em teoria herdeiro do kirchnerismo, e a mudança clara de Mauricio Macri (com pouco mais de 34,5% dos votos), principal candidato da oposição, mas que também promete manter as nacionalizações e benefícios sociais do kirchnerismo. O terceiro grupo mais votado foi a Frente Renovadora, do peronista dissidente Sergio Massa, ex-chefe de Gabinete de Cristina Kirchner, cujos 21,1% de votos serão decisivos para o segundo turno.
Os fatos do kirchnerismo
Apesar de o nome Kirchner não disputar as eleições, a sombra da família ainda é vasta. Scioli é o candidato da situação. Durante a era iniciada por Néstor, o Governo conseguiu melhorar muitos números macroeconômicos, como o PIB (produto interno bruto – a soma do que o país produz), os níveis de pobreza e o desemprego. Outros indicadores do bem-estar do país, como a qualidade da educação e o índice de desigualdade, mostram leve piora. Veja nestes gráficos (em espanhol) os principais indicadores dos 12 anos de kirchnerismo. Há fortes dúvidas, no entanto, sobre a forma de obtenção dos dados sobre inflação e pobreza, as quais, segundo fontes independentes, são manipuladas pelo Governo há vários anos.
Os temas de campanha
Apesar de a campanha argentina estar marcada pela sucessão do kirchnerismo, a pobreza, que ainda atinge 25% da população, a inflação, a criminalidade e a corrupção dominaram o debate eleitoral do primeiro turno. Scioli se apresentou como o sucessor do kirchnerismo. De fato ele é, mas ele buscou dar uma marca pessoal à campanha, salientando o fato de há oito anos governar a Província de Buenos Aires, a mais importante do país, com mais de 16 milhões de habitantes.
Já Mauricio Macri, prefeito da Cidade de Buenos Aires no mesmo período, se define como uma ruptura com o passado e argumenta que todos os seus rivais representam a continuidade. Enfatizava que todo voto que não fosse para ele acabaria sendo de Scioli, por lhe permitir a vitória no primeiro turno. Para Macri, uma eventual presidência de Scioli seria a continuidade do Governo Cristina Kirchner.
Assim, Macri buscou convencer os eleitores da oposição – havia outros aspirantes, como a progressista Margarida Stolbizer, o esquerdista Nicolás do Cano e o peronista Adolfo Rodríguez Saa – de que ele representaria o “voto útil”, e que a atomização da oposição poderia abrir as portas para uma vitória de Scioli. Sua estratégia foi recompensada com a ida a um inédito segundo turno.
Sistema eleitoral
O país pratica um sistema de eleição presidencial em dois turnos, semelhante ao brasileiro, mas com peculiaridades. Bastam 45% dos votos válidos (em vez de 50%) para vencer no primeiro turno. Mas o candidato mais votado também evita o segundo turno se obtiver entre 40 e 45%, porém com mais de 10 pontos percentuais de diferença sobre o segundo colocado.
O segundo turno
Desde que o sistema foi introduzido nas eleições presidenciais, esta é a primeira vez que a Argentina terá segundo turno. A votação será em 22 de novembro.
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