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Eduardo Cunha: “Renúncia não faz parte do meu vocabulário”

Presidente da Câmara afirma que continuará a frente do cargo, apesar da denúncia do Ministério Público Federal

Cunha em evento nesta sexta-feira.
Cunha em evento nesta sexta-feira.Miguel Schincariol (AFP)

Um dia depois de ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), continuou com a sua agenda normal e afirmou que não deixará o cargo. “Não há a menor possibilidade de eu não continuar a frente da Câmara durante o mandato para o qual fui eleito”, disse ele, sem se mostrar muito abalado. “Não há renúncia. [A palavra] não faz parte do meu vocabulário e não fará”, complementou.

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As afirmações foram feitas na manhã desta sexta-feira, em um evento na sede da Força Sindical, sindicato ligado a Paulinho da Força, deputado do Solidariedade que faz oposição ao Governo Dilma Rousseff (PT). Cunha, que foi bastante aplaudido pelos presentes, afirmou que as acusações estão em uma “peça com nome de denúncia”. “Meus advogados estão tratando da forma como têm que tratar”. Ele usou ainda o caso do presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), denunciado há dois anos por acusação de receber propina de uma construtora, para dizer que os processos são “muito longos”. “O presidente do Senado sofreu uma denúncia e ninguém diz que ele não tem condições de ficar no cargo. E ele tem, é claro que tem”, ressaltou.

Cunha foi denunciado nesta quinta-feira pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que afirmou que ele recebeu propina no valor de pelo menos 5 milhões de dólares para viabilizar a construção de dois navios-sondas da Petrobras, no período entre junho de 2006 e outubro de 2012. Junto com ele, foi denunciada por corrupção passiva a ex-deputada Solange Almeida, aliada do presidente da Câmara e atual prefeita de Rio Bonito, no Rio de Janeiro. Além da condenação criminal, o procurador-geral pede a "restituição do produto e proveito dos crimes", no valor de 40 milhões, e a reparação dos danos causados à Petrobras e à Administração Pública, no mesmo valor, de 40 milhões de dólares, o que soma uma multa de 80 milhões de dólares.

Cunha já havia acusado Janot de “perseguição”. Em entrevista ao EL PAÍS, em março, disse que ele “selecionou a quem investigar”, por comando do Governo, o que o procurador negou. Desde o começo do ano, o presidente da Câmara tem imposto uma série de derrotas a Rousseff. Por isso, é acusado pelos governistas de usar o cargo para vingar e chantagear o Governo, o que ele nega. Nesta sexta, ele também afirmou que não vai fazer retaliação ao Governo. “Não vou mudar a minha forma de atuação.”

Além de Cunha, foi denunciado nesta quinta-feira o ex-presidente da República e hoje senador Fernando Collor de Mello (PTB). Os detalhes da denúncia não foram divulgados. Em nota, o senador acusou o procurador-geral de fazer um "festim midiático". Collor escreveu em seu Facebook que "como um teatro, o PGR encarregou-se de selecionar a ordem dos atos para a plateia, sem nenhuma vista pela principal vítima dessa trama, que não teve direito de falar nos autos".

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