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Autoridade aérea acusa Lufthansa de ocultar enfermidade de copiloto

Companhia afirma que em nenhum momento ocultou dados relevantes sobre Lubitz

Andreas Lubitz, em uma foto de 2009.
Andreas Lubitz, em uma foto de 2009.Michael Mueller (AP)

Duas semanas depois da tragédia aérea que custou a vida de 150 pessoas que voavam no Airbus A320 da Germanwings com destino a Düsseldorf, os diversos implicados continuam dando versões contraditórias das causas que permitiram o acidente. O Escritório Federal de Tráfego Aéreo acusa a Lufthansa — empresa matriz da Germanwings — de não haver informado os problemas mentais do copiloto Andreas Lubitz, que supostamente teria derrubado o avião de propósito. A companhia aérea nega essa versão e afirma que em nenhum momento ocultou dados relevantes à autoridade aérea alemã, a LBA.

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A primeira pedra foi lançada no domingo pelo jornal Welt am Sonntag, que publicou a informação que a Lufthansa teria faltado à sua obrigação de informar da “depressão grave” que o próprio Lubitz comunicou à companhia em 2009. O caso é ainda mais grave porque em abril de 2013 entrou em vigor uma normativa europeia que determina explicitamente a obrigação de informar às autoridades sobre as doenças graves — como uma depressão — que sofram os pilotos ou copilotos. Desde então os médicos da Lufthansa examinaram duas vezes o copiloto que, conforme informou na passada semana a Promotoria de Düsseldorf, tinha sido tratado anos atrás de “tendências suicidas”.

A LBA confirma o que foi publicado pelo jornal e assegura que não teve “nenhuma informação sobre a situação médica de Lubitz” até 27 de março de 2015, ou seja, três dias depois da catástrofe aérea acontecida nos Alpes franceses. As autoridades aéreas acusam os médicos que trabalham para a companhia de não terem feito chegar a ela a “grave depressão” de que padecia o copiloto. “A Lufthansa cumpre com suas obrigações de informação em relação à LBA”, respondeu um porta-voz da companhia.

A própria Lufthansa admitiu na semana passada que Lubitz a tinha informado em 2009 sobre um “episódio prévio de depressão grave”. Depois de um período de descanso gozado durante o tempo em que frequentava a escola que a empresa tem na cidade alemã de Bremen, Lubitz incluiu essa informação como parte da documentação remetida para prosseguir seu processo de formação. Depois de receber a confirmação médica de que era apto para voar, Lubitz se submeteu às provas anuais previstas. E foi aprovado em todas. Mas desde 2009 não houve uma vistoria psiquiátrica que examinasse suas capacidades, apenas exames gerais. Finalmente, foi contratado pela Germanwings em setembro de 2013 para trabalhar como copiloto.

A Lufthansa explica que não pode dar mais dados para não prejudicar a investigação realizada pela Promotoria de Düsseldorf, organismo ao que diz ter enviado todos os dados relevantes.

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