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Libertados dois soldados sequestrados pelas FARC na Colômbia

César Rivera e Jonathan Díaz foram capturados pelos guerrilheiros em 9 de novembro

Um helicóptero das forças armadas colombianas em 21 de novembro.
Um helicóptero das forças armadas colombianas em 21 de novembro.LUIS ROBAYO (AFP)

Já estão livres os primeiros dois dos cinco colombianos sequestrados que as FARC se comprometeram a libertar para poder retomar as conversações de paz, suspensas há dez dias. Essa libertação faz parte do acordo a que chegaram o Governo e as FARC na quarta-feira passada para superar a crise, mas ainda falta a volta à liberdade do general Rubén Darío Alzate e de seus dois companheiros de cativeiro. Alzate, de 55 anos, é o militar de mais alta patente que os guerrilheiros já tiveram em seu poder. Sua captura está cercada de todo tipo de questionamentos, porque ele estava em trajes civis e desarmado em região de selva em que há guerrilheiros.

Por ora, os libertados são os soldados profissionais Paulo César Rivera (24 anos), há apenas seis meses no Exército, e Jonathan Andrés Díaz (22 anos), alistado há três anos. Os dois foram sequestrados dia 9 de novembro no estado de Arauca, que faz fronteira com a Venezuela, pela frente 10 das FARC. O sequestro ocorreu após combates em que um soldado morreu e outros dois ficaram feridos.

Ambos foram entregues nesta terça-feira, em área rural de Arauca, a uma comissão formada por membros do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e dos governos de Cuba e da Noruega, países fiadores do processo de paz. Foram logo em seguida transportados de helicóptero para um batalhão na mesma região e entregues a membros do Exército, que os levaram a Bogotá, para o reencontro com suas famílias. As FARC emitiram comunicado em que informam ter cumprido a primeira parte do acordo e que os soldados estão “sãos e salvos”, o que a Cruz Vermelha confirma.

A libertação dos dois soldados se dá em meio à tensão que cerca a libertação do general Alzate, em razão das denúncias das FARC sobre “a ruidosa operação iniciada pelo Exército” no rio Atrato, a região do estado de Chocó onde o militar foi sequestrado. Os guerrilheiros acusam o Exército de querer resgatar o general. “Além de bombardeios, desembarques e voos de inteligência técnica, houve embates terrestres com guerrilheiros”, disseram nesta terça-feira. Desde domingo pedem que seja reduzida a intensidade das operações militares e chegaram a sugerir a desocupação de vilarejos para que os helicópteros da Cruz Vermelha possam aterrissar e facilitar a operação humanitária.

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O Ministério da Defesa nega que esteja tentando o resgate e afirma que a operação militar é apenas “de controle territorial”, para proteger a população. O vice-ministro da Defesa, Jorge Enrique Bedoya, disse que as FARC ainda não informaram as coordenadas do lugar em que serão libertados o general Alzate, o cabo Jorge Rodríguez e a advogada Gloria Urrego. Bedoya afirmou que tão logo tenha em mãos essa informação serão suspensas as operações, como aconteceu com o caso dos soldados libertados hoje em Arauca. “Não é verdade que as Forças Armadas estejam impondo obstáculos à libertação”, disse na segunda-feira, acrescentando que suspender as operações não significa desocupar uma área geográfica, como propuseram as FARC.

O Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), na Colômbia, informou em relatório na sexta-feira que a mobilidade das comunidades que vivem na região, em sua grande maioria indígenas e afrodescencentes, está limitada por medo da presença em massa de soldados, o que restringe o abastecimento com alimentos e o acesso a serviços de saúde. Segundo a OCHA, há 500 famílias afetadas. A região amanheceu nesta terça-feira sob ameaça de um ataque armado do Exército de Libertação Nacional (ELN), outro grupo guerrilheiro que opera na Colômbia.

O líder máximo das FARC, Timoleón Jiménez, o Timochenko, também fez críticas a Santos pela suspensão das negociações, decisão tomada pelo presidente durante uma reunião com a cúpula militar. Em carta divulgada na segunda-feira, acusou-o de violar uma das regras deste processo de paz, que é dialogar em meio à guerra. “Impor como condição para retomar um processo suspenso arbitrariamente que a contraparte entregue rapidamente seus prisioneiros de guerra equivale a um sequestro do processo de paz pelo presidente”, afirmou. Também disse que com a interrupção Santos destruiu a confiança. “As coisas não poderão recomeçar sem mais nem menos, muitas considerações terão que ser feitas”, segundo sua carta, assinada nas “montanhas da Colômbia”.

Por enquanto, Santos não contestou Timochenko, as famílias dos soldados libertados comemoram sua volta, o país segue à espera que as FARC libertem o general Alzate, e o processo de paz continua suspenso.

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