Presidente da Colômbia suspende diálogo com as FARC
Negociação foi suspensa após a guerrilha capturar um general e outras duas pessoas
Poucas horas depois do sequestro do general Rubén Darío Alzate e de duas pessoas que o acompanhavam – um cabo e uma advogada da corte marcial –, em uma região de selva do departamento de Chocó, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, suspendeu de maneira unilateral as negociações de paz que o Governo vem mantendo há quase dois anos com a guerrilha das FARC em Havana, em Cuba. Santos também exigiu a libertação imediata dos reféns: “Esta negociação está suspensa até que a situação seja esclarecida e essas pessoas sejam libertadas”.
O mandatário colombiano, que se reuniu com a cúpula militar na noite de domingo na sede do Ministério da Defesa, anunciou ainda que delegados do Governo não irão para Havana nesta segunda-feira, como planejado.
O general foi sequestrado em um vilarejo conhecido como Las Mercedes. O ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, disse que todos os indícios apontam à guerrilha como responsável. “De acordo com as informações de inteligência recolhidas, as operações vinham sendo adiantadas em uma região próxima. O relato de quem esteve nos locais das ocorrências e que conseguiu evitar ser também capturado é de que os sequestradores são membros da Frente 34 das FARC, uma das facções que comete crimes naquela área”.
Alzate desapareceu durante uma inspeção das obras de um projeto energético que o Exército colombiano está executando naquela região do país. Segundo os jornais locais, que tiveram acesso a um relatório militar, o general se deslocava em um bote pelo rio Atrato e decidiu parar em Las Mercedes, local de alta presença de guerrilheiros a apenas 20 minutos de Quibdó, a capital do departamento, apesar de ter sido advertido a não fazê-lo.
“Quando já estavam dentro da comunidade, os militares e a advogada foram surpreendidos por guerrilheiros da Frente 34 das FARC, que saíram das casas e imediatamente tomaram o general como refém, apesar de ele estar vestido à paisana”, diz o El Espectador em sua edição digital, citando fontes militares.
A pessoa que aparentemente trouxe a notícia do sequestro seria o soldado que conduzia o bote usado pelo general Alzate e sua comitiva. “Ministério da Defesa e Comandante-Geral: quero que me expliquem por que o general Alzate rompeu todos os protocolos de segurança e estava à paisana em uma zona vermelha”, escreveu Santos nas redes sociais, cobrando explicações da cúpula militar.
O sequestro ocorre dois dias depois de as FARC admitirem que têm em seu poder dois soldados que caíram em suas mãos durante confrontos ocorridos em 9 de novembro. A guerrilha, que considera esses soldados como “prisioneiros de guerra”, defende que não violou a ordem dada por sua cúpula em janeiro de 2012 de não voltar a realizar sequestros com fins extorsivos.
A Força-Tarefa Titán, comandada por Alzate, foi criada no início deste ano e conta com cerca de 2.500 soldados, que têm como missão combater duas frentes das FARC (34 e 57) e a frente de guerra ocidental do ELN, que tem forte presença em Chocó.
A suspensão provisória do diálogo se dá apenas dois dias antes de se completar dois anos do início do processo de paz com a guerrilha, no qual uma das regras da negociação foi a de que, apesar do diálogo em Havana, não haveria uma trégua formal na Colômbia.
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