Sozinho, Dia Mundial sem Carro pode ficar estacionado em São Paulo
No dia da mobilização, congestionamento fica na média diária. Especialistas apontam pedágio urbano, investimento no metrô e ampliação das faixas de ônibus como possíveis soluções
O Dia Mundial sem Carro, comemorado nesta segunda-feira, foi mais um dia típico para o paulistano. O pico de congestionamento na parte da manhã, registrado às 8h30 pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) foi de 98 quilômetros de lentidão. A média para o horário é entre 79 e 115 quilômetros congestionados. Ou seja, nada mais habitual para uma segunda-feira.
O paulistano gasta, em média, 2h46 no trânsito, ou 26 dias por ano parado nos congestionamentos da cidade. Faixas e corredores de ônibus e ciclovias são medidas que, comprovadamente, têm sido bem vistas pela população da cidade. Mas, sozinhas, não resolverão o problema da mobilidade. “Dizer que você é a favor da ciclofaixa é o mesmo que dizer que é a favor das baleias. Ninguém é contra”, diz o engenheiro e mestre em transporte pela USP, Sergio Ejzenberg.
Para Ejzenberg, a solução para o transporte na cidade é a ampliação da malha do metrô. “Essa é a única solução”, diz. Segundo ele, uma pesquisa do ano passado apontou que o custo para o Governo de cada passageiro de ônibus era de 4,13 reais. Já para os usuários do trem, o custo caía para 2,65 reais e, do metrô, 1,95 reais por passageiro. “O metrô é mais barato e não polui. O sistema de ônibus em São Paulo andou para trás”, diz. “Trocando o ônibus por metrô, seria possível economizar 19 bilhões de reais ao ano”.
Já o arquiteto e urbanista, Flamínio Fichmann, especialista em trânsito, discorda. “Acho uma bobagem falar que o metrô é a única solução”, diz. “Se fosse, por que cidades como Londres e Nova York teriam congestionamento?”. Uma solução que, segundo Fichmann, seria a mais adequada, é algo que ele chama de “cobrança pelo uso do sistema viário”, ou pedágio urbano. O sistema funcionaria com leitores automáticos espalhados pelas vias que mais sofrem com o congestionamento na cidade. Os veículos que passassem por elas seriam registrados e pagariam uma taxa. Em contrapartida, seria suspensa a cobrança do IPVA. “Quem não precisa muito do carro, poderá deixa-lo em casa e procurar outras alternativas”, explica Fichmann.
Segundo o especialista, com menos trânsito, os ônibus andariam mais rápido, o que faria com que o número de viagens aumentasse, absorvendo a demanda que teria aumentado. Essa medida, porém, não demonstra ser tão popular quanto as faixas de ônibus ou ciclovias. Segundo uma pesquisa Ibope encomendada pela Rede Nossa São Paulo, 74% dos paulistanos são contra a cobrança de uma taxa para circular no centro expandido da cidade (área localizada ao redor do centro histórico de São Paulo com cerca de 150 quilômetros quadrados).
Independentemente da proposta, não existe uma fórmula que sozinha, resolva a questão da mobilidade em São Paulo. “Depende de um conjunto de medidas”, diz o consultor de planejamento de transporte, Bernardo Alvim. “Tanto a ampliação das linhas do metrô, quanto as faixas de ônibus fazem parte da equação”. Se não houver um bom planejamento para os próximos anos, o Dia Mundial sem Carro - para o qual a candidata do PSB Marina Silva chegou de táxi às comemorações com ciclistas em Brasília, por não saber andar de bicicleta - corre o risco de ficar estacionado.
Essa equação é um problema enfrentado por todas as grandes cidades do mundo. Mas algumas delas encontraram maneiras de tentar solucionar esse problema. Madri, por exemplo, proibirá, a partir de 1 de janeiro do ano que vem, a circulação de carros em toda a região central da cidade – uma área de cerca de 190 hectares, ou 190 campos de futebol -, informa Bruno García Gallo. Essa estratégia faz parte de um plano de mobilidade que pretende banir, progressivamente até 2020, o uso de veículos privados no coração da cidade, com medidas chamadas de “discriminação positiva” a favor do transporte público, bicicletas e pedestres.
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