Após 45 dias, a Justiça de São Paulo liberta os manifestantes anti-Copa
Fabio Hideki e Rafael Lusvargh foram detidos durante um ato em São Paulo Eles eram acusados pela polícia de portarem material explosivo, o que foi negado por um laudo
A Justiça de São Paulo mandou soltar os dois manifestantes de São Paulo, presos desde o último 23 de junho em um ato contra a Copa por, segundo a polícia, portarem material explosivo durante um ato em São Paulo. Laudos do Instituto de Criminalística e do Grupo Especial Antibomba da polícia Militar, divulgados no início desta semana, haviam confirmado que o material encontrado nas mochilas de Fabio Hideki Harano e Rafael Marques Lusvargh não era explosivo.
A decisão do juiz Marcelo Matias Pereira, proferida na tarde desta quinta-feira, afirma que a acusação contra eles foi fragilizada, “na medida em que ficou demonstrado que os acusados não portavam qualquer artefato explosivo ou incendiário”. Ele afirmou ainda que, caso sejam condenados, as penas serão de, no máximo quatro anos, podendo ser cumpridas em regime diferente do fechado. Por isso, e como ambos são primários e com bons antecedentes, a prisão cautelar não é mais necessária. O mesmo juiz, em decisão que negou a liberdade dos dois no último dia 1o, havia declarado que as imagens indicavam que os dois possuíam liderança e comando sob a “massa de alienados” que participava das manifestações e que depoimentos apontavam que eles portavam explosivos, indícios “suficientes de autoria” dos crimes que, segundo a polícia, eles teriam praticado.
Os jovens são acusados de cinco delitos: posse de arma de fogo de uso restrito (coquetel molotov), incitação ao crime, associação criminosa, resistência e desobediência. Há 45 dias, eles estão detidos na penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo, que concentra os criminosos “famosos” –aqueles que praticaram crimes de grande repercussão no Estado.
Depois da prisão, Hideki, um funcionário público da Universidade de São Paulo, que tem um dos sindicatos mais atuantes da cidade, tornou-se uma espécie de símbolo dos movimentos sociais. Manifestações foram realizadas pedindo a liberdade dos dois presos e frequentemente acabaram em confronto com a polícia e em mais detenções de manifestantes, liberados em seguida.
Os movimentos sociais acusavam o Estado de realizar prisões políticas para diminuir a adesão às manifestações, que tomaram as ruas desde junho de 2013. Em muitas, a Polícia Militar agiu com violência contra os manifestantes e grupos praticantes da tática Block Bloc depredaram agências bancárias e lojas. A família e os amigos de Hideki asseguravam que eles não tinham relação com esses atos. “Eu queria que a Justiça entendesse que o Fábio não é um Black Bloc, não é um líder dos Black Bloc, não é líder de nada, só é um idealista”, disse a biomédica Helena Harano, de 54 anos, mãe dele, ao EL PAÍS.
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