Um time de Guarulhos desafia o campeão mundial
Os jovens da favela Anita Garibaldi querem jogar uma partida de futebol contra o vencedor da Copa
Domingo é a final da Copa do Mundo e muitas pessoas estão ansiosas para saber o resultado. Mas um time da periferia de Guarulhos, na Grande São Paulo, com certeza está ainda mais ansioso. “Estou louco para que chegue domingo e a gente descubra quem é o campeão”, conta Fabio Bertoldo, de 24 anos.
Ele é um dos jogadores a desafiar o campeão do mundo para um duelo de futebol. O time Anita Garibaldi, da periferia de Guarulhos, propôs um desafio aos seus próprios jogadores e aos vencedores da Copa do Mundo. Eles querem enfrentar o time campeão no campo da favela, para trazer visibilidade para a comunidade em que moram e para todas as pessoas que vivem em situações semelhantes.
A campanha tem o apoio da ONG TETO, que criou o slogan “Trabalhando juntos não há desafios impossíveis”. Com a Copa do Mundo, os problemas sociais ficaram de fora da mídia.
Segundo a ONG, o Mundial afeta diretamente os vizinhos da periferia, porque, como diz Reinaldo, um dos moradores da região, “tira a atenção das autoridades públicas em relação aos problemas internos, os nossos problemas”. A ideia é tornar a realidade das favelas o centro das atenções, aproveitando que o mundo está com os olhos voltados para o Brasil.
A divulgação acontece por meio das redes sociais, de um vídeo no YouTube e de um site, que conta com quase 19.000 pessoas apoiando. O diretor da TETO do Cone Sul e Brasil, Agustín Algorta, acredita que, diante dos desafios que enfrentam diariamente para superar a situação em que se encontram, “jogar contra o campeão mundial é só uma prova da força que a organização pode alcançar, não importa o que se proponha a fazer”.
Eles enfrentam dificuldade até para treinar. Sem equipamento, jogando na terra, os jovens continuam se esforçando e defendendo o time, seja no campeonato feito localmente com outras equipes, seja para desafiar o campeão mundial. Fabio, de 24 anos, conta que, depois do desafio, eles passaram a correr atrás de equipamento com os amigos e tudo o que precisassem para treinar, com a intenção de ser páreo para o vencedor.
Elvis Vieira conta que, com o desafio, os treinos são mais constantes do que antes. “Por questão de trabalho e deslocamento do time, só treinávamos aos sábados e domingos”, explica. “A comunidade sempre nos apoiou, e agora mais ainda”, conta.
A aposta de Fabio é na Argentina como campeã. “Queria muito jogar contra eles, é um time que admiro muito”. “O desafio é legal para trazer visibilidade para a nossa comunidade. Quando perguntaram se queríamos participar, aceitamos na hora”, diz Fabio. Ele sabe que é uma grande responsabilidade que carregam, mas não vê a hora de tudo dar certo e os jogadores de fora virem até o campo deles. “Nosso campo é de terra, mas o time se esforça muito”.
Já Elvis quer jogar contra a Alemanha: “Foi a seleção que jogou melhor na Copa e ainda ajudou o Brasil. Eles fizeram o próprio centro de treinamento”, explica.
O time, um dos que existem nas mais de 6.300 favelas do Brasil, nasceu em 2003, quando foi fundado para ajudar a comunidade através do esporte. Hoje, a favela Anita Garibaldi conta com uma academia de futebol com 150 crianças que aprendem valores como respeito e trabalho em equipe nos campos. Um dos requisitos para participar da academia é tirar boas notas na escola. Elvis explica que os pais acompanham os filhos aos treinos e jogos, de forma a participar mais ativamente do projeto.
A favela, próxima ao aeroporto internacional de Guarulhos, começou a ser construida há 13 anos quando os moradores se organizaram e ocuparam o terreno. Hoje vivem lá cerca de 4.000 famílias.
Tudo nesse lugar é construído pela comunidade e as ruas possuem nome de revolucionários latino-americanos.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.