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Cinco candidatos disputam a presidência da Colômbia

Juan Manuel Santos, Enrique Peñalosa, Óscar Iván Zuluaga, Martha Lucía Ramírez e Clara Rojas se enfrentarão nas urnas em 25 de maio Pesquisas coincidem em que haverá segundo turno

Enrique Peñalosa, candidato presidencial pela Aliança Verde.
Enrique Peñalosa, candidato presidencial pela Aliança Verde.Felipe Caicedo (AFP)

Se as eleições presidenciais fossem hoje, muito seguramente os colombianos teriam que definir quem será seu próximo mandatário em um segundo turno na que se dá por certo que estará o atual mandatário e candidato pela Unidade Nacional, Juan Manuel Santos. Assim preveem as últimas pesquisas sobre intenção de voto: Santos levaria a dianteira no primeiro turno mas não conseguiria a vitória, já que não teria mais de 50% dos votos nas eleições de 25 de maio.

Mas o que não está ainda claro é quem disputaria o segundo turno com Santos. Duas pesquisas realizadas pelas assinaturas Datexco (16 de março) e pelo Centro Nacional de Consultoria (25 de março) coincidem em que no primeiro turno ficaria em segundo lugar Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá (1998-2001) e no terceiro, o ex-ministro Óscar Iván Zuluaga que é o candidato da oposição uribista. No entanto, uma realizada por Gallup, põe Zuluaga no segundo posto, seguido de Peñalosa. E uma quarta, realizada por Ipsos, dá empate entre três candidatos para brigar no segundo turno contra Santos.

Apesar de levar a dianteira (não mais de 30%), o mandatário colombiano não tem garantia de que será eleito em segundo turno apesar de ter o respaldo dos partidos que hoje, politicamente, são a maioria no Congresso: o liberalismo, La U e Cambio Radical. Custou caro ao atual presidente reverter as tendências nas pesquisas que o mostram com pouco respaldo, ao que se soma o ceticismo diante do processo de paz com a guerrilha das FARC, epicentro de sua campanha. Daí que o mandatário faça questão de que o deixem “terminar a tarefa”.

A oposição do ex-presidente Álvaro Uribe, que formou seu próprio partido chamado Centro Democrático, foi a mais aguda na contramão das negociações de paz em Havana, mas seu candidato, o ex-ministro de Fazenda, Óscar Iván Zuluaga, não pôde capitalizar o descontentamento dos colombianos com Santos. Uma boa razão é porque Zuluaga não consolidou sua própria imagem e na opinião pública não o vê com a marca de Uribe, que sim puxa votação como ficou demonstrado nas eleições parlamentares de 9 de março, nas quais elegeu 19 senadores e 12 representantes à Câmara.

Por isso foi surpreendente nas pesquisas que o sucesso do ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa (59 anos), que no passado se lançou sem sorte à presidência e perdeu a prefeitura da capital do país para o recém destituído Gustavo Petro. Peñalosa, um economista que originariamente militou no liberalismo, ex-representante na Cámara, ex-conselheiro e acadêmico, é lembrado pelos colombianos por seus trabalhos como prefeito, cargo ao que foi eleito endossado por um movimento cidadão, embora agora faça parte da recém criada Aliança Verde.

Esta Aliança (antes Partido Verde) alcançou em 2010 o segundo turno das presidenciais com a candidatura de Antanas Mockus, algo que se conheceu como a Onda Verde mas que perdeu ante a máquina do partido La U, que endossava Juan Manuel Santos. Peñalosa, não obstante, ainda que a sua passagem pela prefeitura lhe valesse ser reconhecido como um especialista  em temas urbanos a nível mundial, ao que se tinha dedicado nos últimos anos, voltou com força depois de alcançar na consulta interna de seu partido, mais de 2 milhões de votos. Isto demonstra que tem grande acolhimento em Bogotá (voto de opinião), mas não nas regiões e em especial nas zonas rurais onde é uma personagem distante.

A Aliança Verde é um movimento de centro, que fez acordos políticos com um setor de esquerdas conhecido como Progressistas, que foi o que elegeu o destituído prefeito de Bogotá. Peñalosa declarou que caso seja eleito presidente manterá as conversas de paz com as FARC que adianta desde novembro de 2012 o governo Santos em Havana e inclusive, deixará intacta a equipe negociadora.

Nestas eleições também é importante destacar o retorno de um candidato do partido conservador através da ex-ministra de Comércio Exterior e Defesa, Marta Lucía Ramírez, que nas três eleições passadas cedeu suas pretensões para apoiar Uribe e depois Santos. O último presidente conservador foi Andrés Pastrana Arango (1998-2002) e sua eleição também esteve marcada pela promessa de um fechamento negociado ao prolongado conflito armado colombiano. Hoje esse partido está dividido pela figura de Ramírez, que foi ministra de Uribe. Um setor de seu partido impugnou sua eleição ante a autoridade eleitoral e busca respaldar Santos em sua reeleição.

Outro partido que volta a apresentar candidatos à presidência é o Polo Democrático com a fórmula de duas fundadoras da extinta Unión Patriótica, UP, como são Clara López Obregón e Aida Avella. Embora sem muitas opções eleitorais, estas duas políticas tentaram unir e reviver a uma esquerda que foi atingida pelos escândalos que terminaram com as destituições dos dois últimos prefeitos de Bogotá, Samuel Moreno por corrupção e de Petro por sua tentativa frustrada de desprivatizar o sistema de limpeza da capital colombiana.

No leque eleitoral também há que contar o voto em branco que até há pouco tempo vinha pontuando nas pesquisas. Mas começou a diminuir, sem que isto signifique que as campanhas acordem, por agora, um entusiasmo significativo. Ainda faltam dois meses para que o eleitorado colombiano se decante para decidir entre o continuísmo de Santos e seus quatro contendores.

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