Coreia do Sul volta a impor medidas de distanciamento social ante novo surto de coronavírus
Trata-se do pior aumento de contágios desde o início de abril, originado num centro de logística nos arredores de Seul
Quando parecia que a situação estava sob controle, a Coreia do Sul precisa voltar atrás. O país asiático, um dos mais bem-sucedidos na hora de conter a pandemia do coronavírus, retomou uma série de medidas de distanciamento social na área metropolitana de Seul, ante um surto iniciado num centro de logística nos arredores da capital. As autoridades informaram nesta quinta-feira sobre 79 contágios, a cifra mais alta desde o início de abril e o terceiro dia de aumento consecutivo ―o que desperta o temor de uma segunda onda de infecções.
Dos 79 novos casos detectados, 54 são associados com um surto que afeta sobretudo trabalhadores de um centro de distribuição da empresa de comércio eletrônico coreana Coupang, na cidade de Bucheon, ao sudoeste de Seul. É o maior aumento de infecções desde 5 de abril, quando foram anunciados 81 novos casos.
Devido ao aumento, o Governo sul-coreano decidiu nesta quinta reinstaurar algumas medidas de distanciamento social na área metropolitana de Seul, onde moram 25 milhões de pessoas, metade da população do país. Assim, três semanas após o fim das restrições, em 6 de maio, as autoridades decretaram novo fechamento de museus, parques e galerias de arte, a partir desta sexta e durante ao menos duas semanas.
As autoridades também pediram que as empresas voltem a recomendar o teletrabalho e que os cidadãos evitem socializar e frequentar lugares como bares e restaurantes, que no momento continuam abertos. Também solicitaram aos templos religiosos que intensifiquem as precauções. O primeiro grande surto do país surgiu em fevereiro justamente após um foco de contágios numa igreja de Daegu, a quarta maior cidade da Coreia do Sul.
“As duas próximas semanas são cruciais para prevenir a expansão da doença”, afirmou nesta quinta-feira o ministro da Saúde, Park Neung-hoo. A reabertura dos colégios, iniciada em 20 de maio e acompanhada de outras medidas de prevenção, como o controle de temperatura na entrada e a maior distância entre as mesas dos alunos, será mantida por enquanto. “Se falharmos [na contenção do surto], precisaremos impor mais medidas”, advertiu o ministro, especificando que isto será feito se forem registrados aumentos diários de mais de 50 casos durante pelo menos sete dias consecutivos.
De forma preventiva, cerca de 4.100 trabalhadores e visitantes do centro de logística afetado ―fechado desde a segunda-feira― estão em isolamento, e mais de 80% já realizaram teste de detecção, de modo que mais contágios são esperados. Outro centro da mesma empresa em Goyang, nos arredores de Seul, também fechou após a identificação de um caso positivo entre os funcionários. Como outras firmas de comércio eletrônico, a Coupang tem dificuldades para enfrentar o aumento de pedidos por causa das medidas de isolamento decretadas pela pandemia.
O novo surto na Coreia do Sul, que nunca chegou a impor um confinamento total aos cidadãos, parece vinculado a outro surgido em meados do mês em várias casas noturnas do bairro de Itaewon, em Seul, segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC). Após a detecção do primeiro caso (um jovem de 29 anos), as autoridades sanitárias confirmaram pelo menos outros 86 nos dias posteriores, utilizando um dispositivo para localizar milhares de pessoas que visitaram os estabelecimentos nessas datas.
Desde o início da crise, a Coreia do Sul registrou um total de 11.344 casos e 269 mortes. O país foi muito aplaudido por frear a epidemia mediante um agressivo sistema de detecção, isolamento e monitoramento de possíveis contágios, o que evitou a paralisação total de suas atividades. Mas os novos surtos fizeram surgir o espectro de uma segunda onda de contágios de covid-19. A Coreia do Sul chegou a ser o segundo do mundo em número de casos e começou a relaxar as medidas no início de maio, quando começou a detectar apenas alguns contágios importados, mas nenhum local. O aumento de infecções desta semana voltou a colocar o país em “dificuldades”, segundo a agência de notícias Yonhap.
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